Library

A biblioteca

O quarto de Celeste estava mergulhado em um silêncio confortável, iluminado apenas pela luz pálida da lua que se infiltrava pelas cortinas. Noctis surgiu das sombras, sua presença tranquila preenchendo o espaço como um manto protetor.

— Perdão pela demora, mestre — disse ele, a voz baixa e controlada.

Celeste apenas assentiu, sem esconder o cansaço em seus olhos. Ela se virou, permitindo que Noctis a ajudasse a remover as camadas pesadas do vestido marsala que vestira durante o dia. Ele trabalhou com eficiência, como sempre, substituindo a vestimenta elaborada por uma camisola simples e leve, de seda creme, que refletia uma beleza discreta.

— Está pronto. Alguma outra instrução? — perguntou Noctis, recuando um passo, seus olhos atentos captando cada detalhe do ambiente.

Celeste se aproximou do candelabro sobre a cômoda e retirou uma das velas.

— Vamos à biblioteca. Preciso consultar algo... — disse ela, quase num sussurro, enquanto acendia a vela.

Os corredores da mansão estavam quietos, o único som era o estalar suave da chama da vela e os passos leves de Celeste. Noctis a seguia como uma sombra, sua presença quase imperceptível. Ao chegarem à biblioteca, Celeste empurrou as portas pesadas de madeira, revelando um vasto espaço repleto de estantes que iam do chão ao teto.

Celeste caminhou diretamente para uma seção onde livros sobre poções e ervas medicinais eram organizados. Suas mãos percorreram os títulos até que encontrou um volume que parecia adequado: "Os Segredos Perdidos da Alquimia Moderna". Com o livro em mãos, ela caminhou até uma mesa próxima, pronta para começar sua leitura.

No entanto, enquanto ajeitava a vela no suporte, um brilho fraco chamou sua atenção. Vinha do canto direito, atrás de uma das estantes mais altas. Celeste estreitou os olhos, intrigada, e olhou para Noctis.

— Você viu isso? — perguntou ela, em tom baixo.

Noctis balançou a cabeça.

— Não, mestre. Mas eu posso investigar, se desejar.

— Não... Eu mesma vou — respondeu Celeste, movida por uma curiosidade que não podia ignorar.

Ela avançou em direção à estante, a luz da vela tremulando enquanto o brilho misterioso ficava mais evidente. Ao contornar a estante, ela parou ao ver a figura de seu irmão mais velho, Cedric, sentado em uma poltrona discreta, com um pequeno lampião ao lado. Ele segurava um livro aberto em uma mão, enquanto a outra sustentava um cálice de vinho.

— Cedric? — a voz de Celeste soou surpresa, mas firme.

Ele ergueu os olhos do livro, um leve sorriso curvando seus lábios.

— Ora, Celeste... Não esperava te ver aqui a esta hora — respondeu ele, com seu tom sereno, mas carregado de uma curiosidade afiada.

Celeste ergueu uma sobrancelha, cruzando os braços.

— Você também não deveria estar aqui. Achei que estivesse com o pai, ou no mínimo, descansando.

Cedric fechou o livro lentamente, colocando-o de lado. Ele a encarou, os olhos vermelhos brilhando à luz do lampião.

— Às vezes, os problemas do ducado exigem um tempo de reflexão... E a biblioteca é o lugar ideal para isso. — Ele fez uma pausa, inclinando levemente a cabeça. — Mas e você, querida irmã? Não deveria estar dormindo?

Celeste suspirou, o cansaço ainda evidente em sua postura.

— A insônia tem sido uma companhia constante ultimamente. Pensei em estudar algo útil...

Cedric se levantou, caminhando até ela. Sua altura e presença a fizeram lembrar do peso de seu papel como duque.

— Algo útil, ou algo necessário? — Ele olhou para o livro em suas mãos, reconhecendo o título imediatamente. — Medicina mágica. Está se preparando para a competição de caça, não é?

Celeste apertou os lábios.

— Estou apenas me atualizando... — respondeu evasivamente.

Cedric soltou uma risada baixa, mas não hostil.

— Sabe que todos vão estar de olho em você, não sabe? Nossa família já carrega expectativas o suficiente, e agora você decide participar de algo tão público...

Celeste o encarou, os olhos brilhando com uma certa astúcia, sabia como Cedric era devido as memórias da verdadeira Celeste.

— Talvez seja exatamente por isso que eu deva participar.

Por um momento, o silêncio se instalou entre os dois. Então Cedric deu um passo atrás, a expressão séria suavizando ligeiramente.

— Só não esqueça quem você é, Celeste. Você pode ser mais do que pensa, mas também menos do que imagina. — Ele passou por ela, parando brevemente ao lado de Noctis, que observava tudo em silêncio. — Cuide dela.

E, com isso, Cedric saiu, deixando Celeste sozinha com seus pensamentos e Noctis.

— O que foi isso? — murmurou Noctis.

— Apenas Cedric sendo Cedric... As memórias de Celeste são bem eficazes nessas situações...— respondeu Celeste, antes de voltar sua atenção ao livro.

Ainda havia muito a aprender antes que o sol nascesse, então ela apenas voltou para o seu lugar e começou a ler. Sua leitura durou até às três da madrugada. Apenas parou pois sua atenção foi tirada por Noctis, que avisará do horário

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Atualizado até capítulo 56

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