A brisa daquela noite trazia um frio cortante, como se pequenas lâminas de gelo deslizassem pela minha pele. O vento leve, porém constante, balançava meus cabelos, espalhando-os pelo rosto. A cada rajada, o silêncio da noite parecia mais denso, quase sufocante.
As lembranças queimavam dentro da minha mente, e com elas o ódio crescia, alimentando-se de cada memória dolorosa que eu carregava.
Ele estava ali — imóvel, uma sombra viva —, e me encarava com um olhar fixo e perturbador. Permanecemos em silêncio por alguns instantes, um duelo invisível travado apenas com os olhos.
Respirei fundo, tentando afastar o medo. Endireitei a postura, erguendo o queixo, como se aquele gesto pudesse me blindar.
— Quem é você? — perguntei, a voz firme, mas o coração acelerado.
Nada. Nenhuma reação, nem um piscar de olhos.
— Não vai responder?! — insisti, sentindo a estranheza daquela presença me envolver. — Por acaso é surdo? Responda de uma vez! E, se não for me dizer nada... então não me culpe se eu acabar matando você.
Um leve sorriso se formou no canto dos seus lábios, frio e irônico, como se estivesse se divertindo com a minha ameaça.
— Do que está rindo? — questionei, irritada. Seu sorriso desapareceu num instante. — Pensa que estou brincando?
De repente, ele começou a caminhar em minha direção. Seus passos eram lentos, mas carregavam um peso feroz, como o de um predador que já sabe que a presa não tem para onde fugir. Antes que eu pudesse reagir, ele me derrubou no chão com facilidade brutal. A dor me atravessou, mas foi o seu olhar malicioso que realmente me atingiu.
— Pensei que você fosse mais forte — murmurou, colocando a mão no bolso enquanto se aproximava novamente. — É fraca... vai ser fácil capturá-la.
Meu sangue ferveu. Eu o encarei com fúria.
— Nossa... está com raiva? — ele debochou. — Vamos fazer assim, filhote de morcego... você me obedece, e eu não machuco você.
Já não importava quem ele era. Eu só queria destruí-lo. Um sorriso sombrio escapou dos meus lábios antes de eu avançar contra ele. Mas, novamente, fui lançada ao chão.
— Então você quer brincar? — provocou. — Vamos nessa... me mostre do que é capaz, filhote de morcego.
Senti minhas presas se revelarem, afiadas como minha determinação. Lancei-me sobre ele com velocidade, e a luta começou. Consegui derrubá-lo várias vezes, até arremessá-lo contra as árvores.
— Agora, ainda acha que sou fraca? — perguntei, aproximando-me dele, caída de joelhos sobre o seu peito.
Quando estava prestes a cravar minhas presas e acabar com ele, imagens da morte da minha família invadiram minha mente. O ódio se transformou em hesitação. E foi nesse instante que ele aproveitou para me empurrar e se lançar sobre mim.
— O que foi? Não tem coragem o suficiente? — perguntou, fitando-me com um olhar de quem acredita já ter vencido.
— Me solta.
— E se eu não quiser?
— Então acabe de uma vez com o que veio fazer. — Olhei direto em seus olhos, firme.
Para minha surpresa, ele se levantou e se afastou. Antes que eu pudesse entender, outra figura surgiu da escuridão, aproximando-se dele.
— E aí, Jacob... achou mais uma vampira? — disse o recém-chegado, me encarando. — Você é bom nisso. É uma pena que um rosto tão bonitinho tenha que ser eliminado.
Jacob. Então esse era o nome daquele maldito.
— Cuidado, ela pode morder — comentou com sarcasmo.
— Eu gosto de garotas que mordem — respondeu o outro, aproximando-se enquanto eu me levantava. — Quem são vocês? O que querem comigo?
— Eu sou Ethan, e aquele ali é Jacob. Somos soldados da matilha.
— Soldados? — a palavra soou estranha na minha boca. — E o que querem comigo?
— Ora, é simples... você é uma vampira, e nós... — ele se inclinou, tão perto que senti seu hálito repulsivo — nós somos lobisomens.
Meu olhar voou até Jacob. Lembrei-me do uivo que tinha ouvido naquele dia. Uma conexão sombria começou a se formar na minha mente, e uma suspeita dolorosa me atingiu: talvez eles estivessem envolvidos na minha tragédia.
— Vampiros e lobisomens são inimigos — continuou Ethan. — Nós caçamos vampiros... e depois os matamos. E vamos fazer o mesmo com você.
Uma dor aguda e repentina explodiu no meu pescoço. Algo havia sido injetado em mim. Minhas forças começaram a se esvair como água entre os dedos.
Caí no chão, a visão turva. Ainda consegui sentir mãos me erguendo no colo, e então... tudo se apagou.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Vanusa Crispim Da Silva
tô de 👀👀👀👀👀👀👀
2025-07-22
0
Alessandra Torres
jatou amando
2025-06-14
0
Rosaria TagoYokota
quem sera esses uns
2025-02-27
0