O caminho feito de pedras até onde todos estão nos esperando parecia se infinito. Mordo meus lábios nervosa, imaginando que os olhares em poucos segurando estarão em mim.
Pelo entusiasmo da minha mãe, com certeza eram muitos convidados.
– Sorria, minha filha – Meu pai fala baixo e eu paro de encarar meus pés para olhar para cima. A primeira coisa que vejo é o homem, no fim do caminho. Alto e com a postura imponente, graças a meu astigmatismo e o véu no meu rosto, eu não conseguia ver com clareza suas expressões, não desta distância.
As pessoas conforme eu ia passando, demonstravam estarem emocionadas, inclusive algumas moças que aparentavam ter minha idade, elas choravam muito. Tento não focar nos convidados mas o que está na minha frente.
Agora vejo com certa nitidez as tatuagens no seu pescoço e nas suas mãos. Um arrepio passa por todo meu corpo quando encontro seus olhos, eu sentia como se ele soubesse toda a verdade e esperasse somente um passo em falso meu para fazer algo contra mim.
Papai solta meu braço lentamente, caio na realidade de que não tem mais volta a dar. Fico a sua frente, mesmo de salto, ele era mais alto que eu. Levanto os olhos assim que ele levanta as mãos e tira o véu do meu rosto, passando para trás, até mesmo com certa destreza, como se tivéssemos feito o ensaio de casamento.
Seus olhos avaliam cada centímetro do meu rosto, assim como faço com o dele, sinto meu coração bater forte ma minha garganta, meu cérebro com certeza estava piscando luzes vermelhas, esse homem me assusta.
Seus olhos são uma mistura de verde com castanho, pele bronzeada e os cabelos escuros em um topete, engulo em seco, ele era lindo.
Ele continua sem expressão, ainda me avaliando. Eu já nem escutava o que o padre falava. Sentia como se meu corpo não estivesse ali e tudo não passasse de um sonho, tudo parecia um borrão ao meu redor de uma forma que eu não escutava nada.
– Você aceita? – Vejo seus lábios se movimentarem, falando comigo e toda a sensação anterior se dissipa.
– Aceito – Respondo, ele olha para o padre e eu me dou conta que ele fez a pergunta por ele. Aslan me olha esperando minha vez.
– Você aceita? – Pergunto. Ele termina de por a aliança em meu dedo, olho para nossas mãos, eu não lembrava em que momento ele a pegou.
– Aceito – Responde, arfo, observando mais do que deveria seus lábios vermelhos se movimentarem.
Volto o olhar para baixo e pego sua mão, sentindo o quão áspera ela era, além de grande, pego a aliança e passo pelo seu dedo, assim que termino, ele fecha a mão em punho e vejo as veias se sobressaírem até sumirem pela manga do terno.
– Pode beijar a noiva. – Volto o olhar para ele no menos segundos que o padre pronúncia tais palavras.
Novamente sinto suas mãos ásperas, desta vez no meu rosto. Repensei em tudo o que poderia acontecer ou ele fazer, mas me esqueci completamente de pensar no beijo. Eu jamais havia dado um beijo se quer em toda minha vida. Durante toda a minha adolescência eu fugia dos que tentava alguma coisa comigo, e agora eu me arrependia amargamente por isso. Selina com toda a certeza era experiente.
Meus pensamentos somem ao sentir seus lábios quentes nos meus, ele força com a língua para que eu abra a boca e me puxa pela cintura para mais perto, com a ação eu entre-abro os lábios em susto e ele aproveita a oportunidade para aprofundar o beijo.
Meus olhos se fecham como mágica e a sensação que passa pelo meu corpo é tão boa que me sinto ficar mole em seus braços, eu seguia seus movimentos como se soubesse o que estava fazendo.
O ar fica escasso e ele se afasta lentamente com a respiração ofegante, assim como eu.
Estava assustada com a sensação de anteriormente, mas tento acalmar meus nervos ao escutar os convidados baterem palmas. Ele sorrir e agarra minha mão, entrelaçando nossos dedos, e nós refazemos o caminho que fiz até aqui, mas juntos.
A S L A N
Deliciosa, era o que defina Selina, seu beijo era prefeito como imaginei. Seus olhos estavam assustados e brilhavam em expectativa. Percebi que seus olhos são diferentes como nas fotos, não eram tão azuis, mas oscilavam entre um verde água e azul. Ela é magnífica.
Agora ela cumprimentava algum convidados e a observo só longe conversar com a minha mãe.
– Que beijo foi esse?! Achei que o próximo passo seria ali mesmo – Jonas chega me dando um pequeno soco no ombro. Baixo minha cabeça sorrindo. Passo a língua nos lábios, me lembrando. Ela me deixou de pau duro só com um beijo.
– Não diga bobagens – Chamo sua atenção, estavam em frente a algumas pessoas importantes, Thomás me apresentou a elas. Ele se toca e fica em silêncio ao meu lado, começando aos poucos a se envolver na conversa.
Olho novamente para Selina que ainda conversa com a minha mãe, ambas tem uma postura séria. Minha mãe deve estar falando da nossa quase discussão que tivemos mais cedo. Ou qualquer outra merda que fiz ao longo desses 32 anos de vida. Sorrio, bebendo do champanhe, Selina não iria se importar com isso.
Me despeço dos convidados e caminho em passos lentos até elas duas, Selina agora tinha um olhar triste e minha mãe um raivoso, mas já discutiram?
– Faça isso! – Escuto minha mãe dizer e Selina ficar em silêncio. Ela se afasta sem notar minha proximidade.
– O que ela quer que você faça? – Pergunto, parando a sua frente. Ela olha para mim com os olhos arregalados e passa a costa da mão no nariz, sorrindo para mim em seguida.
– Que cuide bem de você – Ela continua sorrindo.
– Foi isso mesmo? – Duvido.
– Sim, ela acha que sou um monstro então... – Desvia o olhar, acredito agora.
– Eu gosto da sua maldade beirando a crueldade, sabia que somos iguais? – Pergunto retoricamente. – Não tenho dúvidas que saberá cuidar de mim – Olho-a maliciosamente, observando lentamente suas bochechas ficarem vermelhas.
Me inclino até sua altura, para alcançar seu ouvido.
– E eu não vejo a hora de rasgar esse maldito vestido do seu corpo – Sussurro, vendo os pêlos imperceptíveis da sua nuca exposta, ficarem arrepiados.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 58
Comments