Digo um bom dia assim que entro no carro, a mulher não me responde e continua olhando para fora pela janela. Até o motorista fica em silêncio.
Minha nossa, será que eu fiz algo errado?
Paramos no parque da cidade, um dos únicos pontos turísticos daqui. O motorista abre a porta do carro para ela e depois para mim. Lembro de não agradecê-lo.
– Venha – Olívia agarra meu braço me puxando em direção a um dos bancos que tem por aqui, de frente para o grande lago.
Fazia tanto tempo que não vinha aqui. Era um dos únicos locais que me dava alguma paz. É tão bom...
– Você já deve saber porque te chamei aqui – Começa, sem me olhar.
– Na verdade eu não sei, mesmo – Cruzo minhas pernas e a encaro, esperando.
– Você não é a pessoa que quero para o meu filho – Me olha nos olhos. – Sei que quer casar com ele pelo dinheiro, me diga seu preço. – Ela vira o tronco para mim, apoiando o cotovelo no banco.
Engulo em seco.
– Ele quem me pediu em casamento, Senhora Olívia. – Pigarreio, antes de responder, passando meu cabelo para trás da orelha, me sentindo incrivelmente calma.
– Você acha que é uma pessoa ruim? Meu filho é 1.000 vezes pior, acredite – Pisca o olho para mim. Tento fingir que isso não me assustou.
– Fogo com faísca não da certo, flor, ele precisa de alguém que esteja no patamar dele e que seja o oposto dele, não criei meu filho para casar com alguém que despertará o pior dele invés de cuida-lo! – Agora ela grita, fecho os olhos e fecho minhas mãos em punho, que vontade de me jogar nesse lago.
– Ele é a faísca? – Retruco o insulto. Ela rir secamente.
– Ainda dá para desistir – Ela vira-se novamente para o lago, o vento bate em seus cabelos loiros, bagunçando-os.
Fico em silêncio, sentindo o calmaria do tempo, hoje estava ventando bastante.
– Está realmente decidida? – Pergunta depois de um tempo em silêncio.
Balanço a cabeça que sim, antes de olhá-la.
– Meu filho antes de vir para esse país de merda, matou muitas pessoas... – Pisco várias vezes, tentando processar a informação, o que?!
– Mentir para tentar me assustar, não vai funcionar, senhora – Me levanto, querendo ir embora o mais rápido possível.
Ela me puxa pelo casaco, me fazendo sentar novamente.
– Não estou mentindo, já que está tão decidida, acho justo saber do que meu filho é capaz – Sua calmaria me faz ter certeza de que ela não esta brincando.
Fico em silêncio, mas sinto meus nervos darem sinal de vida. Meus sentidos gritam "corre!"
– Ele matou um rapaz que tentou me assaltar uma vez na rua – Rir – Foi a primeira vez que ele torturou alguém e o fez implorar para ser morto. – Olha para mim. – Acredita? – Fico sem reação.
– Ele acha que não sei, mas ele não parou desde então, veio para os estados unidos para longe dos pais, mas ele não pôde fugir do que nasceu para ser – Estou tão assustada que quando ela levanta a mão para tocar no meu rosto, eu me afasto num reflexo.
– Você acredita em destino? Flor? – Pergunta. Não sei se tenho forças para responder.
Ela faz carinho no meu rosto.
– Você é tão jovem... estou lhe dando a chance que eu não tive quando o pai dele me encontrou – Meus lábios tremem de medo. – Benjamin me encontrou em uma viagem e me levou com ele para o Brasil, não tive opção de fuga e nem alguém para trocar de lugar comigo – Puxo o ar com força, com a respiração desregulada. Ela rir.
– O que acha que meu filho pode fazer com você quando descobrir o que está tentando fazer? – Estou sentindo tantas coisas ao mesmo tempo agora que não consigo formular uma palavra se quer.
– Se você não acredita em destino, deveria. – Ela pega meu rosto me forçando a continuar olhando-a. – Selen, você pode salvar meu filho e você mesma ou pegar o dinheiro que estou te oferecendo e tentar fugir – Me solta, se aproximando de mim no banco.
– Eu não sei do que está falando – Mal consigo dizer, isso não é a forma como imaginei que morreria.
– Mas se você fugir ele ainda pode te achar. – Continua.
– O que quer de mim? – Pergunto, me afastando e decidindo me levantar.
– Salvação, Selen, salvação! – Levanta-se também. – Você pode salvar meu filho, diferente de Selina! – Agarra meu braço, diferente do início da conversa, eu vejo desespero em seus olhos.
– Ele precisa de uma mulher boa como você, não quero que seja como Selina, isso pode piorar a psicopatia dele, você não entende? Ele tem problemas por isso se sente tão atraído por essa mulher! – Se exaspera. Eu já estou chorando e ela também.
– E-eu não posso – Respondo, desviando o olhar. – Ele poderá descobrir, se você já sabe a verdade, deve saber o porque estou fazendo isso – Justifico.
– Eu sei, mas ele é meu único filho, Selen, seu destino deve ser tentar mudá-lo – Reviro os olhos com o que ela diz, porque ela achava que eu seria capaz disso?. – Posso dar proteção a você e seu amigo se fizer o que peço, apenas tente salvá-lo também e pode ser que você se salve com ele. – Agora ela agarra meu outro braço também. Suplicando.
– E se ele descobrir que não sou Selina? – Pergunto.
– Ele não vai descobrir se salvá-lo antes. – É tudo o que ela responde.
...
Eu me via desesperada para sair de dentro do maldito carro. A mulher veio a viagem de volta inteira falando o quão foi bom para ela escolher mudar o marido invés de tentar fugir dele e que eu deveria fazer o mesmo.
Ela disse que o amor pode mudar tudo, então porque o marido dela morreu sendo assassinado? Ela não conseguiu mudar ele? Outro fato chocante foi esse, o pai de Aslan morreu assassinado, e Aslan herdou tudo o que sobrou de ruim, incluindo o dinheiro.
Eu quis saber mais, mas ela apenas disse para o motorista que queria ir embora e cá estou.
Ao longe consigo ver minha casa e assim que o carro para, eu não espero ela dizer mais nada e nem o motorista abrir a porta, eu mesma abro e praticamente corro para dentro de casa.
– Selen? O que foi? – Minha mãe levanta do sofá bruscamente.
Eu estava ofegante, encostada a parede ao lado da porta. Ela vem até mim tentando me amparar.
– A mãe dele – Começo a chorar desesperada.
– O que tem a mãe dele? Fala! – Ela me sacode pelos ombros.
– Ela sabe que não sou Selina. – Assim que termino de pronunciar tais informações, ela me solta com os olhos arregalados.
– O que?!
– Ele é um homem perigoso, mãe, eu não quero mais fazer isso! – Digo assustada, tentando enxugar minhas lágrimas com a manga do casaco.
– Escuta bem, Selen! Não tem mais volta a dar, faça tudo o que essa mulher quiser! – Me olha com raiva – Sua irmã não pode casar com esse homem, você sabe que a vida dela é bem mais importante que a sua! Faça o que precisa ser feito! E sem chorar! – Ela vira as costas voltando para o sofá.
Eu apenas corro em direção as escadas indo para meu quarto.
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Atualizado até capítulo 58
Comments
Eloi Silva
misericórdia meu Deus coitada da Sele e a gora ela tem que ficar com a sogra que quer achudar ela
2024-10-15
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Celia Aparecida
que mãe é essa nossa isso não é mãe ela é um verdadeiro monstro isso é não pode ser chamada de mãe um ser desse
2024-10-05
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