A S L A N
Desembarco do avião sendo seguido pelos seguranças até o carro. Eles abrem a porta para mim enquanto eu pego meu celular. Como de costume, a primeira coisa que faço é abrir o Instagram e procurar o perfil de Selina, para ver seus story.
Ela ficou mais reclusa desde que surgi na sua vida, raramente posta foto do corpo ou do rosto, e tudo se limita a fotos do céu, paisagens e cafés, como agora.
Ela postou um prato com biscoitos, admito que estava adorando a nova versão, o que significava que ela me respeitava ou tinha medo de postar algo e eu não gostar, mas isso me deixa com um pouco de dúvidas, ela era maldosa, não deveria se importar com o que penso sobre o que posta, ela me desafiaria.
Será seu pai que a convenceu a ser mais reservada?
Guardo o celular no bolso, pensando em Selina, em específico no almoço, gostaria de tê-la visto com os vestidos curtos que costuma usar, mas a única coisa vulgar que vi foi o decote da blusa que ela usava.
Ela estava elegante, com um casaco que ia até abaixo dos seus joelhos e uma calça de alfaiataria. Consigo me lembrar com riqueza de detalhes da sua roupa, mesmo muito coberta, ela estava deliciosa.
– Já estávamos chegando, senhor – O segurança ao meu lado avisa, engatilhando a arma, assim como o outro segurança do meu outro lado. Aqui no Brasil devíamos andar armados, não eram poucos que queriam aniquilar minha mãe e eu, assim como fizeram com meu pai.
Meu pai além de contrabandear armas, ele tinha permissão do governo para gerenciar as cargas de droga e conseguir passar pela PRF, sendo o único de confiança da Milícia, muitos inimigos queriam o posto do meu pai para também gerirem os próprios negócios.
Mas aqui não tinha mais futuro para a minha mãe e muito menos para mim, não dava para viver com medo o resto da vida, sempre teria algum inimigo querendo o que meu pai conquistou.
Minha única missão agora é lavar todo o dinheiro que meu pai fez durante todos esses anos e tirar minha mãe do Brasil para que ela possa viver o resto da sua vida tranquila e longe do crime.
– É aqui – Paramos em frente a uma casa simples comparada com a antiga, a discrição era muito importante para mantê-la escondida. Olívia agora era a responsável dos negócios do meu pai, e alvo dos principais inimigos dele.
Um dos seguranças sai e caminha até a porta de casa, olhando ao redor com total atenção, atentos a qualquer movimento. Por precaução, também tiro minha glock do coldre, também ficando em alerta.
Mamãe passa pela porta sendo escoltada pelos seguranças, eles caminham para o carro atrás de mim, não podíamos arriscar em ir no mesmo carro, se houvesse um imprevisto, morreríamos os dois.
Um de nós deve continuar vivo e tinha mais chances se fosse assim.
Depois, os seguranças levam suas malas. Iríamos nos hospedar em um hotel no centro, o lugar mais seguro por aqui, enquanto eu resolvia mais algumas pendências antes de irmos para os Estados Unidos.
A porta se abre de repente ao meu lado, e Jonas entra com um sorriso sentando no lugar do segurança. Ele sabia que não era muito seguro fazer isso, transitar enquanto estamos em uma missão importante.
– Brasil! – Ele diz animado – Vamos tomar um cervejinha mais tarde – Tenta. Olho para ele me questionando o porque o tenho como amigo e confidente. Ele é completamente irresponsável e imprudente.
Balanço a cabeça em negativo.
Não me dou nem ao trabalho de respondê-lo.
– Ok, já entendi – Resmunga, não tenho mais idade para isso.
– Não podemos tomar umas nem no bar do hotel? Posso chamar algumas gatinhas – Tenta novamente. Quantos anos ele tinha mesmo?
– Estou noivo. – Respondo rude. Ele percebe que não estou para brincadeiras e fica calado.
Assim que chegamos no hotel, mamãe me recepcionou com um abraço apertado e passamos o restante do dia falando sobre meu pai, as histórias dele. Admito não sentir tanta falta assim dele, mas não para ela.
– O que vou fazer nos Estados Unidos, meu filho? – Com o pesar na voz, ela me questiona. – A comida de lá deve ser horrível! – Sacode as mãos enquanto se levanta.
– A senhora e eu estamos no comando agora, além disso, a senhora deve fiscalizar pessoalmente os malotes de dinheiro que chegaram lá para serem lavados. – Explico para ela todo o esquema.
S E L E N
Me sentia com o coração partido em ver Selina descendo as escadas com as malas, com o verão chegando ao fim aqui, as aulas já estavam para começar no Canadá e Selina queria ir o mais rápido possível.
– Tome cuidado meu amor! – Minha mãe chora abraçada na cobra venenosa, já Selina não parecia nenhum pouco triste. Meus pais pareciam que estavam enterrando Selina de tanta tristeza que demonstravam.
– Por favor filha, não deixe de nos manter informados de como você está – Thomás diz a minha irmã, enquanto abraça ela com força. Consigo contar nos dedos quantas vezes ganhei esse braço, acho que um no meu aniversário de 6 anos e outro quando fiz 18.
Reviro os olhos.
– Tchau! Irmãzinha! – Ela acena para mim, eu estou bem atrás dos meus pais, distante do carro e de todo o drama. Forço um sorriso e aceno relutante com a mão. Espero que morra.
Tento juntar os caquinhos do meu coração e entro para dentro de casa, sentindo um desânimo começar a me consumir aos pouquinho, minha vida vai ser completamente diferente de agora em diante.
Falei um pouco com Victor antes do jantar, pelo menos eles estavam melhor que eu. A mãe dele melhorava cada dia mais um pouco.
– Não durma tarde, Selen, para não ficar com olheiras horríveis debaixo dos olhos! – Ela briga, eu estava sentada no sofá da sala vendo os arquivos de story de Selina, era um pior que o outro.
Ignoro ela.
Logo escuto seus passos se afastarem e subirem as escadas. Já passava das 22h da noite.
O celular vibra com a chegada de uma notificação.
"Daqui uma semana estarei aí para um jantar e você conhecerá sua sogra" – Aparece na barra de notificações. Clico na mensagem, assim que visualizo ele começa a escrever mais.
Puxo o ar, me preparando para o que ele mandara desta vez.
"Não vá com as roupas da sua mãe, quero ver mais seu corpo" – Solto o ar. Ainda bem que nesse último mês que ele passou longe eu consegui emagrecer 5 quilos.
Não estava idêntica a Selina. Mas quando sai ontem para o shopping com a mãe, muitas pessoas me olhavam com nojo então devo conseguir enganar esse homem.
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Atualizado até capítulo 58
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