18 – Casamento.

A S L A N

Haviam poucas pessoas conforme minha ordem, fui um dos primeiros a chegar na casa até mesmo antes de todas essas pessoas que organizam casamentos. Sinceramente eu não ligava para toda essa merda, me importava apenas de Selina ter meu sobrenome e de seu corpo ser meu.

– Aslan! Olá querido... – A mãe de Selina surge a minha frente, eu estava sentado em um dos bancos do jardim, já com minha roupa e um corpo de whisky na mão direita.

A mulher está estonteante, o vestido era em um tom rosa bem claro e longo. Ela sorria fechando os olhos, quanta felicidade... sorrio para ela e me levanto, cumprimentando-a com dois beijos no rosto, já com Thomás dou um aperto de mão, eles estavam igualmente felizes.

– Ansioso? – Ela me pergunta, forço um sorriso, tomando um gole da minha bebida.

– Muito – Minto descaradamente, não sentia animação nem felicidade mas a sensação de dever cumprido, não apenas de ter minha obsessão a minha disposição mas também de ser o primeiro passo para fazer o que meu pai sempre quis em vida.

– Claro – Ela sorrir. Era notável que quem tomava as decisões era ela e não Thomás, ele apenas ficava calado em todos os nossos encontros, enquanto a mulher tem a postura ativa. Uma piada, mulheres não devem tomar decisões acima de um homem, ainda mais casada. Mas eu estava agradecido por ela, Selina me pertencia agora e eu sabia que tinha dedo dela na decisão de Thomás.

Eles se despedem, indo em direção ao bar.

Balanço minha cabeça em negativo e tomo mais um gole. Olhando para toda essa decoração cafona, eu seria uma piada para a máfia do Brasil, casando com toda essa besteira, por isso também não quis atenção da mídia. Meu pessoal lá faria chacota de mim.

Lembrando deles, pego meu celular para mandar mensagem a Jonas, a primeira carga de dinheiro chegaria aqui nos próximos dias e ele estava organizando tudo com o resto do pessoal. Já que eles próprios viriam dirigindo até aqui.

– Filho – Ouço a voz da minha mãe. Ela está belíssima, mal tenho tempo de reparar, já que ela me abraça apertado. A abraço de volta aproveitando o abraço.

– A senhora está linda, minha mãe! – Beijo sua bochecha e ela revira os olhos. Sempre age assim com elogios.

– Obrigada, mas a estrela daqui é você – Fala olhando ao redor – Os olhares estão em você – Diz ela bebericando o que parece ser champanhe.

Não me dou ao trabalho e olhar também. Mas olho meu relógio de pulso. 16:15 da tarde, faltava alguns minutos para a chegada de Selina.

– Os pais dela já te cumprimentaram? – Questiona, olhando para trás de mim, onde está o bar a céu aberto. Balanço a cabeça que sim.

– Aslan, cuide bem da sua esposa, ok? – Me orienta, colocando sua bolsinha de mão debaixo do braço.

Estranho seu conselho, no dia do jantar ela veio a viagem inteira xingando Selina.

– Achei que a odiasse – Rebato.

– Odeio as coisas que ela fez, é diferente – Da alguns passos ficando em pé ao meu lado.

– Ainda não esta pronta para me contar como foi aquele almoço? – Faço a pergunta que ela foge de me responder. No dia ela saiu muda e chegou calada, nem ao menos Selina me contou como foi.

Mas para a sua reação agora, algo me dizia que ocorreu tudo bem.

– Não, não estou – Diz sem me olhar. – Mas quero que siga meu conselho, ainda estou decepcionada com você, conserte isso fazendo o que mando – Ela termina de beber o champanhe.

– Decepcionada? Sabe que não me importo – Respondo na mesma altura, ela rir.

– Eu sei de tudo que andou fazendo nesse país, nunca quis que fosse igual seu pai, porém... – Me olha de cima a baixo dando a atender que me tornei exatamente o que ela não queria que eu fosse. Respiro fundo para controlar a raiva.

– Não me envergonho das coisas que faço, se não queria que me tornasse como meu pai, porque não fez algo a respeito quando teve a chance? Você poderia ter evitado tudo isso se tivesse tomado a decisão certa ao conhecê-lo – Digo o que a tanto tempo estava entalado em minha garganta. Ela pisca, desconcertada e vejo lágrimas se formarem em seus olhos. Ela começa a balançar a cabeça freneticamente em sinal positivo.

– Você deveria me agradecer de estar casando com alguém tão ruim quanto eu, já que não estou quebrando alguém bom, como meu pai fez com você e te enfiou em toda essa merda. Não se preocupe com ela, ela se sairá melhor que você. – Dito isso, dou um passo para trás, para me afastar dela.

– Você tem a chance de não fazê-la se tornar alguém como eu, arrependia e amargurada! Apenas estou pedindo que a trate bem, a ame invés de fazê-la se tornar pior do que já é! – Lágrimas escorrem pelos seus olhos. – Só queria que esse ciclo de sofrimento chegasse ao fim, você sabe de tudo o que passei mas não se importa com isso! – Agora é ela quem vira as costas para mim.

O que ela estava tentando fazer? Eu não tenho concerto e já estou casando com Selina por ela ser exatamente como eu: ruim, embora não tão ruim quanto eu, mas ela pode se tornar com o tempo.

Selina não precisa de concerto assim como eu e é por isso que somos perfeitos um para o outro.

Alguns minutos depois minha mãe volta até mim, com a maquiagem retocada como se nada tivesse acontecido, ela enrosca seu braço no meu e me diz que já devemos ir para o altar.

Todos os convidados também estão indo para a mesma direção que nós.

S E L E N

    Como eu estaria daqui 5 anos? Ou 10 anos? É o que eu pensava enquanto meu pai estende a mão para me ajudar a descer da lancha.

Ainda estaria casada? Ou estaria morta? Eu gostaria de não estar pensando sobre isso, mas agora era completamente inevitável, pensei nas várias formas que ele poderia me matar na curta viagem para cá quando descobrisse a verdade.

– Se acalme, está tremendo – Ele sussurra virando levemente para mim. Olho para trás vendo as duas crianças que vieram conosco, arrumarem a barra do meu vestido, eram sobrinhos dos meus pais, quais eu não me lembrava da existência. Acabo por ter noção de que eu realmente era ou sou, completamente desgarrada da família desde que fui morar com a vovó.

– Estou tentando – Respondo, respiro fundo, o vestido era estilo sereia, começo a me arrepender por ter aceitado que mamãe escolhesse, já que ele faz com que meu passos sejam mais curtos e consequentemente ande mais devagar, e eu só queria acabar logo com isso.

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