A vovó resmungava alto enquanto eu permanecia em silêncio. Faz dias desde meu acordo com papai e que Selina e eu tivemos que trocar os celulares. Eu tinha que ir até a casa de Victor explicar o que estava acontecendo, mas temia que a minha adorável irmã já tivesse feito antes de mim.
Fui orientada a continuar postando nas redes sociais de Selina mesmo após ela ter feito um vídeo dizendo que iria se ausentar mais das redes sociais.
Tiro uma foto do meu café e posto nos story dela, desejando um bom dia, enchendo a foto de efeitos que o próprio Instagram disponibiliza. Seguindo o que minha irmã fazia sempre. Exagerada.
– Vovó! Está tudo bem – Digo mais uma vez. Ela não parava de reclamar. Ela para a minha frente e me olha tristemente.
– Não quero isso, Selen! Me perdoa mas ela é um diabo, olha o tanto de coisas ruins que ela faz, é só procurar notícias da cidade no Google que aparece uma foto dela! – Passa a mão na cabeça. Era verdade. Torço o nariz, minha avó está certa.
– Mas é necessário, vovó, a mãe do Victor graças a isso está sendo bem cuidada – Me levanto, pegando em suas mãos, tentando acalma-la.
– Você não é ela Selen – Diz, baixando a cabeça, triste.
– Eu sei. – Afirmo. Deixando meus lábios em linha reta.
Eu estava evitando pensar ao máximo no que estava acontecendo.
Termino de tomar meu café com calma e volto para meu quarto sentindo sono, nunca irei entender como o café invés de me deixar acordada, me dava sono.
Deito de lado e desbloqueio o celular, futricando o celular dela, tenho certeza que ela deve estar fazendo a mesma coisa no meu.
Abro as mensagens no Instagram, tinha muitos homens respondendo o story e algumas fotos que ela tinha em destaque. Meu Deus, como era possível alguém expor a vida assim tão facilmente? No meu Instagram eu não tenho nem 10 seguidores e muito menos uma foto digna no perfil.
Futrico mais um pouco para ver os que ela costuma curtir, comentar e reagir, e era só besteiras, páginas de fofocas e lojas caras, o que mais me admirou e que ela segue poucos homens, acredito que sejam amigos já que tive a liberdade de abrir o chat com eles e vendo ela sendo até que um pouco amigável.
Engraçado que pessoalmente ela não era assim.
Abro agora as solicitações de mensagens dela, aqui tinha as coisas mais nojentas já feitas por pessoas do sexo masculino, fotos dos homens segurando seus... meu deus, nem consigo pronunciar. Ela nem abriu essas mensagens, mas estavam quase todos bloqueados, menos um. Esse estava com a conta restrita invés de bloqueada.
Curiosa eu clico, abrindo a conversa. Meu corpo gela assim que tiro a restrição e ele aparece digitando algo.
"Quando casarmos, seu café da manhã será apenas pau e água." Arregalo os olhos e ponho minha mão na boca, completamente em choque com o que ele acaba de mandar. Mas que merda é essa?
Era uma resposta do Story que postei a alguns minutos.
Rolo mais a conversa constatando que é o cara que a assedia, o noivo dela, agora meu noivo.
Abro o perfil e ele é privado, me impedindo de ver, abro a foto de perfil. Estava com uma camisa social branca e um terno cinza por cima. Os braços cruzados destacando os músculos e fazendo o terno subir um pouco, mostrando algumas tatuagens nos dois punhos.
Volto a atenção para seu rosto e pescoço onde várias tatuagens estavam desenhadas em sua pele exposta. Seguro o ar. O cabelos escuros em um topete e o olhar como se pudesse matar qualquer um a qualquer momento. Misericórdia.
A S L A N
Já fazia duas semanas desde o almoço que tive com Thomás Vallence, e até agora ele não me deu uma resposta da proposta que fiz.
Criei algumas esperanças quando vi um Story de Selina dizendo que ira se ausentar das redes sociais por um tempo, mas até agora não recebi uma ligação.
– Se acalma, homem! – Jonas rir de mim. Era só o que me faltava.
Meu telefone começa a tocar.
– Viu? – Jonas pergunta, ignoro e atendo a ligação.
Era Thomás, querendo marcar outro almoço para hoje mesmo, e que eu já poderia levar os contratos para ele assinar. Mudo minha expressão para pura alegria e Jonas rir ainda mais de mim.
Peço para Jonas falar com meu advogado e providenciar os papéis, principalmente a cláusula que deixa ele ciente de que se descobrir algo ilícito, não pode fazer nada com a informação.
Relaxo na minha cadeira. Volto a pegar o celular e vejo que ela postou um story.
Bufo frustrado em ver que não é um mostrando seu delicioso corpo ou o rosto, apenas um xícara de café e um menagem de bom dia que ela raramente postava. Já estava começando a se comportar como uma mulher casada? Abro um sorriso, resolvendo responder seu story:
"Quando casarmos, seu café da manhã será apenas pau e água." Envio, e para minha surpresa, ela visualiza no mesmo segundo, o que raramente acontecia.
S E L E N
Precisava conversar com Victor, se não iria explodir de tanta coisa reprimida. Saio da cama e troco de roupa, pegando a chave do carro, eu praticamente voou até a porta.
Tiro a capa, dobrando-a e colocando no mesmo lugar na varanda e giro a chave do carro na ignição. Pondo na primeira, eu acelero para sair dali antes que perdesse a coragem.
No primeiro semáforo, pego o celular mandando uma mensagem para vovó, dizendo onde estou indo já que sai com pressa de mais.
Precisava contar tudo o que estava acontecendo para alguém.
Paro o carro sem dar a seta o que gera uma buzina do corno atrás de mim.
Levanto o olhar, eu paro de andar assim que vejo o que está acontecendo. Tem vários homens levando algumas coisas para um caminhão. Logo vejo Victor caminhar também com uma caixa em mãos.
Ele olha ao redor, me vendo ao lado do meu carro, acho que é isso que o faz me reconhecer já que ele leva alguns segundos para pousar a caixa no chão e se aproximar de mim em passos rápidos.
– Para onde está indo? – É a primeira coisa que pergunto.
– Um doador anônimo resolveu nos ajudar, estamos nos mudando para a cidade vizinha para tratar minha mãe e também começar a estudar – Ele sorrir largamente. – Eu te mandei uma mensagem mas você não me respondeu. – Baixa a cabeça.
Perco toda a coragem de lhe contar o que está acontecendo.
– Por que está vestida igual sua irmã? – Pergunta, me olhando de cima a baixo.
– Ela se envolveu em problemas e preciso fingir que sou ela por um tempo, é segredo. – Conto logo de uma vez. Victor assente, sério. Antes de me abraçar com força. Achei que ele faria mil perguntas.
– Não preciso dizer que você nunca será como ela – Diz, me olhando no fundo dos olhos. Assinto. – Quando puder, me conta tudo, está bem? Vou te esperar.
Conversamos um pouco e eu resumi tudo o que estava acontecendo, tirando a parte de que estou fazendo isso tudo por ele e a tia Nancy. Não quero nunca que ele ache que estou jogando na cara dele o que estou fazendo ou qualquer coisa que possa magoá-lo e recusar a ajuda.
Me despeço dele, entrando no carro. Meu celular vibra, era uma ligação do papai.
– Sim? – Pergunto, assim que atendo.
– Selen, se arrume para um almoço, irei assinar o contrato hoje mesmo. – Passo a mão na testa com a informação, estava tudo acontecendo rápido demais.
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Atualizado até capítulo 58
Comments
Celia Aparecida
ela foi muito besta isso arrumaria outra alternativa menos essa
2024-10-04
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