O jantar foi recheado de alfinetadas entre minha mãe e minha futura sogra.
Elas só pararam quando Aslan saiu para atender uma ligação e voltou dizendo que tinham que ir. Mas antes de sair ele me mandou um olhar bastante significativo.
– Selen, porque você simplesmente não se defendia? Você precisar ser como Selina, não esqueça disso! – Mamãe agarra meus pulsos, fincando suas unhas afiadas em minha carne.
– Eu entendi... – Falo assustada tentando tirar suas mãos.
Ela me solta olhando raivosa para mim. Olho ao redor para ver se alguém viu o que aconteceu e todos estão jantando normal, completamente alheios ao que está acontecendo.
Me celular vibra em minha mão e o desbloqueio, era Victor.
"Estou aqui na entrada do restaurante que me disse, onde você está?"
Sem responder, levanto-me da cadeira e vou em direção a saída, avistando Victor com a cabeça baixa, mexendo no celular.
– Victor! – Chamo sua atenção, ele levanta a cabeça arregalando os olhos em surpresa.
– Selina? – Meu sorriso murcha. Me aproximo dele tomando cuidado para não cair com os saltos. Ainda estava me habituando.
– Não, está doido? – Reviro os olhos e ele logo me reconhece.
– Tinha esquecido que você agora está fingindo ser ela... – Murmura triste, desviando os olhos de mim.
– É só por um tempo – Forço um sorriso.
– Mas você até emagreceu... – Olha-me de cima a baixa e coça a testa antes de verificar algo no celular, uma das suas manias em demonstrar que está com pensamentos excessivos.
– Eu estou bem, como a tia Nancy está? – Pergunto e ele parece relaxar, sorrindo para mim.
– Bem melhor do que nos últimos 5 anos – Vejo felicidade em seus olhos, isso não tem preço.
– Bem eu só vim me despedir, a viagem é longa – Ele me abraça apertado. Quase choro no abraço.
– Sinto sua falta todos os dias, espero que resolva isso logo – Se refere ao que está acontecendo na minha vida.
– Eu também – Respondo antes de nos afastarmos.
Escuto o som de passos com saltos ecoarem como se alguém estivesse correndo em minha direção.
– Mas o que você está fazendo com esse garoto?! – Era a minha mãe, arregalo os olhos sem entender.
– Esse é meu amigo, mã – Ela me interrompe.
– Amigo? Fique bem longe desse aí, você garoto! Saia daqui agora! – Ela grita apontando para Victor.
– Não fala assim com ele! Porque isso? – Fico a frente de Victor, furiosa com a reação dela, ela nem ao menos o conhece.
– Espero que você e sua mãe, queimem no fogo do inferno! – Grita enfurecida, atraindo olhares para nós. Mas do que ela está falando.
– Eu vou embora, Selen, Amo você irmã – Ele me dá um beijo rápido na bochecha e se afasta correndo.
– Vamos, querida, chega de show! – A voz grosso do meu pai surge, e ele agarra o braço da minha mãe a puxando em direção ao nosso carro. Ela tenta se soltar do aperto.
– Eu sei ir sozinha! – Ruge, se soltando e entrando no carro sozinha.
O silêncio no carro foi perturbador, a tensão era quase paupável, eu não entendia do porque ela reagiu daquela menina e nem o porque só silêncio total agora, nem meu pai falava alguma coisa.
Chegamos em casa e eu já estava exausta, a primeira coisa que fiz foi tirar os saltos e subir para o quarto enquanto meus pais me olhavam pelas coisas, provavelmente esperando eu sumir da vista deles para começarem a brigar.
Tomo um banho em seguida vestindo uma roupa de verdade, um pijama que cobria meu corpo inteiro.
Abro o notebook de Selina, com o intuito de assistir alguma coisa, mas assim que abro aparece uma notificação de beckup, estranho, agora que peguei em algo dela sem ser o celular.
Por curiosidade, eu clico para ver que beckup é esse. Levo um susto com o que meus olhos veem, várias fotos de Selina de todos os ângulos possíveis, nua.
Mas que porra é essa?!
Verifico os dados do beckup e tudo indica que ela entrou na mesma conta que está nesse notebook e recuperou as fotos, para que ela queria isso?!
Pego o celular e mando uma mensagem para ela perguntando o porque fez isso. Agora, tecnicamente essas fotos são "minhas".
Alguns minutos depois ela responde.
"Não te interessa"
Ela só pode está brincando.
"Vai te interessar se eu contar a verdade ao seu noivo?" – Mando.
"Salvei apenas porque estou com saudades da minha vida, mas vou apagar aqui, relaxa." – Apenas visualizo a mensagem.
Abro a Netflix, colocando o filme mais clichê que encontrei.
...
Acordo com meu celular vibrando loucamente, com os olhos semicerrados eu atendo a ligação.
– É a mãe do Aslan – A pessoa me responde antes que eu diga alguma coisa.
– Ah, Olá Senhora Belvoir – Respondo, me sentando na cama, esfregando os olhos, mas porque ela está me ligando?
– Podemos nos encontrar? Temos coisas para conversar – Diz. Olho para o relógio ao lado da cama. O único objeto meu que trouxe para cá. Era 09:15 da manhã.
– Ah, sim, claro – Confirmo, esperando a próxima instrução.
– Meu motorista vai te buscar, esteja pronta as 10:30, também vamos almoçar juntas. – Ela fala em tom abrupto, me acordando para a realidade. Ela não me espera responder e desliga a ligação.
E se ela quiser me matar? Ontem ela deixou claro que me odeia.
Sem enrolação. Entro para o banheiro tomando um banho rápido e fazendo minha higiene.
Como vou encontrar com a mãe dele, decido ir com uma roupa comportada e que não pareça que sou da vida como Selina costuma se vestir e que Aslan gosta.
Quando termino de me arrumar já era 10:30. Calço um salto baixo e desço as escadas preparada para o questionário de mamãe.
– Para onde você vai? – Ela pergunta assim que me ver.
– A senhora Belvoir quer conversar comigo – Assim que termino de falar minha mãe se levanta do sofá como se eu tivesse dito algo gravíssimo.
– Selen, presta atenção, você precisa ser afiada igual Selina! – Aponta o dedo para mim, ditando as regras, enquanto com a outra mão ela segura uma revista.
Assinto com a cabeça.
Também preciso começar a entender isso e agir de acordo, vou me esforçar ao máximo.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 58
Comments