17 – Grande dia.

"Espero que tenha ocorrido tudo bem com a minha mãe" – É a mensagem que Aslan me manda assim que me deito na cama.

Nem fome eu sentia mesmo que não tivesse comido nada na conversa que tivemos e nem antes de sair de casa.

Ela me disse que descobriu a verdade por acaso, mandou investigar Selina e acabou descobrindo sobre mim graças a alguns amigos da vovó, não foi muito difícil. Mas é difícil para mim aceitar que estou em suas mãos.

Fico vendo a mensagem sem saber se respondo ou não, a minha única vontade era de sumir.

O celular vibra com outra mensagem:

"É bom você já começar a arrumar suas malas"

Bloqueio o celular, desejando mais que tudo que isso não passasse de um pesadelo e que eu iria acordar na minha cama, na casa da vovó, que conseguiria conversar com Victor. Que estivesse tudo bem.

Eu não sentia nem vontade de conversar com ele depois do que aconteceu, ainda não entendo porque minha mãe reagir daquela forma, foi completamente desnecessário.

...

Nos últimos dias minha mãe tem me evitado e falamos somente o necessário, ela me cobrou várias vezes para fazer as publicações nos story de Selina e fingir que não fui ameaçada pela minha sogra. E eu tinha que obedecer, me sentia como uma marionete.

Hoje depois do almoço, papai chegou mais cedo do trabalho, e ficou mandando olhares significativos para a minha mãe, um sinal claro que está acontecendo alguma coisa.

Eles me chamaram para conversar no jardim depois que meu pai desceu as escadas sem a roupa social de sempre.

Puxo minha cadeira e me sento, esperando que eles comecem a falar.

Minhas mãos soam em nervosismo.

– É melhor eu ser direto – Ele pigarreia, olhando para as próprias mãos em cima da mesa. – Depois do casamento, Aslan quer levá-la para a cidade grande – Ele me olha como se quisesse estudar minha reação. Solto um suspiro trêmulo com a nova informação. – Ele não disse o motivo mas é óbvio que ele não vai querer formar uma família nessa cidade minúscula! – Rir nervoso. Permaneço sem expressão.

– Claro, o dia do casamento está se aproximando, ele foi conversar com você sobre isso? – Minha mãe pergunta, meu pai balança a cabeça que sim.

– Sim, ele me mandou dizer para Selen arrumar as malas já com antecedência – Ainda não acredito no que está acontecendo.

Todos ficam em silêncio. Mas as vozes da minha cabeça não, e se ele for me matar? Eu vou estar longe de casa.

– Selen, você sabe o que precisa fazer, não é? Seja uma boa esposa, não vamos estar lá para orientá-la! – Ela fala em um tom rude, me chamando a atenção.

– Se fizer tudo certo, nos também estaremos bem, os negócios dependem disso – Meu pai diz. Me sentia como uma moeda de troca. Odeio a sensação.

...

Os últimos ajustes já estavam sendo feitos. O vestido já estava pronto, a maquiadora, tudo.

Meu casamento seria durante o dia em uma casa, foi decidido de última hora por Aslan, eu ainda não conheci a casa, mas pela fotos que mamãe me mostrou, ela era belíssima. Com paredes de vidros que davam para a vista do píer, era bastante afastada e ficava em uma ilha, onde só é possível chegar lá de lancha ou barco. A cerimônia será no jardim o que eu achei a ideia genial.

Já não me sentia tão sozinha nos preparativos do casamento.

Me desanimava um pouco ele não me mandar sequer uma mensagem, antes disso tudo eu vi que ele mandava com certa frequência para Selina. Será que ele já desconfiava do que estava acontecendo?

Remexo o jantar no meu prato, alface, alguns legumes e frango desfiado, não aguentava mais comer isso, mas era o que estava fazendo eu emagrecer, pelo menos o meu metabolismo ajudava um pouco nisso.

– Já terminou? Precisa dormir bem hoje, para amanhã estar belíssima! – Minha mãe me repreende, estava cansada até de chamá-la de mãe, penso até se não é mesmo uma boa ideia viver longe deles. – Amanhã alguns amigos da mídia vão estar lá! – Diz, ignoro e volto a comer.

– Mídia? Está maluca Leila?! – Meu pai esbraveja, irritado, agora eles vão começar outra discussão.

– Aslan deixou claro que não quer toda essa atenção em cima dele, ah, por favor, você faz tudo errado mulher! – Joga o guardanapo na mesa, se levantando com ódio. Minha mãe apenas solta um suspiro e continua comendo.

Cansada de todo o drama deles, também faço o mesmo que papai.

– Já terminei, boa noite – Apenas digo, me levantando e indo para o meu quarto.

Eu tentava evitar ao máximo pensar no dia de amanhã e principalmente depois da cerimônia, para ser bem específica, a noite de núpcias.

Mamãe deveria ficar orgulhosa, já que acordei antes mesmo dela e do despertador.

Na verdade eu não dormi nada esta noite, nem se quer um cochilo, nunca estive com tanta energia mas mesmo assim me sentia desanimada como se estivesse arrastando correntes dos meus pés, uma sensação de perda, mal pressentimento, tudo de uma vez.

Afasto as cortinas da janela e olho para fora, o dia ainda estava amanhecendo. Me espreguiço e me encosto na janela, fechando os olhos e pedindo a Deus ou qualquer um que tenha poder sobre as ações dos humanos, para que me salvasse disso.

– Selen? Ah, já está acordada – Abro só olhos e viro-me para trás, vendo minha mãe entrar no quarto com seus roupão e um sorriso enorme.

– Tudo bem? – Pergunta, se aproximando de mim e tocando meu ombro, como se de fato estivesse preocupada.

– Sim, estou bem – Murmuro, me afastando da janela e do seu toque.

– Tome um banho, que depois do café a cabeleireira chegará e todos os outros – Me notifica, eu já sabia disso, ela passou esses dias todos falando sobre isso, parecia até que quem iria casar fosse ela.

Ignoro, pegando minha toalha e entrando para o banheiro.

Escovo meus dentes enquanto a banheira não enchia e vejo pelo espelho Leila entrando no lugar. Baixo o olhar para a pia, não querendo ver o rosto dela animado.

– Selen, fique feliz ou pelo menos finja direito! – Olho para cima a vendo revirar os olhos e sair pisando duro.

Após toda minha higiene, desligo a torneira e tiro minhas roupas, entrando para dentro da banheira.

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