Capítulo 15

Durante a madrugada, Chloe começou a se agitar na cama, presa em um pesadelo que não a deixava em paz. As imagens do acidente de carro que tirou a vida de seus pais voltavam à tona, como se fossem reais. Ela estava no carro com eles, a única que sobreviveu. Lembrava-se do som horrível do impacto, o vidro estilhaçando, o sangue, e seus pais desacordados no banco da frente. O horror daquela cena nunca a deixava, e nos sonhos, ela revivia tudo como se estivesse acontecendo novamente.

Chloe acordou com um sobressalto, o coração disparado, a respiração ofegante. Ela se sentou na cama, tentando se acalmar. Fechou os olhos, inspirando profundamente várias vezes até que sua respiração voltou ao normal. A sensação de sede a fez levantar, então, com passos leves, ela saiu do quarto em direção à cozinha.

Chegando lá, pegou um copo no armário e foi até o filtro de água. O som da água enchendo o copo foi quase terapêutico, e ela bebeu lentamente, sentindo o líquido fresco aliviar sua garganta. Foi então que ouviu passos suaves se aproximando.

Alex apareceu na porta, parecendo surpreso ao vê-la ali.

Alex: — com um meio sorriso. — Você também está sem sono?

Chloe: — voltando à realidade. — Só vim beber um copo de água. E você?

Alex: — suspirando. — Mesma coisa. Já que você está aí, pode encher um pra mim também?

Chloe sorriu e, ainda segurando o copo, virou-se para o filtro, enchendo outro para ele. Alex se aproximou, pegando o copo de sua mão.

Alex: — rindo levemente. — Engraçado pensar que há uma semana, nesse horário, Sophia estava chorando sem parar e a Margaret quase enlouquecendo.

Chloe: — rindo também. — É, foi um alívio pra todos quando ela começou a dormir a noite toda.

Ela entregou o copo a ele, e enquanto ele bebia, Chloe começou a se afastar, pronta para voltar ao quarto. No entanto, Alex a chamou de volta.

Alex: — com um sorriso sugestivo. — Ainda tem pizza na geladeira. E acho que um vinho abriria bem a noite. O que acha de ficar e me fazer companhia? Estou sem sono.

Chloe hesitou por um momento, considerando a oferta. Era tentador. Ela também estava sem sono e, de alguma forma, a ideia de passar mais um tempo com Alex a deixava intrigada.

Chloe: — com um pequeno sorriso. — Ok, por que não?

Alex sorriu, claramente satisfeito com a resposta, e foi até a geladeira pegar a pizza enquanto Chloe buscava duas taças. O momento parecia casual, mas havia uma energia diferente no ar, uma conexão crescendo entre os dois que ia além do simples convívio.

Com tudo pronto, Alex se virou para a garrafa de vinho, tentando abrir com um gesto de cavalheirismo. No entanto, ao puxar a rolha, ele teve um pequeno contratempo, fazendo com que Chloe risse dele.

Chloe: — com um sorriso brincalhão. — Eu pensei que você disse que isso era fácil!

Alex: — franzindo a testa em brincadeira. — É mais difícil do que parece!

Finalmente, após alguns momentos de luta, Alex conseguiu abrir a garrafa. Ele comemorou como se tivesse vencido uma batalha, arrancando risadas de Chloe.

Alex: — triunfante. — Aí está! Um brinde à minha habilidade em abrir vinhos!

Ele serviu um pouco de vinho em uma taça para Chloe e, em seguida, para si mesmo. Após um gole, ele pegou uma fatia de pizza, observando-a com curiosidade.

Alex: — mordendo a pizza e olhando para Chloe. — Então, me conta mais sobre você. O que você gostaria de compartilhar?

Chloe: — arqueando uma sobrancelha. — O que exatamente você quer saber?

Alex: — dando de ombros. — Tanto faz. Estou curioso sobre a sua vida.

Houve um momento de silêncio enquanto Chloe pensava. Então, ele fez uma pergunta que pegou Chloe de surpresa.

Alex: — em um tom mais sério. — E seus pais? Como eles estão?

O sorriso de Chloe desapareceu instantaneamente. Alex percebeu a mudança em seu rosto e imediatamente se preocupou.

Alex: — com um olhar cuidadoso. — Desculpe, eu não quis...

Chloe: — respirando fundo. — Não, tudo bem. Meus pais faleceram quando eu era criança. Foi um acidente de carro. Eu fui a única sobrevivente.

Os olhos de Alex se suavizaram, e ele escutou atentamente, sentindo uma onda de empatia. Chloe continuou, sua voz tremendo ligeiramente.

Chloe: — com uma expressão distante. — Eu lembro de tudo... O acidente, o som, os gritos, o sangue. Aquela cena nunca sai da minha cabeça. Eu ainda tenho pesadelos sobre isso.

Alex: — a tristeza preenchendo seu olhar. — Sinto muito. Realmente é difícil perder algo que amamos.

Houve um silêncio pesado entre eles, e Chloe percebeu que Alex estava se referindo à sua esposa falecida. Ela olhou para ele, vendo a dor em seus olhos.

Alex: — com um tom melancólico. — Ela era tão bondosa, alegre e simpática. Sempre fazia todos ao redor se sentirem bem. Eu... eu a perdi durante o parto de Sophia. Ver alguém que você ama partir assim é devastador. Foi como se eu tivesse abraçado a escuridão.

As palavras de Alex ressoaram em Chloe. Ela entendia a profundidade da dor que ele estava sentindo, e suas experiências de vida começaram a se entrelaçar.

Chloe: — com um olhar solidário. — Sinto muito, Alex. Sua dor deve ser muito mais intensa do que a minha. É difícil imaginar...

Os dois estavam conectados por um entendimento silencioso da perda. Chloe podia ver o quanto Alex lutava para manter-se firme, mesmo com a sombra de sua tragédia pairando sobre ele.

Alex: — balançando a cabeça. — Não há como medir a dor. Cada um tem seu próprio fardo. Às vezes, apenas precisamos de alguém que compreenda, mesmo que não saiba exatamente o que estamos passando.

Chloe: — sentindo a empatia crescer. — É verdade. Às vezes, só precisamos de alguém que ouça, que esteja presente. E isso me faz perceber que, de alguma forma, mesmo em meio à dor, ainda encontramos maneiras de nos conectar.

Eles trocaram olhares, um entendimento profundo passando entre eles. A conversa tinha aberto um espaço seguro onde ambos podiam compartilhar suas dores, criando um laço que parecia se fortalecer a cada palavra.

Alex: — com um leve sorriso triste. — Obrigado por compartilhar isso comigo. Eu não esperava ter uma conversa tão significativa esta noite.

Chloe: — sorrindo de volta. — Eu também não. Às vezes, as melhores conversas vêm quando menos esperamos.

Enquanto a noite avançava, Chloe e Alex se sentiram mais próximos um do outro. Ambos estavam cientes de que suas histórias eram marcadas por perdas profundas, mas também por uma resiliência que os tornava ainda mais fortes. E, juntos, encontraram um novo caminho para seguir em frente, um passo de cada vez.

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