Um Dia diferente dos demais.

Acordei com uma sensação diferente naquela manhã, uma calma boa que eu não sentia há tempos. Abri os olhos devagar, ainda me ajustando à luz suave que entrava pelas janelas enormes do apartamento de Bernardo. Quando meus olhos focaram, lá estava ele, me observando com um sorriso tranquilo, os braços apoiados na cama e o olhar fixo em mim. Senti meu coração acelerar.

Eu sorri de volta, ainda com a cabeça meio zonza pela noite anterior, pela intensidade do que havíamos compartilhado. Era um daqueles momentos raros em que tudo parecia exatamente no lugar certo, como se o universo tivesse conspirado para nos trazer até aqui.

— Bom dia, dorminhoca. — Ele disse, a voz rouca de quem também acabava de acordar, mas com um tom tão suave que me fez sentir ainda mais próxima dele.

— Bom dia... — murmurei, ainda sorrindo. Me espreguicei levemente, deixando meu corpo relaxar ainda mais na cama. — Quanto tempo você está me olhando?

— O suficiente pra perceber que essa é a melhor manhã que eu já tive. — Ele disse, com um sorriso satisfeito, e me senti derreter mais um pouco.

A paixão entre nós estava acesa, isso era inegável. Havia uma energia, uma euforia no ar que tornava cada gesto, cada palavra carregada de um significado mais profundo. Não era apenas o que tínhamos vivido na noite anterior, mas o que estávamos construindo agora, com esses pequenos momentos.

Eu estendi a mão e toquei de leve o rosto dele, sentindo a barba por fazer arranhar suavemente meus dedos. Bernardo inclinou-se e beijou a palma da minha mão, seu olhar ainda fixo no meu.

— Não quero que isso acabe. — Sussurrei, sem saber bem por que estava confessando isso, mas sentindo a necessidade de dizer em voz alta o que já estava pulsando dentro de mim.

— Não vai acabar, Ísis. — Ele respondeu de imediato, a voz firme, mas com uma doçura que fez meu coração disparar. — Eu quero mais disso, mais de nós. E sei que você sente o mesmo.

Eu assenti, deixando o momento nos envolver. Estávamos em uma euforia boa, uma mistura de sentimentos que se confundiam com a certeza de que, juntos, estávamos criando algo poderoso.

Ele me olhava com aquele sorriso no rosto, os olhos cheios de um brilho que me fazia querer ficar ali para sempre.

— Você tem planos pra hoje? — Ele perguntou, a voz carregada de uma leve curiosidade, mas com um toque de brincadeira que eu já conhecia bem.

Eu sorri de forma meiga, mas não consegui evitar a provocação no olhar.

— Não... mas acho que você tem. — Respondi, arqueando uma sobrancelha, fingindo ser inocente.

Ele riu, negando com a cabeça, mas mantendo o clima divertido.

— Eu? Nada disso. — Ele respondeu, com a mesma brincadeira no tom, e ambos rimos juntos.

O som da nossa risada preencheu o ambiente, e foi naquele momento que percebi o quanto eu estava feliz ali. As palavras de Bernardo, no entanto, logo voltaram a me fazer flutuar.

— Posso ter muito o que fazer, mas nada será mais importante do que estar aqui, com você. — Ele disse, com uma sinceridade tão desarmante que eu me senti derreter por dentro.

Aquelas palavras me pegaram de surpresa, me deixando ainda mais envolvida. Eu o encarei por um segundo, sem saber exatamente o que responder, mas sentindo uma onda de calor me invadir.

— Acho que estamos pensando igual, então. — Falei, meu sorriso suave, mas cheio de significado.

Eu sabia que, com ele, cada dia poderia ser assim — cheio de surpresas, momentos leves e intensos, e a certeza de que o que estávamos construindo não era algo passageiro.

Bernardo se levantou da cama com aquele brilho travesso nos olhos e, antes que eu pudesse perguntar o que ele estava aprontando, ele disse:

— Fica aí, vou te surpreender.

Eu apenas ri, me recostando nos travesseiros enquanto ele desaparecia pela porta do quarto. Alguns minutos depois, o cheiro irresistível de café fresco e algo sendo preparado começou a invadir o ambiente. Minha curiosidade aumentou, e não resisti por muito tempo. Levantei-me e caminhei até a cozinha.

Quando cheguei lá, vi Bernardo de costas, mexendo algo nas panelas. Ele estava concentrado, mas ainda assim sorria de lado, como se já soubesse que eu o observava. Cheguei mais perto e o abracei por trás, sentindo o calor do corpo dele e o cheiro delicioso do café da manhã.

— Surpresa? — Ele perguntou, rindo, sem se virar.

— Mais do que isso. — Respondi, rindo também, enquanto apoiava o queixo em seu ombro.

O café da manhã virou uma diversão inesperada. Ele insistiu que eu não precisava fazer nada, mas claro que eu não consegui resistir. Logo, estávamos os dois na cozinha, entre risadas e brincadeiras, preparando ovos mexidos, torradas e frutas. A cada minuto, ele me puxava para um abraço ou um beijo, tornando impossível não sorrir.

— Cuidado, vai queimar! — Falei, rindo, quando ele tentou me beijar enquanto os ovos ainda estavam no fogo.

— Não se preocupa, eu consigo fazer tudo ao mesmo tempo. — Ele disse, me puxando pela cintura e me beijando rapidamente, antes de voltar a mexer na panela.

A manhã se passou assim, entre beijos roubados, abraços apertados e aquela sensação de que estávamos construindo algo leve, algo nosso. Tomamos o café da manhã juntos, sentados no balcão da cozinha, e o tempo parecia não existir.

Quando a tarde chegou, decidimos ficar por ali mesmo, aproveitando a preguiça que vinha depois de uma noite intensa e uma manhã de diversão. Bernardo me puxou de volta para a sala, e nós nos jogamos no sofá. Ele me abraçou, e eu me aninhei no peito dele, sentindo seu braço envolver meus ombros.

Conversamos sobre tudo e nada ao mesmo tempo. A tarde foi uma mistura de risadas, histórias, e momentos de silêncio confortável, onde as palavras não eram necessárias. Ele fazia pequenos gestos, como brincar com meu cabelo ou beijar minha testa, que faziam meu coração acelerar de um jeito bom.

A conexão entre nós dois parecia se fortalecer a cada minuto, e, à medida que o sol descia, senti que aquele dia, aquela tarde, era um dos melhores que já tive. Bernardo fazia com que tudo parecesse fácil, natural, como se estivéssemos exatamente onde deveríamos estar.

— Sabe... — ele disse, depois de um longo momento de silêncio, enquanto traçava pequenos círculos nas minhas costas. — Eu poderia passar o resto dos meus dias assim. Só você e eu, sem pressa, sem complicações.

Sorri, olhando para ele, sentindo que, naquele momento, não precisava de mais nada além disso.

— Eu também... — sussurrei, antes de inclinar-me para beijá-lo, mais uma vez, sabendo que, com ele, cada dia seria uma nova aventura que eu estava disposta a viver.

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O dia tinha sido perfeito, um daqueles dias que a gente guarda na memória com carinho, sabendo que vai lembrar pra sempre. Enquanto eu arrumava minhas coisas, já sentindo a realidade bater de leve, não pude evitar um suspiro.

— Foi um ótimo dia, Bernardo. Na verdade, acho que foi um dos melhores que já vivi. — Falei, sorrindo para ele, mas com aquele toque de melancolia que vem quando a gente sabe que algo bom está prestes a acabar.

Ele estava sentado no sofá, me observando com aquele olhar que já me desarmava. Não parecia nada satisfeito com o fato de que o dia tinha chegado ao fim.

— Tem certeza que tem que ir? — Ele perguntou, com a voz baixa, puxando o tom manhoso que eu sabia muito bem onde ia dar. — Poderia dormir aqui, sabia?

Me virei para ele, tentando não rir. Bernardo já tinha aprendido a usar a sedução como sua arma mais eficaz, e eu sabia que ele estava armando algo assim que se levantou e veio na minha direção. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, senti os lábios dele no meu pescoço, suaves, mas o suficiente para me fazer arrepiar por completo.

— Bernardo... — Sussurrei, tentando manter a voz firme, mas ele sabia que eu estava lutando contra o desejo de ficar ali, de prolongar aquela sensação boa. Ele continuava, o beijo descendo pelo meu pescoço enquanto suas mãos seguravam minha cintura, me puxando para mais perto.

— Você tem certeza? — Ele murmurou contra a minha pele, a voz rouca e maliciosa, provocando de propósito, e me fazendo sentir um arrepio percorrer meu corpo. — Porque eu poderia fazer isso a noite toda...

Eu fechei os olhos por um segundo, me perdendo naquele toque, naquele momento. Mas, com um esforço enorme, abri os olhos e afastei um pouco o rosto para encara-lo.

— Eu realmente preciso ir, Bernardo... — Falei, mesmo sem querer. — Tenho que organizar um monte de coisas para amanhã, você sabe.

Ele soltou um suspiro dramático, mas o sorriso ainda estava ali, aquele sorriso de quem sabia exatamente o que estava fazendo.

— Tudo bem... — Ele disse, sem tirar as mãos da minha cintura. — Mas saiba que você está partindo o meu coração. — Ele falou, meio brincando, meio sério, e eu ri, incapaz de resistir àquele jeito dele.

— Eu volto. — Respondi, com um sorriso sincero, enquanto dava um passo para trás, já sentindo falta de tudo antes mesmo de sair pela porta.

Ele me deu um último beijo, suave, mas cheio de promessas, e eu sabia que o que tínhamos ali estava longe de acabar.

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