Como um Beija-flor.

Na manhã seguinte ao nosso encontro, acordei com o sol invadindo o quarto pelas frestas da cortina. Espreguicei-me devagar, tentando prolongar aquela sensação de leveza que o encontro com Bernardo tinha deixado. Ele tinha algo... misterioso. O jeito como ele me olhava, como se estivesse sempre um passo à frente, me deixava intrigada.

Peguei o celular, meio distraída, e abri as mensagens. O coração deu um salto rápido de expectativa, mas logo voltou ao ritmo normal. Não tinha nenhuma mensagem dele. Fiquei olhando para a tela, como se o simples ato de encarar o celular pudesse fazer uma mensagem aparecer do nada. Mas nada.

Suspirei, sentindo aquela pontada de frustração. Por que ele não mandou nada? O encontro tinha sido ótimo, pelo menos pra mim. Eu estava esperando, sei lá, um "bom dia", ou um comentário sobre a conversa que tivemos. Qualquer coisa. Mas nada veio.

Sacudi a cabeça, tentando espantar esse pensamento. “Eu não vou mandar mensagem. Se ele quiser falar, ele que me procure,” pensei, tentando me convencer de que estava tudo bem. Eu não ia ser a primeira a correr atrás. Orgulho... às vezes, ele era mais forte do que eu. Mas, enquanto eu me levantava da cama e seguia a rotina matinal, a expectativa ainda estava ali, me incomodando como uma picada de mosquito.

Os dias seguintes foram uma loucura. A quantidade de casamentos que eu tinha para organizar estava me consumindo. Desde reuniões com noivos indecisos até fornecedores que sempre atrasavam prazos, minha cabeça estava a mil. Isso me ajudou a não pensar tanto nele, pelo menos por alguns dias. Mas, sempre que tinha um segundo livre, lá estava eu, checando o celular, esperando alguma mensagem. E nada.

A semana passou voando, e o dia da lavanderia chegou de novo. Aquele mesmo dia em que nos conhecemos. Eu sabia que era ridículo, mas me peguei indo para a lavanderia no mesmo horário, como se houvesse alguma chance de encontrá-lo lá de novo. O coração apertado de ansiedade, tentando não criar expectativas, mas falhando miseravelmente.

Cheguei à lavanderia e, automaticamente, meus olhos vasculharam o local. Meu coração caiu um pouco quando percebi que ele não estava ali. "Talvez ele ainda apareça", pensei, me agarrando à ideia. Comecei a colocar as roupas na máquina, tentando me distrair com o celular ou com qualquer coisa que pudesse tirar minha mente dele. Mas, enquanto o tempo passava, a esperança de que ele aparecesse foi diminuindo.

Cada barulho de porta abrindo me fazia levantar os olhos, na esperança de vê-lo entrando. Mas cada vez, era apenas alguém desconhecido, ou ninguém. Sentei-me em uma das cadeiras da lavanderia, observando a máquina girar, a frustração crescendo dentro de mim. O tempo passava devagar, e, a cada minuto, a ausência dele parecia pesar mais.

"Por que eu tô aqui, esperando por alguém que nem se deu ao trabalho de mandar uma mensagem?" pensei, irritada comigo mesma. Eu não era esse tipo de pessoa. Eu não esperava. Eu não ficava sentada, ansiosa por atenção. Mas ali estava eu, esperando por ele como uma adolescente apaixonada.

O tempo parecia se arrastar, e, quando a máquina finalmente parou, eu soube que ele não ia aparecer. Com um suspiro pesado, comecei a tirar as roupas da secadora, tentando me convencer de que isso não era grande coisa. Que eu estava bem. Mas, no fundo, a frustração era palpável.

Até que meu celular soou, o toque conhecido da notificação de mensagens. Larguei tudo e peguei o aparelho, meu coração deu um salto quando viu seu nome na tela, ao abrir tive a surpresa.

—Está perfeita hoje com essa jardineira, e essa franjinha tão linda. É uma pena que não pude ter o prazer de te ver.

Olhei em volta abismada, ele não estava aqui, como saberia o que estava vestindo?

Apressei meus dedos a digitar.

— Como sabe que estou com jardineira? você está aqui?

A mensagem logo foi respondida.

— Tenho meus truques...

Deixou no ar aquele ato misterioso, olhei novamente em volta, só tinha funcionários e poucos usuários.

 — É sério, está me assustando.. Como sabe?

Fui mais direta, isso me deixou nervosa.

— Tenho um amigo dentro dessa lavanderia, só pedi um favor, só isso.. Uma foto apenas se você aparecesse, não é como se eu fosse te sequestrar Franginha..

Soltei um suspiro aliviado mais logo veio outra mensagem.

— Só se você quiser.

Meu coração foi ao delírio, ao mesmo tempo que sentia uma euforia dentro de mim, tão curiosa.

também sentia que algo estava errado.

 Outra mensagem chegou.

— Não consigo esquecer teu beijo.

Olhei em volta, temendo alguém bater fotos das minhas reações, mas a verdade é que eu mal conseguia me conter, era tão gostoso o clima que ele me causava, como meu corpo todo irradiava quando falava com ele.

— Consegue sim, passou a semana sem falar comigo. — Escrevi rancorosa.

— Foi dias puxados aqui no trabalho, imagino que os seus também, pois não recebi nenhuma mensagem sua.

Sua mensagem me fez pensar, ele sabia muito sobre mim, quer dizer.. Mas do quê eu sabia dele ao menos.

Ele sabe onde é meu restaurante favorito, sabe quem é meu pai e que é dono de estabelecimento. ele até me trouxe pra casa.

E eu? O que sei dele? só... seu nome?

Outra mensagem surgiu.

— Quero te ver hoje! — Curta e direta.

—Eu não sei, vai que amanhã você finge que eu nem existo.. não sou esse tipo de garota de encontros casuais e de momento. — Respondi seria.

outra mensagem voltou, desta vez mais incisiva.

— Você não é, e tenho ainda mais certeza disso. Eu gosto do seu jeito franjinha, me dê essa oportunidade, prometo, amanhã você será muito mais do que "alguém que não existe" pra mim.

Ok.. Isso foi intenso! - pensei.

Logo digitei:

— Tudo bem, eu vou dar essa segunda chance a você, escolha o lugar desta vez, me surpreenda.

Abrir um sorriso ladino, satisfeito e recebi sua mensagem.

— Pode deixar. Te pego as 19h no mesmo lugar que te deixei a última vez. sua casa não é? Espero não ter sido enganado. — Soou humorado — Vai se surpreender!

Baixei o celular com um sorriso bobo nos lábios, eu fiz isso mesmo? Marquei com o cara que me deu um grande gelo essa semana? Que veio, roubou um beijo e partiu como um beija-flor?

Suspirei, negando sutilmente. bom ... Eu também fiz isso.Deixeii o orgulho falar mais alto e ele tinha razão.

tínhamos vidas no trabalho e o dele parecia ser tão corrido como o meu.

Só espero não me arrepender, minha vida está boa de mais pra entrar em furada agora.

...(...)...

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