À margem do acampamento, enquanto o grupo se servia naquela noite bem estrelada, algo nos arbustos sussurrava ruídos sigilosos, com uma respiração irregular e macabra, espreitando-os como se esperasse o momento certo, oculta pela sombra das árvores, a criatura os observa silenciosamente. Seus olhos, duas esmeraldas cintilantes na penumbra, acompanham cada movimento ao redor da fogueira. Ela se move com a leveza de uma brisa, quase imperceptível, um sussurro na tapeçaria da noite, suas orelhas, pontudas e atentas, captam os risos e conversas, girando sutilmente em direção a cada novo som. Em seguida a sombra adentra a floresta. Após todos terminarem a refeição, Ethan se prontifica para fazer a primeira guarda do turno, logo Dancan se levanta e diz que quer ficar de guarda com ele, todos concordam em seguida os outros vão para as barracas descansar. Eles tomam suas posições de guarda naquela noite estrelada. Horas se passam e apenas farfalhares de folhas e ruídos da floresta são ouvidos, no fim de seu turno eles trocam de lugar com Kainna e Fred, em seguida a próxima troca de turnos foi de Amanda e Karla. As duas observam atentamente ao redor, e o Sol nasce como chamas ao horizonte, marcando o alvorecer de um novo dia, ela vão para as barracas e acordam os que estamos dormindo, rapidamente eles se levantam e começam a organizar suas coisas para partirem. Porém Karla decide que quer ir ao banheiro.
---Faça aqui mesmo, é só virar de costas e...--- Propõe Ethan antes de ser interrompido por um croqui em sua cabeça.
---Arghh!! Mas que diabos, quem ousa!--- Ele vira-se e vê que a própria Karla o bateu. ---Grhh... Era só uma alternativa...--- Resmunga passando a mão em sua cabeça, a olhando com birra e olhos lacrimejados.
Ninguém permite que ela vá sozinha, então Fred decide ir com ela, mesmo que ela fique um pouco relutante com a ideia. A medida que entram na floresta, a luz do sol matinal filtra-se através das copas das árvores, criando um mosaico de luz e sombra no chão da floresta. O ar fresco da manhã mistura-se com o aroma terroso da vegetação e o orvalho que ainda cobre as folhas. O som é um concerto natural: o canto dos pássaros, o zumbido dos insetos e o farfalhar das folhas sob seus pés compõem a trilha sonora da floresta. A cada passo, você pode notar pequenas criaturas se movendo na vegetação rasteira e o ocasional vislumbre de animais maiores entre as árvores, quanto mais eles adentram a floresta, mais distante a segurança dos outros fica, uma neblina matutina começa a cercar a floresta. Fazendo Fred parar de repente, sentindo um arrepio na espinha.
---Karla, eu acho que aqui já está longe o suficiente, se formos mais longe vamos nos perder...--- Diz Fred um pouco ansioso, observando ao redor com cautela.
---Grhh... Tudo bem, mas não olhe para mim!--- Diz andando 3 metros mais para frente para ficar atrás de um arbusto.
---Não se preocupe, eu não vou olhar uma mulher seminua contra sua vontade.--- Ele vira-se de costas para Karla, levantando suas mãos até sua cabeça, apoiando-a nelas, fechando seus olhos para ouvir a orquestra da natureza matutina, os abrindo para observar as copas das árvores dançarem o ritmo sinuoso dos ventos, de repente, sons de gravetos sendo quebrados e folhas secas sendo esmagadas ecoam entrem os sons de farfalhar, o canto das aves cessa e seu vôo ecoa pela densa floresta, Fred desfaz sua posição relaxada e observa ao redor atentamente com batimentos acelerados, tentando enxergar algo sobre a neblina, sua respiração começa a ficar irregular.
---Kar... Karla, já está pronta? Podemos ir? --- Diz um pouco ansioso com respiração pesada, pondo sua mão em sua adaga que estava em sua cintura.
---Só um minuto...---Diz enquanto abotoa sua calça. Os sons de galhos e folhas secas sendo esmagados se torna quase imperceptíveis e ameaçadores, como se uma criatura se movesse com uma quietude perturbadora, cada passo cuidadosamente medido para evitar qualquer som. Sua silhueta é irregular, são dois pontos luminosos que brilham com uma luz fria e incolor, semelhante à de um animal predador à noite. Não há calor neles, apenas um vazio que parece sugar a luz ao redor. A penumbra da floresta parece se agarrar a ela, como se fosse feita da própria escuridão. Fred fica tenso e se aproxima de Karla, que se assusta com sua aproximação repentina dos arbustos.
---Corre! --- Ele puxa sua mão e ela corre com ele, quando ela olha para trás uma figura turva se esgueirava por entre as árvores e arbustos. Esta criatura era como um ser das sombras e dos contos esquecidos, avança lentamente, emanando uma presença que é ao mesmo tempo fascinante e aterrorizante. Ela é a personificação dos medos ancestrais que se escondem nas profundezas das florestas escuras e inexploradas. Karla arregala os olhos e começa a correr por conta própria, a figura começa a correr também, ela é muito rápida e cada vez mais vai perdendo distância, os dois se desesperam e correm o mais rápido que podem, Fred tropeça em uma raíz e rola para baixo de um pequeno morro, batendo sua cabeça em uma pedra. Karla continua correndo para frente desesperadamente, mas ela não é mais rápido que a fera. Fred acorda com uma dor em sua cabeça, ele passa a mão e percebe um pequeno sangramento.
---Grh... Karla...? --- Ele olha ao redor, mas não vê nem ouve nada além da floresta. Ele decide subir o morro que caira, a neblina da floresta deixa o caminho obscuro e sombrio, ele tenta seguir o caminho que Karla fez, procurando pistas em galhos e folhas quebrados.
---Karla... Cadê você? --- Ele fala sentindo uma dor pulsante em sua cabeça, ele caminha lentamente até ouvir sons de estranhos de estalação e mastigação, ele sobe seu olhar e se depara com uma cena horrível, à medida que ele foca seu olhar na criatura é notável os detalhes de sua aparência: as marcas distintas em sua pele que contam histórias de sobrevivência, os músculos que se movem sob seus finos pêlos com cada movimento, e as garras que revelam a agilidade de um predador. A besta não faz barulho algum além de uma respiração quase imperceptível, um sussurro que parece carregar consigo os lamentos da floresta. Karla estava nos braços dela com seu pescoço sangrando muito, enquanto a besta devorava suas viceras, ela respira com dificuldade, aumentando o fluxo do sangramento em seu pescoço, os olhos de Fred se arregalam, seu coração acelerado e sua respiração fica pesada, ele cerra os punhos e range os dentes pronto para morrer lutando. Porém ele exita quando percebe o olhar de Karla, ela ainda estava viva e parecia querer dizer algo, ela movimenta seus lábios, mas sua voz fora roubada quando sua garganta fora cortada, ela tenta mover um de seus braços e aponta em direção do acampamento, como se quisesse que ele fosse embora. Com anceio e lágrimas nos olhos ele assente com a cabeça e corre rumo ao acampamento, a besta esguia que a estava devorando ouve seus sons desastrosos, mas decide continuar a refeição.
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Atualizado até capítulo 41
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