A missão

A jovem continua seu treinamento, desferindo golpes com uma velocidade impressionante. De repente, o jovem entra na sala de treino parando para observá-la a uma distância segura, pousando uma de suas mãos em sua cintura.

--Não se esforce tanto, isso não lhe fará bem algum, Kainna.-- Insinua a observando com um olhar de deboche e um sorriso maroto. Kainna apenas o olha de soslaio e continua sua sequência de golpes.

Notando o desinteresse da jovem, Siva pigarreia e reformula sua frase.

---Eu vim a mando do comandante. Ele deseja sua presença imediata na sala dele...---Diz em tom firme com o intuito de chamar sua atenção. "Algo não está certo, meu pai não chamaria ela em sua sala se não fosse algo extremamente importante."

A jovem para por um momento, apenas para suspirar e depois voltar ao treino. "O que ele está dizendo? Será apenas mais uma de suas brincadeiras sem graça?"

Siva percebe que Kainna não acreditou em suas palavras e fica nervoso.

---Eu estou falando sério!--- O jovem se aproxima com passos pesados e punhos serrados, seu semblante esboçava sua indignação com a falta de respeito da garota.

Kainna finalmente para de treinar e olha para Siva, sua expressão indiferente.

---O comandante pode esperar um pouco mais? Estou no meio do meu treinamento agora.--- Questiona com indiferença, mantendo uma postura ereta e alerta, observando o rosto fechado que a encara de punhos serrados. "Ele está muito sério para ser apenas uma brincadeira, será mesmo verdade?"

De repente Siva ataca Kainna de surpresa, com um soco, mas é surpreendido quando a mesma para seu golpe com uma das mãos. Rapidamente a jovem desfere um contra-ataque com seu punho esquerdo o acertando em cheio, fazendo-o cambaleiar para trás. Siva cospe um pouco de sangue por ter cortado seu lábio inferior com o golpe de Kainna.

---Você não muda nada, sempre precisa nos golpes...--- Ele a olha determinado, limpando seu lábio e partindo rapidamente para outro ataque. chutes e socos são efetuados e rebatidos por ambos, os dois seguem nessa luta intensa.

Kainna sorri e se move para bloquear os ataques de Siva, seu corpo é um borrão enquanto ela desvia dos golpes com habilidade. Ela contra-ataca rapidamente, acertando Siva no rosto com seu punho direito. O jovem cai no chão levantando poeira.

---Grrhhh!!--- Exclama com o impacto de seu corpo no chão.

---Você não é pário para mim sem suas armas, Siva, desista.--- propôs Kainna o observando no chão. O jovem cospe o sangue de sua boca novamente, em seguida levanta e limpa a poeira de suas roupas. O rapaz corre na direção da jovem e desfere um golpe que é facilmente esquivado, porém em seguida ele usa a esquiva da jovem contra ela, deslizando ao redor de seu corpo até conseguir aplicar um "mata leão". Siva usa a velocidade de sua esquiva para executar um mata leão em Kainna, imobilizando-a no chão. Ele sorri maliciosamente e puxa uma faca do seu cinto.

---Eu nunca saio do quarto sem elas...---Ele aponta a faca para o rosto da jovem que faz um movimento preciso acertando sua cabeça contra o rosto dele, o fazendo afrouxar o aperto dando-lhe a oportunidade para escapar.

Enquanto Siva geme de dor, Kainna rapidamente assume uma posição de luta, sua expressão mostrando determinação. Ela faz um movimento rápido para desarmar Siva.

---Argh!--- O jovem esguio tem sua faca derrubada por um chute veloz desferido por sua oponente, fazendo-a cair a alguns metros de distância.

Kaina se apressa para pegar a pequena lâmina cortante, em seguida o imobiliza com a mesma. Siva luta contra o aperto de Kainna, tentando se libertar. Ele tenta se desvencilhar usando sua força, mas usa sua perna para derrubá-lo novamente.

Deitado no chão Siva é mais uma vez imobilizado, Kainna segura um de seus braços em uma posição onde ele não consiga se mover e com a outra mão segura a faca em seu pescoço.

---Argh, aí, aí, acho que já chega, você já não treinou o suficiente?--- Pergunta o jovem visivelmente desconfortável ao ser imobilizado daquela maneira.

---Pare de falar, Siva. Você sabe muito bem que não treinou o suficiente até agora!--- Ela aperta mais seu braço e empurra a faca um pouco mais perto do pescoço dele.

---Argh, estamos falando de você ou de mim? Ah! Meu braço!--- Exclama o rapaz após Kainna forçar seu braço imobilizado.

Após alguns minutos de tensão e agonia, Kainna se levanta, liberando-o e jogando sua faca no chão, fazendo ela cair fincada no chão, refletindo sua imagem como se fosse um espelho afiado e mortal. "Embora ele seja apenas um bobão, irei acretar em suas palavras..."

---Estou indo... para a sala do comandante.---Ela vira-se e caminha até a saída da sala.

---Ai... cruel como sempre...--- Siva se levanta desnorteado, sacode a poeira e retrucando enquanto a observa se distanciar lentamente. "Espero que não seja algo perigoso..."

Kainna sai da sala de treinamento, deixando Siva para trás. Ela continua seu caminho até a sala do comandante. Subindo escadas, atravessando corredores desviando de corpos estressados pela agitação dos treinos e situação, ignorando tudo em sua volta ela segue adiante até chegar em uma grande porta, ela se prosta diante dela e exita em batê-la, após seu batido ecoar pelo corredor, ela ouve uma voz grave e rouca confirmando sua entrada.

Kainna entra na sala do comandante e se curva respeitosamente diante da figura imponente e respeitosa.

---Comandante, você me chamou?--- Pergunta ainda em dúvida sobre a informação recebida por Siva.

---Sim. Há algo que só você pode fazer nesse momento...--- Ele faz uma pausa, analisando cada parte da jovem, o que a deixa um pouco tensa.

---Diga-me, Comandante. O que você precisa de mim?--- Ela tenta se manter calma enquanto olha para ele.

O comandante pega uma pasta embaixo de alguns arquivos em sua mesa e começa a folhear, Em seguida começa a ler.

---Kainna, sem sobrenome e sem data de nascimento, uma jovem mulher que não possui pais vivos e não conhece outros parentes. Tem bom porte físico e é um bom soldado, usa faixas em seu rosto para cobrir ferimentos severos dos quais desconhece a origem. Nunca foi em uma missão fora dos muros da base Pi, esta base.--- Após concluir, ele fecha o arquivo e entrelaça seus dedos, curvando seu corpo até deixar seu queixo próximo aos dedos entrelaçados, olhando-a fixamente.

Kainna sente uma sensação de nervosismo ao ouvir o comandante ler sua ficha. Ela tenta se manter calma, mas suas mãos começam a suar, concordando com um aceno de positivo com a cabeça.

O comandante suspira e se apoia em sua cadeira.

---Está insinuando que você não faz ideia de quem é, nem de onde veio?--- Questiona rispidamente em busca de alguma informação a mais.

---Não, Comandante. Eu não tenho memórias de minha infância ou de onde eu vim. A única coisa que me lembro é ser treinada para se tornar uma soldado aqui na base Pi.--- Responde com franqueza, o encarando.

O comandante ouve suas palavras atentamente depois se inclina para frente olhando-a com serenidade.

---É comum recrutarmos crianças como você por aqui, porém não é normal uma outra base pedir exatamente por essa criança para que vá até sua base. É o seu caso. Recentemente, eu recebi uma carta de uma base desconhecia localizada na antiga América do Sul que hoje chamamos de região das águas, é uma base localizada ao Sul da América do Norte, onde a base Pi e o centro Cascata está localizado. Recentemente eles enviaram uma carta estranha pedindo seu apoio em uma missão interna...--- Ele faz uma pausa esperando por algum comentário da jovem, aproveitando seu silêncio para pegar um papel enrolado em uma das gavetas de sua mesa.

---Uma missão interna? Mas eu não entendo... por que eles precisam de mim especificamente para esta missão?--- Pergunta incrédula e intrigada com a notícia.

O comandante observa atentamente seus semblantes nervosos e confusos e percebe que ela não poderia estar relacionada com isso.

---Bom, isso é o que queremos saber. Na carta pedia apenas que você fosse e mais ninguém, o que é preocupante, já que até onde sabemos, você nunca saiu desses muros e não enfrentou o inferno fora deles, será perigoso para um soldado inexperiente atravessar toda a vegetação densa e percorrer todo o caminho até essa base desconhecida localizada do outro lado do continente.--- Encarando-a com um semblante neutro, ele cruza os braços e se inclina para trás na cadeira.

---É o que eu quero que você faça, descubra o que eles querem com você e nos mantenha informados sobre essa base, já que não sabíamos da sua existência até agora, nenhuma das outras bases sabe o que acontece por lá. Nós não temos outra escolha, você deve ir o quanto antes.--- Finaliza em tom sereno e preocupado, voltando para sua mesa, desenrolando o papel na mesa.

---Esse é o mapa de antes de perdermos os contatos com nossos satélites a 4 anos atrás, o território continua o mesmo até o antigo Texas, a partir daí não conseguimos avançar mais para atualizarmos o mapa. Supondo que nada tenha mudado, você deverá seguir este caminho até encontrar esse riacho, depois irá seguí-lo até chegar nessa montanha, lá você conseguirá enhergar um pequeno centro chamado Plumas, nele possuí uma fábrica de aviões antigos do modelo junkers J I que com dificuldades ainda conseguem mantê-los ativos.--- Diz enquanto aponta a rota mais segura para a jornada.

--Eu entendo, Comandante. Irei à esta base desconhecida e descobrirei tudo sobre ela... farei o meu melhor para cumprir suas ordens.-- Kainna aceita a missão e faz continência, esperando alguma outra instrução.

O comandante assente com a cabeça entregando o mapa para o soldado jovem e inexperiente que acabara de mandar em uma missão perigosa, Kainna pega o mapa e sai da sala um pouco tensa e emocionada, era sua primeira missão fora dos muros e ela estava pronta para o desafio, embora não tivesse experiência lá fora. Ela parte para seu quarto, passando pelo jovem de cabelos pretos que acabara de treinar juntos, ele a olha como se quisesse saber o que aconteceu na sala do comandante. A jovem arruma sua mala e se prepara para sair da base.

Kainna se certifica de ter tudo o que precisa para a sua viagem, incluindo roupas adequadas e equipamentos necessários. Ela pega uma mochila com alguns suprimentos extras, armas e ferramentas de sobrevivência. Antes de sair da base Pi pela primeira vez em sua vida, ela não pode deixar de sentir um pouco de medo ao pensar na dura jornada à frente, parada em frente ao portão de saída para a floresta da base Pi, a jovem suspira, fechando seus olhos ao sentir a brisa fresca em seu rosto.

De repente passos rápidos são ouvidos cada vez mais perto, uma respiração ofegante chamava a atenção de quem a pudesse ouvir.

--Ei!... não vá tão... rápido...!-- Exclama ofegante.

Kainna se vira e reconhece o dono da voz, era Siva que corria em sua direção para uma despedida. Ofegante ele continua.

--É muito... perigoso... você não deve... ir... só...-- Em busca de ar e palavras o rapaz tenta impedí-la de ir.

--Eu sei, Siva. Mas não posso recusar uma missão direta do Comandante... preciso ir para a base Beta e descobrir o que eles querem comigo. Você entende?--

Siva faz uma careta de reprovação e frustração. "Se ela for sozinha... Ela morrerá... Ela não vai me ouvir... Mas..."

--Droga! Então... me deixe ir com você!-- Grita com semblante irritado e preocupado.

--Você não pode vir, eu tenho que ir sozinha.--A jovem explica em alto tom. enquanto o rapaz range os dentes frustado. Em seguida a jovem sai da base, seguindo o caminho indicado no mapa pela floresta densa.

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