A Guerreira Do Fogo
As sombras da noite se estendiam como dedos longos sobre a pequena cabana de madeira, e o crepitar da lareira ecoava pelo ambiente, quebrando o silêncio com pequenos estalos que pareciam sussurrar segredos antigos. Alaric e Kiara, gêmeos de olhos profundos e curiosos, sentavam-se diante das chamas, hipnotizados pelo jogo dourado que dançava nas paredes e refletia em seus rostos. Havia algo nas chamas daquela noite, algo que parecia murmurar promessas e advertências ao mesmo tempo.
Seus pais, Edgar e Angeline Huntington, observavam atentamente, cada gesto carregado de um cuidado silencioso. Edgar, com sua postura firme de general e os ombros marcados por batalhas antigas, exalava autoridade e proteção. Angeline, por outro lado, era a calma em forma humana, sua voz doce e melodiosa contrastando com a gravidade do olhar do marido.
— Meus queridos — começou Angeline, a voz quase flutuando sobre o calor da lareira — Vocês sabem que o imperador permite o uso dos dons, mas também exige equilíbrio. Dom sem controle é como fogo sem guia… destrói tanto quanto ilumina.
Alaric e Kiara trocaram um olhar, o vínculo invisível que os unia parecia brilhar entre eles, um fio invisível de compreensão e destino compartilhado.
— Vocês têm dons que poucos possuem — continuou Edgar, a voz carregada de gravidade — Mas com isso vem a responsabilidade de saber até onde ir e quando se conter. Não é apenas sobre proteger a aldeia… é sobre compreender a própria essência do que carregam.
Kiara apertou a mão do irmão, e Alaric assentiu com firmeza, a determinação nos olhos refletindo tanto orgulho quanto medo.
— Nós entendemos, mamãe — disse ele, a voz firme, mas carregada de um peso que só os que veem além podem sentir.
— Não queremos trazer confusão… nem perigo à nossa aldeia — completou Kiara, olhando para as sombras que se alongavam pelas paredes.
Os pais respiraram aliviados, mas os olhares que trocavam carregavam uma preocupação silenciosa, um pressentimento do que poderia estar à espreita além da floresta, nos caminhos que o tempo ainda não havia revelado.
Enquanto a noite se aprofundava, as chamas lançavam sombras que pareciam ganhar vida, dançando pelo chão e pelo teto, formando silhuetas que lembravam formas humanas e criaturas que ninguém ousaria nomear. E no sussurro do vento que passava pelas frestas da cabana, parecia ecoar algo mais do que o frio da noite: um aviso velado de que o futuro não seria gentil.
Alaric e Kiara, ainda imersos em seu vínculo silencioso, não sabiam que aquela noite marcava o limiar entre a segurança da infância e a vastidão incerta que seus dons trariam. Algo antigo, algo que o mundo esquecera, estava acordando… e o destino deles seria entrelaçado a isso de maneiras que nenhum mortal poderia prever.
O crepitar da lareira continuava, e a noite se tornava ainda mais densa, carregada de mistérios, promessas e sombras que pareciam sussurrar: a verdadeira história apenas começou.
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Atualizado até capítulo 146
Comments
Emma
Começou demais!
2024-08-01
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