Miguel Cooper
Saí do quarto de hóspedes sem olhar para trás, meus passos ecoando pelos corredores vazios da mansão. A casa estava totalmente silenciosa, e as palavras que falei para Malu não saíam da minha mente, ainda ressoando na forma cruel como a tratei.
Desci as escadas rapidamente, tentando fugir dos ecos das minhas próprias palavras. Entrei no meu escritório, bati a porta com força e me joguei na poltrona de couro. Passei as mãos pelos cabelos e tomei uma dose de uísque forte. Levantei-me e comecei a andar de um lado para o outro no escritório, em passos pesados. Não deveria ter provado o maldito gosto daquela pequena ninfeta, não deveria ter trazido ela para debaixo do mesmo teto que eu. Mas, desde que a conheci, ela tem mexido com minha vida e se tornado meu pior desejo. Talvez se eu tivesse agido da maneira certa e não tivesse sido o verdadeiro lixo que fui ao falar tudo aquilo para ela...
"Você é descartável, um lixo."
O gosto amargo dessas palavras ainda podia ser sentido na minha boca. Quis apenas afastá-la mais de mim do que tê-la mais perto, mas agora a culpa me consumia. Observei a noite fria lá fora, que parecia mais solitária a cada pensamento. Várias palavras que eu disse a ela vinham à mente.
"Você nunca será nada."
Eu me odiava ainda mais por essas malditas palavras, porque, no fundo, sabia que Malu era uma mulher forte e determinada, linda, que todo homem desejaria. Mas eu preferi deixá-la me odiando, deixei-a marcada como minha e não será de nenhum outro homem. Seu corpo me pertence; cada parte dela é somente minha.
Tentei apenas apagar a luz dela, a luz que eu me negava a aceitar e que me tirava do meu inferno e da minha escuridão. E agora estou aqui, sendo esmagado pelos meus pensamentos e atitudes.
Fechei os olhos, tentando encontrar alguma paz. Mas tudo o que via era o rosto dela, a dor nos olhos dela. Eu precisava ser melhor. Precisava enfrentar meus próprios demônios e encontrar uma maneira de me redimir.
Passei o restante da noite em claro e subi as escadas quando o dia começou a amanhecer. Precisava de um banho e de sair para organizar os últimos detalhes para receber minha mãe e para a cerimônia de casamento de Annah. Entrei no quarto, tirei minhas roupas e fui para o banheiro, onde entrei debaixo da água gelada. Fiz minha higiene pessoal e me arrumei. Antes de sair, passei no quarto de Ryan. Abri a porta devagar e me surpreendi ao ver Malu dormindo agarrada com Ryan na pequena cama que ele tinha. Aproximando-me, vi que ele estava dormindo nos braços dela. Olhei para seu rosto inchado, que não negava que ela chorou a noite praticamente toda. Saí do quarto rapidamente, sentindo o pior dos canalhas por ter causado isso.
Saí da propriedade antes que todos acordassem. Não queria enfrentar seu olhar triste e me sentir ainda mais culpado por tê-la deixado naquele estado. Segui para a sede da máfia, com meus soldados vindo logo atrás. Rodamos pelas ruas tranquilas da Rússia até chegarmos. Entrei e chamei o pessoal do conselho, informando sobre o casamento para deixar tudo preparado. Fui para meu escritório e, assim que me sentei, alguém bateu à porta. Autorizei a entrada e acenei para o investigador, que se sentou à minha frente.
— Alguma novidade? — perguntei sem rodeios.
— Sim, viajei para outro país e descobri informações importantes sobre a vida da jovem que você mandou — ele disse, entregando uma pasta — Aqui estão todas as informações coletadas sobre a vida dela, os passos do único familiar vivo, um usuário de drogas envolvido com pessoas perigosas, e a vida dessa jovem foi destruída.
Ele fez uma pausa e me encarou.
— Posso te dar um conselho?
— Sabe, eu não preciso de conselhos. Se conselho fosse bom, não seria dado de graça e sim vendido — falei com ironia. — É melhor engolir seus conselhos se quiser sair vivo daqui — disse entre os dentes, entregando um cheque para ele.
Ele pegou o cheque, entregou a pasta e saiu da minha sala apressadamente. Encarei os relatórios e abri tudo. Havia fotos dela e do irmão quando eram mais jovens, fotos dela com os pais. O sorriso de Malu era encantador nas fotos, e seus olhos brilhavam com cada gesto simples.
Pego o relatório e começo a ler. Descubro sobre seus pais, a forma brutal como foram assassinados e tudo o que ela passou desde então. A crueldade que fizeram à mãe dela, os relatórios médicos e tudo comprovando que ela foi abusada antes de ser morta.
Um nó se forma na minha garganta com tudo que leio, e uma raiva de mim mesmo por ter causado ainda mais sofrimento a ela e ter sido cruel. Uma coisa eu sabia, iria destruir o irmão dela da pior forma possível. Ele logo receberá uma visita especial, e não terei misericórdia dele. Dou um soco na mesa, fazendo minha mão sangrar.
Pierre entrou no meu escritório e olhou para minha mão machucada.
— Que houve, cara? Dormiu aqui? Passei lá e ninguém deu notícias suas — ele perguntou, sentando-se à minha frente. — O que houve que está cuspindo fogo?
— Problemas que somente eu posso resolver — passei a pasta para ele, que olhou curioso. — Ler que vai entender tudo aí.
Ele pegou a pasta e começou a ler. Aproveitei para me servir de uma dose de bebida e a tomei de um gole. Meu telefone tocou várias vezes,vi ser Annah tentando me ligar. Atendi a ligação, e a voz preocupada dela fez meu corpo estremecer com sua aflição.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 86
Comments
Luzia Ribeiro
não acho justo ele matar o irmão dela que errou muito com ela mas agiu na força do vício é um doente que precisa de ajuda e ele que fez mal a ela sabendo o que estava fazendo então ele não é melhor que o irmão
2025-03-13
1
Nathy Reis
Vá lá, se ajoelhe e peça perdão um milhão de vezes e nunca mais a toque outra vez..
2025-03-04
1
Ana Lécia Dias Miranda
ai autora faça ele sofre com suas propia palavras. não deixe ele ter paz
2025-03-04
1