Capítulo 15

Malu Castellani

Depois que aquele babaca saiu do meu quarto, fiquei com Ryan na cama. Ele ficou sem reação, com carinha de choro, o que o deixava ainda mais lindo. Procurei algo que servisse de brinquedo, mas não encontrei nada, então fiquei conversando com ele.

— Como pode ser tão lindo e filho daquele idiota — perguntei, fazendo cócegas nele. — Pelo menos os meus dias por aqui serão melhores — disse com a voz triste.

Peguei-o no colo e desci para a sala. Joana me explicou tudo sobre a rotina do pequeno, seus horários de sono e sua alimentação. O dia não ficou tão entediante e passei um dia incrível com Ryan. Brincamos bastante e almoçamos juntos. Quando ele dormiu, aproveitei para pegar aquele contrato e ler tudo com atenção. Mesmo sem entender muito, não podia assinar sem ler. Assinei com lágrimas rolando pelo meu rosto, pensando no tanto de anos que estarei aqui presa.

O dia passou rápido e à noite dormi cedo, deixando a porta entreaberta. Mesmo Joana me ensinando a ficar de olho na babá eletrônica que eles usam para ver o Ryan, acordei de madrugada sem sono e fui para o quarto do pequeno, que dormia tranquilo. Sentei na poltrona e vi o dia amanhecer,antes que ele acordasse, fui ao quarto onde durmo, fiz minha higiene pessoal, me arrumei e voltei para o quarto dele.

Depois que ele estava de banho tomado e cheiroso, desci para ver algo para ele comer. Brinquei com ele entre beijos e cócegas, fazendo-o rir alto. Quando chegamos ao último degrau, observei uma linda jovem deitada nas pernas do demônio.

 Eles me encararam e a mulher se levantou, me dando um sorriso.

— Bom dia, desculpa por isso. Não tinha visto que vocês estavam aqui,vou preparar algo para o Ryan comer — falei, dando as costas. Ouço a voz do Miguel que me faz parar.

— Malu, traga o Ryan aqui — voltei e os encarei. — Essa aqui é minha irmã Annah.

— Muito prazer, Malu — disse ela, estendendo a mão e sorrindo. Apertei sua mão sem jeito.

— Sou Malu. É bom ter a senhorita aqui.— falo e dou um sorriso pequeno

— Você trabalha aqui? — Um nó se formou na minha garganta e olhei para o Miguel.

— Sim, ela está cuidando do meu filho — disse ele, pegando o pequeno dos meus braços. — Pode ir preparar o que ia fazer para ele comer. Estaremos na mesa tomando nosso café.

— Sim, senhor — digo e me retiro da sala o mais rápido.

— Me dá o menino da titia, estava com saudades — disse ela, pegando-o e enchendo de beijos.

Fui para a cozinha e preparei algumas frutas cortadas em formatos de bichinhos, repeti o mesmo processo com um pedaço de bolo. Para acompanhar, fiz suco de laranja e também leite. Joana me auxiliou e, quando terminei, segui para a sala de estar onde estavam na mesa tomando café. Sentei perto da cadeirinha do Ryan, peguei-o do colo da tia e o coloquei na cadeirinha,sentei e comecei a dar sua frutinha.

— Malu, tome café conosco enquanto dá o do Ryan — fiquei sem jeito com seu pedido.

— Não acho apropriado, porque aqui sou apenas a funcionária — respondi, voltando a atenção para o Ryan.

— Mas não é justo nós tomarmos café e você não.

— Não se preocupe, quando terminar aqui, vou tomar o meu com os demais funcionários — os olhos do Miguel não saíam de mim, seu olhar me incomodava.

— Malu, se sirva e tome seu café da manhã. Não estou pedindo, estou dando uma ordem — sua voz rouca me deixou tensa. — Se vai cuidar do meu filho, nada mais justo que sentar à mesa e comer junto nos horários que ele — falou firme.

— Sim, senhor — disse sem jeito, e Joana me trouxe uma xícara,me servi um pouco de café com um pedaço de bolo.

O silêncio predominou enquanto tomávamos nosso café da manhã. Quando terminei, me retirei com Ryan para limpá-lo.

Annah subiu para descansar da viagem.

Voltei para a sala e me sentei no chão com o Ryan para incentivá-lo a brincar e sentar. Fiquei admirando seu lindo sorriso enquanto tentava morder um carrinho.

— Oh, meu amorzinho, vai machucar a boca — tirei o carro da mão dele e dei um mordedor de silicone. — Ele fez barulhos tentando falar.

Miguel desceu as escadas todo arrumado, impregnando a sala com seu perfume. Ele se abaixou na altura do filho e, por Ryan estar perto de mim, prendi a respiração. Ele beijou os cabelos do filho e se levantou,lembrei do contrato que assinei.

— Mi… quer dizer, senhor Cooper, o contrato está no mesmo lugar, assinado — melhor chamá-lo de senhor já que sou sua prisioneira e funcionária.

— Não fez mais que sua obrigação — respondeu seco. Pensei em responder, mas um homem entrou na sala.

— Aqui está, Don Miguel, tudo que pediu para descobrir — gelei ao ouvir a palavra "Don". Quer dizer que ele não era uma pessoa simples,ele pegou o papel e me olhou, voltando a atenção ao homem.

— Saia daqui, porra. Poderia ter me entregado isso a qualquer momento, menos aqui — ele praticamente gritou com o homem, que saiu apressado.

— Vo… você é… — fui interrompida.

— Depois conversamos sobre isso que acabou de ouvir. Agora preciso sair. Cuide do Ryan e, qualquer coisa, pode pedir para Annah ou Joana — ele falou, pegou o contrato e saiu sem dizer mais nada.

Tentei assimilar o que ouvi, perdida nos pensamentos. Como assim vim parar no domínio de um mafioso? Um homem que desconheço tudo sobre ele? E o pior é que não tem como eu escapar, pois a enorme propriedade é devidamente rodeada de segurança. Medo é o que sinto, pensando no que esse homem poderá fazer comigo agora.

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