Capítulo 05

Malu Castellani

Acordei sentindo minha cabeça latejando,abri os olhos e tudo começou a girar. Não sei o que aconteceu, só me lembro que depois da discussão com meu irmão, fui até a cozinha beber água. Quando voltei, senti algo no meu nariz e perdi a consciência. Levo a mão às têmporas, ainda latejando,sento-me e percebo que estou em um quarto escuro que não reconheço. Levanto e vou até a porta, mas está trancada,medo e desespero tomam conta de mim, bato na porta e grito.

— Socorro! Tirem-me daqui! Alguém, por favor! — Grito, batendo na porta, mas ninguém vem.

A janela é pequena e a luz lá fora mal ilumina o quarto. A porta se abre e um homem completamente estranho entra. Corro e me sento na cama, abraçando minhas pernas. Ele observa todo o meu corpo com um olhar penetrante.

— Que bom que acordou. Acho que já sabe por que está aqui e o que aconteceu.

— Não vou ficar aqui por muito tempo. Meu irmão vai vir me buscar. — Digo, com um sorriso irônico.

— Como ele viria te buscar se foi ele mesmo quem te vendeu? — Ele diz, e não posso acreditar na crueldade do meu próprio irmão.

— Não, ele não fez isso! — Ele me joga o celular.

— Leia e veja. — Pego o aparelho com as mãos tremendo, não querendo acreditar. Lágrimas descem pelo meu rosto. — Não, isso é mentira! — Grito, jogando o celular contra a parede. O homem me encara.

Ele olha nos meus olhos e segura meu queixo com força, fazendo-me gemer de dor. Ele aproxima o rosto do meu pescoço, me fazendo encolher de medo enquanto seu corpo estremece.

Homem: Sabe o que vai acontecer com você? — Ele sussurra, deslizando sua língua pelo meu pescoço, causando-me náuseas com sua aproximação. — Você vai se tornar a pior puta do meu bordel, será usada por todos os tipos de homens. Será pior que um animal. Então prepare-se, amanhã terá clientes — Ele solta meu queixo e desliza suas mãos pela minha coxa. — Não sei se serei o primeiro a te foder, mas estou louco para sentir essa boceta virgem apertando meu pau. E ainda posso ganhar dinheiro, tenho clientes importantes que adorariam foder uma virgem. — Ele diz, apertando minha coxa.

— Me solta! — Digo, com a voz embargada.

— Estarei por aí. Aguarde até amanhã à noite, quando terá seus primeiros clientes. — Ele sai do quarto com o celular em pedaços. Eu me deito na cama e choro descontroladamente, pensando como meu irmão pôde fazer isso comigo,ele se tornou alguém que não reconheço, pior até do que meu pai. Por mais errado que meu pai fosse, nunca faria algo assim com qualquer um de nós. Ainda não entendo por que meus pais tiveram que morrer daquela maneira trágica. E a pessoa que deveria me amar fez isso comigo, minha única família agora é apenas um homem consumido por vícios em drogas e bebidas, disposto a vender a própria irmã para sustentar seus vícios, os soluços ecoam pelo quarto.

Uma senhora vem me trazer comida e roupas limpas, mas não tenho fome e não toco na comida. Vou ao pequeno banheiro e encaro meu reflexo. Meu rosto está inchado de tanto chorar. Prometo a mim mesma que nenhum homem vai me tocar, mas não sei como farei para sair daqui amanhã, quando tiver uma oportunidade.

Tomo um banho rápido, deixando as lágrimas se misturarem com a água gelada do chuveiro. Fico ali o tempo que preciso para sentir o frio, pois o frio se tornou meu refúgio. Prefiro sentir dor com a frieza para aliviar a dor que sinto no corpo e no coração. Saio do banheiro e me visto, abraçando meu próprio corpo. Tento dormir, mas os pesadelos vêm à mente. Vejo minha mãe sendo abusada e depois os corpos deles no chão, no próprio sangue.