Capítulo 14

Annah Cooper

Chegou o dia de voltar para o meu país. Depois de meses longe, após tudo o que sofri lá, agora preciso retornar e cumprir minhas obrigações. Estou aqui, neste exato momento, arrumando minhas malas,decidi de última hora ir na frente; preciso enfrentar o que me espera. O lado bom é que vou reencontrar meu irmão e sobrinho, que são minha vida,mesmo no mundo em que vivemos, Miguel nunca me impediu de viver uma vida quase normal. Sim, digo "quase" porque, mesmo sabendo dos meus costumes, ele me deixava sair um pouco e aproveitar a liberdade, mas nunca deveria quebrar as regras.

Mas nem tudo está sob nosso controle,no meio em que estamos expostos, com inimigos à solta, por uma questão de segundos minha vida mudaria. Já esperava o pior, mas fui salva antes que qualquer filho da puta chegasse a me tocar. Depois desse dia, eu e mamãe decidimos viajar, e estamos há alguns meses fora do nosso país. Agora, tenho um casamento me esperando na Rússia.

Não posso negar que meu noivo é lindo, mas nunca quis casar sem amor. Contudo, não tenho direito de escolha, porque um Don tem que manter sua palavra e não ser desrespeitado diante de todos,então, não questionei sua decisão. Como ele disse que tinha uma dívida com Pierre, ele pediu minha mão. Meu noivo sempre deixou claro que me ama, e espero um dia corresponder seus sentimentos na mesma intensidade.

Termino de arrumar minhas malas, e logo mamãe entra no quarto radiante e com as mãos cheias de sacolas, o que me faz entender que esteve no shopping. Provavelmente terei que levar mais uma mala pequena com os presentes para Ryan.

— Oi, meu amor, já terminou? — mamãe pergunta, me beijando na testa. — Trouxe um presente para levar para o amor da vovó. — Provavelmente o shopping todo, penso comigo mesma.

— Mamãe, tem certeza de que é somente um presentinho? — pergunto rindo, pegando outra mala pequena. — Trouxe quase o shopping todo. Vamos tirar das sacolas e colocar aqui nessa mala.

— Não seja exagerada, filha. — ela tira os presentes da sacola. — Mas não queria que fosse na frente,entendo que precisa de um tempo e de conhecer mais seu noivo, ter mais aproximação com ele. Vou sentir sua falta, minha bebê. — Ela diz e me agarra em um abraço apertado.

— Ah, mamãe, amo muito você, e sentirei saudades. Sempre foi nós duas aqui, mas logo você estará com a gente e seremos como antes.

— Filha, sei que esse casamento começa de uma forma errada e sem amor da sua parte, mas espero que dê certo e que vocês sejam felizes. Torço muito por sua felicidade. — Ela diz com a voz embargada. — Espero que um dia seu irmão se liberte de todo o passado e suas dores, e se permita viver novamente um amor, dando uma figura materna para meu neto, porque tenho certeza que Micaela ficaria feliz por vê-los felizes e vivendo novamente. — Ela fala, e as lágrimas rolam pelo rosto. — Mas vamos, mocinha, que estão te esperando. Me avise quando chegar. — diz beijando meu rosto.

— Também espero um dia ver meu irmão feliz novamente e que encontre uma boa mulher para cuidar dele e do meu sobrinho. — digo retribuindo o carinho dela. — Agora vamos descer,se cuida, mamãe, e qualquer coisa, me ligue.

— Pode deixar, meu amor. Dê um beijo no meu filho e no meu netinho,diga que logo estarei lá para matarmos a saudade.

Me despeço da minha mãe e choramos juntas. Pego minhas malas e sigo para o aeroporto, onde o jatinho da nossa família me aguarda,o pessoal sobe com minha bagagem, coloco meus fones de ouvido e aviso ao Pierre o horário que chegarei na Rússia. Ele confirma que estará me esperando. Olho mais uma vez para o país que um dia se tornou meu refúgio, entro e me sento na minha poltrona, deixando-me bem confortável e fecho meus olhos, sentindo o jatinho decolar.

Não sei quanto tempo dormi durante a viagem. Sempre se torna cansativo e durmo praticamente a viagem toda. A viagem durou mais tempo que o previsto e está quase amanhecendo,a aeromoça avisa que vamos pousar, e me sento direito no meu assento, coloco o cinto e aguardo o pouso. Um frio percorre minha barriga e fecho os olhos, esperando melhorar,talvez seja a ansiedade em ver meu irmão e meu sobrinho, depois de tanto tempo sem vir aqui.

Respiro fundo e encaro pela janela. Já estamos em terra firme,vou até o banheiro, lavo meu rosto, solto meus cabelos, pego minha bolsa e desço do jatinho. Sentir o vento fresco, a brisa de onde passei minha infância toda, é maravilhoso,fecho os olhos sentindo o vento bater levemente no meu rosto e deixo um sorriso bobo desenhar meus lábios,abro os olhos e olho tudo em volta.

Vejo minha equipe de segurança me aguardando mais à frente,as malas são encaminhadas para o carro. Me aproximo de onde estão todos e Pierre está escorado no carro,assim que me vê, seus olhos não se desprendem de mim. A intensidade do seu olhar faz minha pele queimar com a forma que me olha, chegando a me desconcentrar.

— Bom dia, Pierre.

— Bom dia, Annah. — Ele beija meu rosto. — Como foi a viagem?

— Cansativa como sempre. E como está tudo por aqui? — pergunto, e ele abre a porta do passageiro para eu entrar.

— Tudo sob controle. — Ele entra no lugar do motorista.

Durante o percurso, falamos o básico, mas sempre nos demos muito bem na nossa convivência. Admiro as ruas movimentadas da Rússia, mesmo cedo, as pessoas estão na correria.

Chegando na propriedade, desço sem esperar por ele abrir a porta e admiro tudo ao redor,está tudo do mesmo jeito que quando saí daqui. A única mudança que vejo é uma mansão a mais na nossa propriedade.

— O pessoal levará suas coisas.

— Obrigada, Pierre. Ah, e depois conversamos direitinho. Vou dormir um pouco e à noite nos falamos com calma. — Dou um sorriso para ele.

— Tudo bem, no seu tempo, Annah. — Ele fala se aproximando de mim e passa a mão na minha bochecha. Prendo a respiração com essa aproximação, fecho os olhos por um instante e sinto um beijo no canto da minha boca. — Até daqui a pouco.

Ele se afasta, me deixando desnorteada com essa aproximação,solto o ar que estava segurando o vendo entrar no carro e sair. Entro em casa e está tudo silencioso,ouço vozes vindo da cozinha e vou até Joana,assim que me vê, me abraça apertado.

— Minha menina, que saudades.— Joana falar beijando meu rosto

— Também estava com saudades de vocês. — Retribuo o abraço dela. — Cadê meu irmão? — Pergunto, e antes dela responder, ouço a voz do Miguel.

— Estou aqui. — Me viro e o abraço apertado. Ele retribui meu carinho. — Estava com saudades, sua pirralha. — Faço careta.

— Também estava com saudades, seu insuportável. — Seguimos para a sala e sentamos um perto do outro. Já me jogo nas pernas dele. Mesmo que ele seja cruel das portas de casa pra fora, comigo e mamãe ele sempre é carinhoso.

— Como está a mamãe?

— Muito bem e com saudades. Logo ela vem também. E você, como está? Já arrumou uma namorada? Aaah lembrei, ninguém te suporta, seu idiota. — Zombo dele.

— Tenho pena do Pierre que vai ser seu marido e aguentar essa menina chata. — Dou língua para o besta do meu irmão. — Mas te respondendo, não quero mulher ao meu lado.

— Miguel, pensa no Ryan. Ele precisa de alguém na vida dele que possa amá-lo e cuidar dele como uma segunda mãe.

— Já resolvi essa questão e logo saberá de tudo.

Ficamos conversando eu e o meu irmão por um bom tempo. O café da manhã foi servido e ouço a risada do Ryan, que há tempos não ouvia;ergo a cabeça e vejo uma linda jovem brincando com ele, fazendo cócegas.

Annah Cooper - 25 Anos ( Irmã de Miguel)

Pierre Orlov - Capô da Máfia Rússia ( 28 Anos)

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***