Irei voltar.

Agatha: Cheguei amiga... A mãozinha dela ficou roxa.

Faço carinho na mão da Manuela, no lugar aonde ficou roxo devido ao acesso que ela estava para tomar medicamento na veia.

Limpo a lágrimas que escorre e sorrio ao receber um abraço da Agatha.

Clara: Manuela precisa de outro tratamento... Esse tratamento não está adiantando... Amiga, eu preciso de outro emprego. Eu preciso pagar um plano de saúde descente. Talvez se eu trabalhasse no turno da noite, quando ela dormisse, você poderia ficar com ela.

Agatha: Eu fico sem problema nenhum, o problema é que, ela fica sem você de oito da manhã às cinco da tarde. Só tem a noite com você...

Clara: Eu não sei mais o que fazer...

Agatha: O pai dela...

Olho seriamente para ela, respiro fundo.

Clara: Manuela não tem pai. Se fosse para ela ter pai, esse pai seria o felipe que cuida dela como se fosse um. Rafael deixou de ser pai dela, quando deixou claro tudo aquilo para mim.

Agatha: Não gosto de tocar nesse assunto, sei que mexe com você, mas, ele pode ter falado aquilo no nervoso, no medo, não sei... Você poderia julga-lo a partir do momento que você conta e ele negue.

Clara: Alguém já pegou você no braço, jogou você num sofá e depois jogou notas de dinheiro em você?

Agatha: Não...

Clara: Ele me chamou de puta de várias formas. Vou chegar lá dizendo que tenho uma filha de três anos que é dele e que agora estou precisando de dinheiro... Parece piada.

Agatha: Por esse lado e.

Clara: Por esse lado não, por todos os lados é...

Ficamos em silêncio, observamos Manuela dormindo, com o rostinho todo rosadinho.

Agatha: Talvez você não devesse ter outro emprego. Você só precisa de um emprego que pague bem. Em outra empresa por exemplo. Pode pegar as oito e sair às seis. Quando manu sai da escola eu estou saindo do trabalho, fico com ela duas horinhas até que você chegue.

Clara: Eu já fiz duas entrevista, nas duas me pediram carta de recomendação... Tudo porque era a empresa Castellani. E eu achando que seria fácil por tê-los no meu currículo.

Agatha: Filhos da...

Olho para ela.

Ágatha: Manuzinha, você controla a titia. Eles querem apenas para se gabarem... "Ela é indicação do Sr. Castellani.."

Clara: Por isso desisti... Meu celular está tocando, pega ele aí.

Ligação on

— Alô? Falo com Maria Clara Belmonte?

— Oi, fala sim! Com quem eu falo?

— E que você nos entregou um currículo...

— Para que seria? Estou entregando tantos currículo que já nem sei mais...

— Para secretária...

— Sério? fiz a entrevista ontem... Fiquei esperando me retornarem.

— Para adiantar, você tem uma carta de recomendação? Temos mais duas pessoas a candidata, com carta de recomendação, você têm mais chances.

— Uhum...

— Podemos nos encontrar?

— Agora?

— Aonde está?

— No momento estou no hospital...

— Algo grave? Quer dizer, preciso saber se não interfira no trabalho.

— Não... Só um sobrinho na veia.

— Pode passar aqui na empresa na segunda feira?

— Tudo bem!

— Ok, segunda-feira, pela manhã estarei te aguardando na empresa..

— até segunda.

Ligação off

Clara: Outra vaga para secretária.

Agatha: E você disse que tem carta de recomendação...

Clara: É muito mais fácil, voltar aquele lugar e pedir uma carta de recomendação do que dinheiro.

Agatha: Então temos sábado e domingo para fazer isso.

Clara: Você vai ir comigo?

Agatha: Óbvio que sim. Não vou deixar você ir sozinha.

Sorrio para ela que sorri de volta paraim, acariciando o cabelo da Manu.

Médico: Já estão liberadas. Clara, você passará aqui amanhã pela manhã certo?

Agatha: Eu já passei lá.

Vejo Agatha pegar a bolsa da Manuela e sair. Pego Manuela no colo, ouço tudo o que o médico tem a me dizer, me orientar novamente, por que tudo havia sido falado mais cedo, e então saio.

Clara: Agatha... Pode esperando ai...

Agatha: Não venha me encher...

Clara: Eu iria dar um jeito...

Agatha: Eu sei... Você é forte pra caramba.

Clara: Agatha...

Agatha: Vamos... Amanhã temos uma mini viagem para fazer.

Mais um motivo para que eu volte até aquele lugar e peça uma carta de recomendação.

Saímos do hospital e seguimos diretamente para as nossas casas.

Agatha: Ainda bem que o Felipe fez jantinha, estou faminta.

Clara: E a pizza?

Agatha: Já foi embora junto com o nervoso que você me fez passar.

Seguimos para o apartamento dela e assim que entramos, Felipe deposita um beijo na minha cabeça, pega a Manuela e a coloca na cama da Agatha.

Felipe: Vocês estão bem? Por que não ligou?

Clara: Não foi nada grave ela só precisou ficar no soro e fazer alguns exames. Está perdendo peso outra vez.

Felipe: Isso não vai acabar nunca? Ela sempre vai ter isso?

Clara: Irei para uma entrevista de emprego na segunda feira... secretária, vou receber melhor, com isso, mudarei o tratamento dela. Quem sabe com um tratamento adequado não resolvemos isso.

Ágatha: Iremos ir buscar uma carta de recomendação...

fofoqueira.

Felipe: Vai ir até lá?

Clara: Uhum...

Felipe fica quieto, mantém o seu olhar preso ao meu e logo sai da cozinha.

Clara: Você tinha mesmo que contar né?

Saio da cozinha e vou até o quarto dele, bato na porta e então entro.

Felipe: Você não precisa ir la, não precisa passar por isso, Maria Clara. Você sabe que sou capaz de dar tudo o que vocês precisam... Não sou rico como ele, mas...

Eu queria gostar do Felipe, eu queria ser perdidamente apaixonada por assim assim como eu era por Rafael.

Quando estou um pouco mais próxima dele, quando estou decidida a tentar algo... Rafael invade os meus pensamentos...

"Então por quê eu sempre quero você aqui? Por que eu nunca fico com as mesmas mulheres mais fico com você?"

"O problema é que a sua boca me viciou.Eu já disse que me viciei no seu beijo?"

"QUE PORRA VOCÊ FEZ, MARIA CLARA? POR QUE ASSINOU UMA CARTA DE DEMISSÃO? POR CAUSA DO NOIVADO? EU TO FALANDO COM VOCÊ."

Clara: Eu queria ser apaixonada por você, Felipe... O problema é que me recordo dele todos os dias...

Felipe: Ele foi um filho da puta com você, Maria Clara...

Clara: Clara... Por favor, me chame de Clara.

Fecho os meus olhos e novamente os pensamentos tomam conta da minha mente.

"Gosto da combinação, gosto do som sonoro que sai. Maria Clara. Aposto que o seu apelido era Clarinha..."

Felipe: Você não supera isso por que nunca tentou...

Eu nunca tentei... Eu realmente nunca tentei... Rafael não é um amor para recordar, não é um daqueles amor que foi perfeito e o destino fez nós nos separamos... Ele fez aquilo... Embora ele não quisesse filhos, aconteceu e se aconteceu, mesmo que ele não quisesse um compromisso sério comigo, ainda sim teria que ter com a criança.

Manuela é tão linda. Se parece com ele em tantas coisas... Ele se apaixonaria por ela, eu sei que sim.

Felipe: Clara...

Não deixo que ele diga nada... Me aproximo dele, coloco as minhas duas mãos no seu rosto, ele coloca as duas mais na minha cintura...

Felipe: Clara...

Beijo ele... Não dou um beijo qualquer... Beijo ele com vontade, com desejo. Não penso em nada, penso apenas em mim, no meu desejo como mulher, no desejo dele como homem...

Ele tem pegada, ele tem fogo, ele beija bem...

Felipe: Fica comigo... — ele diz entre o beijo — não precisa ser nada sério, a única diferença e que eu ficarei apenas com você e você comigo. Não devemos nada um ao outro... E se você quiser ficar com outra pessoa e eu também tudo bem...

Clara: Não vou fazer a mesma coisa duas vezes, Felipe. Outra coisa, você beija bem pra caramba, meu Deus! Para de perder tempo comigo, garoto. Vai brincar.

Iria tentar que deixasse rolar algo, mas, sei que mais para frente, surgiria sentimentos da parte dele.

Saio do quarto dele e volto ara a cozinha.

Clara: Iremos de manhã, ok?

Agatha: Sim senhora.

Pego a Manu, as bolsas e vou diretamente para o meu apartamento.

Eu já sabia que iriam pedir carta de recomendação, imediatamente quando falou que a vaga era para secretária, olhei para a Manuela e ela que me deu forças para dizer que tenho uma.

Melhor ir lá, pedir uma carta, conseguir um emprego bom e ter tempo com ela do que me afundar em trabalho e quase não vê-la.

Agora é oficial, irei voltar naquele lugar

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