Capítulo 11

Os belos olhos azuis, e a expressão tão serena, não permitia decifrar o que ele tinha em mente. Quando ele falava, era de uma forma tão precisa, e tão real, que não poderia ser ignorada.

_____________ II ___________________

Yuta se calou por alguns segundos, tentando disfarçar o constrangimento ao escutar àquele pedido. Ele já tinha sua resposta, sem precisar pensar no assunto, mas se respondesse tão rapidamente, evidenciaria o seu nervosismo.

Igor: Esqueça o que eu disse. Você deve ter as suas coisas para fazer. Eu entendo se não puder ficar.

Yuta: Sim!!! Eu posso. Não tenho nada para fazer.

Igor: Nem mesmo escrever no seu caderno?

Yuta: Posso fazer isso a qualquer momento. Eu te devo muito, para ignorar um pedido seu.

Igor: Não quero que pense assim. Mesmo que a pessoa no rio, fosse outra, eu faria o mesmo. Então, eu não sou um herói, como estão dizendo. E você não tem nenhuma dívida comigo. Mas, só por hoje, por esse momento, fique para me fazer companhia.

Yuta: Eu vou ficar. Te ajudo em qualquer tarefa. Perdão, só me faltou informar, que não sou muito bom em cozinhar. Mas posso fazer qualquer outra coisa.

Igor: Acho que se você não quiser beber sopa de doente, vai ter que me ajudar a cozinhar sim.

Yuta: Nesse caso, eu aceito, agradecido.

Igor foi caminhando para dentro da casa novamente, seguido por Yuta.

Yuta: Eu também visitei os cavalos, e os porcos. Aliás, você tem belos cavalos.

Igor: Eles são bonitos mesmo. Mas, são só àqueles três. Quero aumentar o estábulo, e quero comprar mais animais. Por enquanto, não tenho condições.

Yuta: Tem bastante espaço para isso não é?

Igor: Tem. Essa terreno é maravilhoso. Eu também quero plantar mais coisas... Eu adorei vir morar aqui. Você não tem ideia.

Yuta: Você vai precisar contratar empregados.

Igor: Vou contratar depois. Por agora, vou aguentar o máximo sozinho. Quem sabe, também, os meus irmãos venham para me ajudar.

Yuta: Isso parece ótimo. Ficaria tudo em família. Você tem quantos irmãos?

Igor: Tenho dois. Hugo e Tiago. O Hugo está ligado as artes marciais, e o Tiago é pura tecnologia. Eles estão na faculdade. Sinceramente não vejo nenhum dos dois aqui, mas tenho esperanças.

Yuta: Vocês se dão bem?

Igor: Sim, muito. Mas, eles são inteligentes, talentosos, e promissores. Acredito que vão seguir um rumo muito diferente do meu.

Yuta: Você não teve interesse em fazer faculdade mesmo?

Igor: Não. E se eu tivesse, naquela época seria impossível. Não tínhamos dinheiro para isso.

Igor abriu a geladeira, e pegou um pote grande.

Igor: Você gosta de frango?

Yuta: Sim.

Igor: Podemos assar com essas batatas ali. São daqui, essa foi a colheita, mas infelizmente; uma praga atacou as folhas e quase todas morreram.

Yuta: Eu lamento pela plantação. Pode me dar uma faca? Eu descasco elas!

Igor: As facas ficam ali.

Igor apontou na direção do canto da pia, onde um expositor quadrado de madeira estava visível, com várias facas.

Yuta: Achei, obrigada.

Enquanto Igor temperava a carne de frango, Yuta descascava as batatas.

Yuta: Eu acabei aqui.

Não demorou muito, e Igor veio pegar a vasilha.

Igor: Você esfaqueou as batatas ao envés de descascar.

Yuta: É tão ruim assim?

Igor: Sim. E um grande desperdício.

Yuta: Me perdoe pelo desperdício. Eu não sou muito bom com essas coisas.

Igor: Está tudo bem. Dessa vez eu vou deixar passar.

Assim que a refeição ficou pronta, Igor serviu os dois, e começaram a comer.

Yuta: Está muito agradável o sabor desse assado.

Igor riu.

Yuta: Porque você está rindo? Eu estou falando sério.

Igor: É que você é engraçado. Você fala sabor agradável... Quando as pessoas dizem: Muito Gostoso! Ou uma delícia!

Yuta ficou olhando para Igor.

Yuta: Você acha estranho eu falar dessa forma? Eu deveria me familiarizar com o estilo de fala dos moradores daqui?

Igor: Você tem que ser como é. Eu acho sua forma de se expressar muito interessante.

Yuta: Obrigada.

Igor ficou em silêncio com uma expressão preocupada.

Yuta: O que houve?

Igor: Acho que ainda não estou bem. Assim que a comida caiu no mei estômago, doeu.

Yuta: O que você teve?

Igor: Uma intoxicação, pelo que o doutor disse...

Yuta: Acho melhor você ir repousar. Cuidarei das coisas aqui, vou deixar tudo limpinho.

Igor: Não precisa limpar nada. Você já me ajudou muito.

Igor se levantou ao mesmo tempo que Yuta, e segurou sua mão, na tentativa de tomar os pratos sujos. Os dois se olharam por alguns segundos.

Yuta: Seus olhos...

Igor: O que tem os meus olhos?

Yuta: Nada.

Igor: Nada? Então porque está me olhando assim?

Yuta: Assim... Assim como?

Igor: Como se não tivesse mais nada aqui nesse lugar, para você olhar.

Yuta: É que o tom azul dos seus olhos, é a mistura de dois extremos de azul e verde. Ao mesmo tempo que parece o mar, parece um rio. É difícil não admirar eles.

Igor: Eu realmente gosto muito da forma que você se expressa.

Yuta: Me desculpa se parece que estou flertando você.

Igor: Se eu te desculpar você vai parar?

Yuta: Você me confunde...

Igor: Eu só quero...

Os olhares não desviaram um do outro por mais alguns instantes, até Igor se afastar.

Igor: Eu... vou me deitar um pouco. Por favor, fique a vontade.

Igor entrou no quarto, e se deitou.

Yuta voltou sua atenção para a cozinha, e começou a limpar tudo.

Yuta: {Por incrível que pareça, mesmo sendo um homem sozinho, nessa casa grande, ele mantém tudo em ordem.}

Após concluir a tarefa destinada a si mesmo, Yuta resolveu dar uma olhada em Igor, pois desde que entrou no quarto, estava em silêncio.

Yuta: Igor?

Igor estava de olhos fechados, deitado na cama. Yuta se aproximou e tocou no rosto de Igor.

Yuta: Sua temperatura parece normal.

Igor: Obrigada por ficar.

Yuta: Ah, você está acordado? Quer alguma coisa? Água? Um chá?

Igor: Quero um pouco de água.

Yuta: Certo! Estou indo.

Quando Yuta voltou, e viu Igor sentado na beirada da cama.

Yuta: Aqui está.

Igor: Obrigada.

Yuta: Eu vou embora agora, para você poder descansar. Posso passar aqui, amanhã para cuidar dos animais? Se não achar inconveniente.

Igor: Você não é incoveniente. Me ajudou bastante hoje, e... Eu gosto mesmo da sua presença.

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