Capítulo 14

"Se acaso algum desejo lhe passasse na mente, ele a perseguia até finalmente alcançar."

_____________ II ___________________

Sua mão firme segurava o braço de Yuta, sem intenção alguma de soltar.

Igor: Não posso te deixar ir. Porque esse beijo não vai sair tão fácil da minha mente.

Yuta: Logo esse beijo teria algo de especial?

Igor: Se você resistir, eu vou perseguir você. Só vou te deixar ir, se conversamos sobre isso.

Yuta: O que tem para ser falado? Eu fui ousado, o que normalmente, não costumo ser. Mas, você... me atraiu de uma forma, que eu só podia ceder a minha vontade.

Igor: E foi ótimo. Você deveria ceder as suas vontades mais vezes.

Yuta: Eu lhe disse que gosto de homens. Bem, não faria o que fiz com qualquer outro. Você é diferente.

Igor: Eu penso o mesmo sobre você sabia? Eu acho que não beijaria outros homens. Nunca tive interesse em um.

Yuta: É, eu sei. Por isso, não tem como continuarmos algo assim. Eu vou embora, e faremos de conta que nada aconteceu. Assim preservaremos a amizade.

Igor: Por acaso você tem alguém?

Yuta: Não. Eu não tenho ninguém...

Igor: Ótimo. Então eu vou me candidatar para ser o seu alguém. O que acha? Tenho chances?

Yuta deu três passos para trás, mas Igor ainda segurava o seu braço. Assim que percebeu, ele finalmente soltou.

Igor: Me desculpa, vou fazer você pensar que sou um doido. Fui muito acelerado não é? É que eu fiquei meio eufórico. Você pode ir embora. Mas pense nisso, estou falando muito sério.

Yuta: Falando sério sobre o que?

Igor: Sobre tudo o que eu te disse. Você é diferente de uma forma especial. Eu queria muito a oportunidade de continuar tendo a sua companhia, e descobrindo mais sobre você. Até porque, eu já aprecio muito sua presença. Então se você sentir o mesmo, volte aqui, e me dê uma resposta.

Yuta sorriu

Yuta: Certo, farei isso.

O fazendeiro de belos cabelos vermelhos, ficou observando o escritor envergonhado, se distanciar.

Igor: Espero que você volte logo.

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Uma semana se passou e Yuta não conseguiu parar de pensar em outra coisa que não fosse o fazendeiro. Não havia para ele nenhum impedimento, mas havia um incoveniente. A incerteza em não saber se o que tinha ouvido era mesmo verdade, se um dia antes, ele estava com Cléia.

Yuta: Preciso ir falar com ele. Nada disso na verdade tem importância, além do que sentimos.

Yuta tomou um banho, e separou uma de suas roupas mais vistosas. Ele a vestiu, e foi cuidar dos longos cabelos. Ainda faltava o lado direito, quando bateram na porta de sua casa de madeira.

Yuta: Já vou!

Quando ele abriu a porta, não ficou feliz em ver a pessoa a sua frente.

Cléia: Oi! Bom dia! Quase tarde na verdade, isso se você já almoçou. Almoçou?

Yuta: Ainda não.

Cléia: Precisamos nos atualizar, posso entrar?

Yuta: Eu... Já estou de saída Cléia. Podemos conversar outro dia?

Cléia: Vai sair com o cabelo assim?

Yuta: Ah, eu estou terminando.

Cléia: Deixa eu entrar um pouco vai? Enquanto você termina de arrumar o seu cabelo, a gente conversa.

Sem receber a confirmação do dono da casa, ela entrou.

Yuta: {Céus, que mal educada.}

Cléia: Então, sabe que o Ronaldo está fazendo uma inspeção feroz na produção da cerveja não é?

Yuta: Não sei.

Cléia: Bem, isso é um fato. Depois que o herdeiro Walker sofreu aquela intoxicação. O Ronaldo está fixo no bar, e cuidando pessoalmente de tudo. E hoje, ele vai estrear a primeira cerveja selecionada dele. Eu achei muito estranho terminar um barril de vinte e cinco litros de cerveja em uma semana. Mas eles garantem que essa é inspecionada. Você vai né?

Yuta: Acho que não.

Cléia: Você tem que ir. Vamos ver se o Igor realmente vai beber a nova cerveja ou não. Se ele beber tudo bem. Mas, se não beber, ele pode até ter ficado traumatizado.

Yuta: Não vou.

Cléia: Você tem visto ele?

Yuta: Não.

Cléia: Mas você vai sempre lá ver ele nadar nu. Ele já sabe disso? Disse para ele que se afogou por castigo?

Yuta: O quê?

Cléia: Castigo dos céus, por você ser um pervertido.

Yuta: Eu já havia mencionado a você, que àquela lugar já era o meu preferido, antes dele se mudar.

Cléia: Verdade. Tem razão. Mas, realmente não viu ele?

Yuta: Não. Nem fui mais naquele rio.

Cléia: Traumatizou?

Yuta: Não. Eu só, não senti desejo de ir.

Cléia: Você é tão engraçado. Essa forma de falar, faz você parecer um garoto de intercâmbio.

Yuta: Eu tenho que ir agora, você tem que ir Cléia.

Cléia: Vou sim. Mas, sabe... É uma pena que você não saiba nada dele. Eu, tentei o visitar essa semana, três vezes. E em nenhuma delas ele estava lá. Não é estranho?

Yuta: Ele tem muitas coisas para fazer. Deve ter ido comprar animais, ração, ferramentas... Na fazenda tem muito trabalho.

Cléia: Engraçado, e ele não deixou eu ajudar, mas deixou você.

Yuta: Eu já estava ajudando há dois dias. Sabia o que fazer.

Cléia: Você sabe que não é o tipo dele né?

Yuta: Por favor Cléia. Como eu disse anteriormente, estou de saída. Tenho que ir.

Cléia: Sim. Claro... Bem, eu vou convidar ele para ir na minha casa hoje. Quem sabe, a gente não tem uma outra noite tão boa quando aquela. Era tudo o que eu imaginava quando o vimos nu, no rio. Se lembra? Acho tudo e um pouco mais. Eu queria te contar os detalhes, mas você não tem tempo...

Yuta: Exatamente. Eu não tenho tempo e nem interesse nesse tipo de conversa.

Cléia: Ah, vamos! Não seja tão acanhado. Por acaso não é o mesmo para você e para mim? O cara por cima? Está falando como se fosse inocente.

Yuta: Eu... Preciso que você saia.

Cléia: Ok, mas se liga. O Ronaldo tem um sobrinho que eu queria te apresentar hoje. Mas, como você não vai no Madeirão hoje, vamos marcar na ponte perto da praia?

Yuta: Não quero conhecer ninguém. Obrigado.

Cléia: Você tem que experimentar, ao envés de ficar só olhando.

Yuta: Não quero.

Yuta saiu, ignorou a mulher e seguiu caminhando.

Cléia: {Será possível que o Yuta está flertando o Igor? A fim dele é óbvio que está, mas o coitado não tem chance. O Igor tá na cara que é hetero.}

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