Assim que Will informou Mikael que teria que se ausentar por um pouco mais de duas horas, Mikael imediatamente avisou Brandon.
Mikael foi o primeiro a entrar no quarto para certificar-se de que estava tudo bem com ela. Ao entrar, ele a viu acordada. Ela sorriu, e ele perguntou:
— Como está minha paciente preferida? Pensei que iria vê-la adormecida!
— Estava dormindo, doutor, mas acordei sonhando ou lembrando do acidente. Ainda não tenho certeza sobre o que pensar.
— E como você se sentiu com essas imagens? — perguntou Mikael, atento.
— Eu senti muito medo, como se estivesse vivendo todo aquele pavor novamente.
Mikael analisa as palavras, sua entoação verbal e sua expressão corporal. Respondendo a ela ao segurar sua mão: — Você está segura agora, e tudo vai ficar bem daqui pra frente, começando por agora, tenho duas surpresas para você. Deixe-me abrir a porta para que elas possam entrar. — disse ele ao se afastar de perto dela.
— Amiga! — grita Lívia, emocionada, ao ver Victoria entrando. —Vick corre para abraçá-la e chorando lhe diz: — Senti tanto medo de perder você!
Brandon aproxima-se da cama com um buquê de flores, ele a fita com os olhos azuis lindos, marejados, segurando para as lágrimas não caírem. Ele abre um sorriso nos lábios e aguarda a reação de Lívia. O mínimo que ele esperava era que ela o abraçasse como sempre fazia, dizendo o quanto ela sentia por ele estar longe e de quanto estava com saudades de ter ele por perto, porém a reação de Lívia foi a pior possível. Ela não o reconheceu, ela havia esquecido tudo que viveu ao seu lado. Nenhuma fagulha minúscula sequer, de um passado a dois estava presente na memória dela. Brandon simplesmente não existia para Lívia.
— Desculpe, mas quem é você? — indagou ela, incomodada.
— Brandon empalideceu e um músculo na sua mandíbula contraiu-se, sem entender o que estava acontecendo, ele a observa com um olhar desolado e diz com a voz trêmula:
— Você está de brincadeira, não é mesmo, maluquinha? — falou Brandon desolado, a decepção nos seus lindos olhos azuis era notável.
— Por que eu estaria brincando? Eu não o conheço. E por favor, não me dê apelidos! Muito menos desse tipo, que mais parece uma ofensa velada.
— Sou eu, Lívia! Lembra-se? Brandon, seu amigo. Eu jamais a ofenderia! E antes você
gostava quando eu a chamava assim.
A face de Lívia fechou-se dura e ela respondeu nervosa: — Não sei quem é você, não fique insistindo! E por favor, saia do meu quarto!
Brandon tenta que ela puxe na memória e então, ele menciona quando cuidou dela, pontuando as vezes que Lívia adoeceu; como a forte pneumonia, que fez Victoria e ele se revezarem para cuidar dela, a vez que ela caiu do cavalo no Texas, na casa dos pais de Brandon, quando ela bateu de bicicleta em um carro parado e quebrou o tornozelo e foi ele que morou com ela por três meses. — lembrou ele, ao tentar fazê-la recordar. Mas foi em vão, e além de não ter êxito, ele a deixa muito nervosa, ao ponto de Mikael ter que pedir que ele saia e o espere na sala dele, tendo em vista a alteração de Lívia.
— Saia Brandon, espere na minha sala! — disse Mikael, abraçando Lívia, enquanto ela chorava descontrolada.
Brandon insiste em ficar e Victoria o pega pela mão e o puxa em direção da porta: — Vamos! — gritou. — Ela está muito nervosa, vamos Brandon!
A enfermeira entra no quarto trazendo o sedativo que Mikael havia lhe solicitado, ele aplica no braço esquerdo de Lívia, minutos depois a medicação faz efeito, e Lívia adormece. Ele então a deixa sozinha e vai até seu consultório onde estão Brandon e Vick.
— Mikael, o que está acontecendo com ela? O que foi aquilo? — perguntou Brandon, nervoso, caminhando de um lado a outro na sala.
— Ela está apresentando um quadro de amnésia, mas antes de falar sobre esse assunto, terei que fazer exames para ter certeza do diagnóstico e como prosseguir. Não posso definir nada sem os exames necessários. Entretanto, julgando que ela lembra de Vick e Will, posso ter um palpite que seja uma amnésia emocional.
— Amnésia emocional? — pergunta Vick, confusa.
— Sim, vou tentar explicar a vocês da forma mais simples possível. É um tipo amnésia que deixa lacunas na memória por algum trauma ou sofrimento que o paciente passou. A sua mente então, cria um bloqueio automático, assim desta forma ele, o paciente não recorda do que o fez sofrer. — explicou Mikael.
— desolado, Brandon perguntou: — É possível, que o fato de eu ter ido embora para Espanha e ter me afastado dela, seja o suficiente para lhe causar essa amnésia?
— Levando em conta que você esteve sempre ao seu lado e ela confiava em você, Sim. Ela sentiu-se traída e abandonada por você.
— E quando ela poderá recobrar a memória? E o que eu posso fazer para ajudá-la? — indagou Brandon, angustiado.
— Pode ser que leve dias, meses, anos ou na pior das hipóteses, pode ser que ela jamais lembre de você.
— Não acredito, meu senhor! O que eu fiz sendo tão teimoso! Consegui fazer com que a pessoa que mais amo, me esquecesse como se nunca tivesse existido para ela.
— Fique calmo, Brandon! Faremos tudo o que pudermos para que Lívia consiga acionar suas memórias e lembrar do passado entre vocês dois. — respondeu Mikael, compadecido do amigo. — Victoria que estava no cantinho da sala, se aproxima do amigo e o abraça dizendo com a voz trêmula: — Dará Tudo certo, Brandon!
Mikael continua a explicar o que Brandon pode fazer para tentar ajudar Lívia, mas especialmente a si mesmo, uma vez que existe a chance de Lívia não lembrar dele.
— Você poderá ajudar tendo paciência. — afirmou o doutor. — Tente criar um novo vínculo de amizade com ela, fazer com que ela perca esse medo, essa raiva que ela está sentindo de você. E aos poucos talvez, ela retorne com as suas memórias. E se realmente Lívia amá-lo, esse sentimento irá ajudá-la, no fundo do subconsciente dela, o sentimento de amor buscará lembranças de momentos vividos por vocês dois antes deste acidente, mas para isso, você precisará de tempo e paciência.
— Só não sei, se você estaria disposto a isso! Já que corre o risco de ela nada lembrar! — reforçou Mikael.
— Por Lívia, sou capaz de tudo! Ainda mais, sabendo da possibilidade verdadeira de amor, mencionado por ela em um de seus áudios. É a primeira vez que vejo uma chance de ficar ao seu lado. E farei o que for preciso para isso!
Eles despedem-se para ir embora, ao abrir a porta ficam cara a cara com Will, que foi falar com Mikael. Brandon contraiu sua mandíbula e rosnou, enquanto Will o encarou rangendo os dentes e com a voz tensa disse:
— Você por aqui, garoto? Você sabe que está proibido de chegar perto de mim.
— Já estamos de saída, Will! Viemos ver nossa amiga. — respondeu Victoria se colocando no meio dos dois homens que mais pareciam dois lobos furiosos a se encarar.
— A menos que Lívia esteja em cárcere privado e proibida de nos receber. — provocou ela.
— Claro que pode, Victoria! Não sou esse tipo de homem, capaz de proibir uma mulher, principalmente a mulher que eu amo de ver alguém ou fazer algo.
Mikael vendo que a tensão no ar estava alta, diz a seus amigos que precisa trabalhar e convida Will para acompanhá-lo, pois tem algo importante sobre Lívia a informar.
A caminho do quarto, Mikael contou-lhe que sedou Lívia, pois ela ficou alterada em ver Brandon por não saber quem ele é.
— Eu havia dado ordens de Lívia não receber visitas! Especialmente este garoto! Não o quero perto dela! — exclamou Will, irritado.
— Entendo Will, mas precisamos fazer com que a vida de Lívia volte ao normal para sabermos até que ponto ela está recuperada. Quando o assunto é o cérebro, precisamos explorar todas as vertentes possíveis. Se este rapaz não estivesse vindo até aqui, nunca saberíamos da amnésia de Lívia. Espero que entenda, isso faz parte do diagnóstico para sabermos até onde vai sua falha de memória e por que? E mais ainda, como vamos tratá-la. E agora, sabendo que ela não se lembra de Brandon, podemos ajudá-la, mantendo-o por perto. Pois em algum momento, um sofrimento profundo ligado a ele, fez com que ela criasse esse bloqueio na memória. — explicou Mikael.
— E quando ela voltará a lembrar de tudo? — Will preocupado, perguntou.
— Ainda não sabemos, mas precisamos manter Brandon o mais próximo possível, para que ela tenha todas as chances de voltar ao seu estado normal.
—Tudo bem, Mikael. O que você está propondo é muito difícil para mim, porém farei, pois quero que Lívia retorne ao normal o quanto antes.
Sozinho no quarto, Will fica próximo a ela, deitando-se ao seu lado com cuidado. Ele quer que ela se sinta segura e principalmente protegida. Pois desde o confronto com Brandon, ele não conseguia pensar em outra coisa. A não ser, sua responsabilidade pela vida de Lívia.
Ela acordou tonta, já haviam passado aproximadamente 04 horas após sua sedação e ao abrir seus olhos, ela o vê ao seu lado. — Que bom, você está aqui comigo, amor!
— Minha menina, Você se sente bem? — perguntou ele, preocupado.
— Sim. Um pouco tonta, mas estou bem.
— Vou chamar o Dr. Mikael! — disse ele ao tentar levantar da cama, mas Lívia o impede ao segurá-lo pelo braço. — Não precisa, — respondeu ela. — Eu quero ficar sozinha com você. Quero contar que Vick esteve aqui com um rapaz que não sei quem é! E fiquei muito assustada com a presença dele.
Will poderia aproveitar a situação, seria o momento perfeito de mantê-la afastada de Brandon. Fazer a cabeça de Lívia contra ele, porém, Will a amava tanto e não agiria de forma canalha contra ela, nem mesmo para atingir Brandon que de tornara uma pedra em seu sapato.
— Minha menina, você está confusa devido ao trauma que você sofreu e pelo tempo que você ficou inconsciente, aos poucos você irá recobrar sua memória. Fique tranquila! Este garoto é seu amigo. Ele não vai querer fazer mal a você — disse Will, tentando convencê-la.
— É, se você o conhece e confia nele, então não terei medo.
— E essas flores? — indagou ele. — Foi ele, o tal garoto quem trouxe. Você se importa, amor? — perguntou constrangida.
— Claro que me importo! Minha noiva recebendo flores de um, de um idiota! A minha vontade é fazê-lo engolir rosa por rosa! — pensou ele, mas respondeu: — Não, claro que não. Ele é seu amigo, e eu sei que você é minha.
— Sim, sou sua, só sua. — concordou ela, sorrindo.
— O que você lembra do acidente, meu amor? — perguntou ele, acariciando seu rosto.
— Eu lembro que saí da faculdade e fui na floricultura para comprar uma cesta de café da manhã para festejarmos no dia seguinte. Lembro-me também de Jenny perseguindo meu carro, então, perdi o controle dele na rodovia. E depois disso, não lembro de mais nada.
— Você estava com alguém no carro? — indagou ele, lhe dando um beijo suave nos lábios.
— Não, eu estava sozinha. Quer dizer, não sei. Eu estava, não é mesmo? Eu matei alguém, Will? — assustada e já em lágrimas, ela perguntou.
— Fique calma. Não é nada disso! Você estava sozinha. Não havia ninguém com você.
Ele, neste primeiro momento, se cala e decide não contar nada sobre a perda do bebê, pensando em ser melhor poupá-la do sofrimento da perda.
Uma batida na porta é ouvida e logo, a porta se abre lentamente, são os filhos de Will, que vieram visitá-la.
— Lívia, como você está? Essas flores são para você — disse Nicholas ao entrar no quarto, e indo abraçá-la.
— Até que enfim, acordou, madrastinha! — disse Eric.
— Liv que bom tê-la junto da nossa família outra vez. — respondeu Philipe, beijando-a na bochecha.
— Meninos, eu que agradeço pelas flores e pela presença de vocês aqui. Estou muito feliz!
Doutor Mikael entra no quarto, para examiná-la e a observa sorrindo contente.
— Boa tarde, a todos! Passei para vê-la e saber como está se sentindo? Mas percebo que a senhorita está bem melhor agora.
— Estou sim, embora ficaria melhor se pudesse ir para casa!
— Fique tranquila, que daqui poucos dias você irá voltar para casa. Vamos fazer mais alguns exames e procedimentos para ter certeza de que podemos liberá-la. E também descobrir qual o tratamento mais adequado dentro do seu quadro.
— O que está acontecendo? — perguntou ela. — Will, me disse que o rapaz que veio hoje pela manhã, é meu amigo. Mas por que eu não lembro dele?
— Serei breve ao explicar… é bem provável que a amnésia que você está enfrentando seja de origem emocional. Isso ocorre quando passamos por momentos de grande estresse ou eventos que nos marcam negativamente e nos fazem sofrer muito. Nesses casos, nosso cérebro cria um bloqueio automático como forma de defesa, para que possamos esquecer. Esquecemos ou moldamos memórias passadas de forma que, no presente, elas nos tragam alegria e bem-estar. Isso pode ter acontecido com sua memória em relação a esse rapaz, — explicou Mikael, atencioso.
— E vou conseguir me recuperar quando, doutor?
— Isso é algo que não posso responder com exatidão, pois na verdade nem eu mesmo sei. Por que vai depender muito de você, mais do que qualquer tratamento clínico ou medicamentoso que eu lhe receitar. Mas acredito em você, e sei que você vai conseguir lembrar. — declarou Mikael.
Ele se despede dizendo que hoje não virá mais vê-la, pois seu plantão terminou, mas retornará amanhã à tarde. Will diz que o acompanha até a porta, e o segue, enquanto seus filhos ficam conversando com Lívia. No lado de fora do quarto, ele menciona a Mikael que está considerando a ideia de não dizer nada sobre a perda do filho para ela, pois queria poupá-la de tamanha dor.
— Bem, eu entendo sua preocupação e cuidado com ela, porém, eu como médico, sempre indico a verdade. Pode ser dolorido na hora, mas com o tempo passa. É melhor ela saber por você, do que por outra pessoa, na condução atual pode agravar sua perda de memória, havendo assim, uma demora na sua recuperação ou talvez, um esquecimento permanente.
— Tudo bem, Mikael. Falarei o quanto antes. Confesso que tentei falar antes dos meus filhos chegarem, então ela quase se desesperou achando que havia alguém no carro com ela, e isso me partiu o coração. Por hora, resolvi não dizer nada, embora vou tentar de novo mais tarde.
— É o correto e melhor para ela, Will.
— Seguirei seus conselhos. Até amanhã! — despediu-se Will.
Will volta para o quarto e seus filhos estão se despedindo de Lívia, pois hoje foram somente para vê-la e não querem tomar muito seu tempo, pois sabe que ela e o pai tem muito a conversarem.
— Obrigada meninos! Fiquei muito feliz em vê-los. — respondeu Lívia sorridente.
— Nós também ao vermos você falante de novo. — respondeu Nicholas.
Assim que os rapazes vão embora, Will inicia a difícil conversa sobre a gravidez de Lívia. Com cuidado e zelo ele tenta adentrar mais a fundo no assunto, mas infelizmente uma conversa dessas não existe uma fórmula mágica de informar quem a recebe.
— Minha menina, eu gostaria de lhe poupar desta conversa. Porém, para seu bem, infelizmente terei que contar-lhe. Mikael disse ser muito importante para sua recuperação. Ele respira fundo e passa a mão carinhosamente no rosto de Lívia e então começa: — Você lembra de estar grávida antes do acidente? — disse ele, angustiado.
Lívia tenta em silêncio puxar da memória alguma lembrança sobre este episódio e logo vêm à tona. Sorrindo e tocando sua barriga com as duas mãos em gestos de carinho, ela responde: — Sim, meu amor, eu lembro, nosso bebê está bem, não é?
Will com os olhos marejados sente o peso e a tensão tomar conta dele ao ser portador dessa triste notícia. E pegando nas mãos de Lívia ele diz: — Infelizmente, não amor! No acidente você acabou perdendo, devido ao choque que sofreu ao capotar o carro por várias vezes. É um milagre você estar aqui hoje!
Lívia chora e aos soluços diz: — Por que Jenny fez isso? Por que?
Abraçando-a forte, Will pede que ela fique calma e acaba chorando junto. Ele sentia a dor da perda, e a dor da culpa pelo acidente. E mais uma vez, ele pede a ela perdão por não ter estado ao lado dela e do bebê para defendê-los. — Meu amor, me perdoe por não estar presente para protegê-los. Deus sabe o quanto eu lamento ver você passando por isso! Você não merecia sofrer desta maneira, Lívia!
No dia seguinte, Will levanta e vai pegar um café na máquina do corredor e recebe uma ligação do detetive, que informa que dona Jenny está prestando depoimento. Ele pensa em ir até lá, olhar na sua cara e dizer tudo que está entalado dentro dele. Entretanto, não pode deixar Lívia acordar nervosa e sozinha depois da notícia de ontem. Logo, ele volta para o quarto e fica ao seu lado novamente, fechando seus olhos ele beija sua testa e agradece a Deus por estar alí, ao lado dela, embora com problemas de memória, mas viva.
— Bom dia, meu amor! — diz ela, tentando sentar-se na cama.
— Bom dia, menina! Deixe-me ajudá-la, essas hastes de metal parecem incomodar e doer muito. Está com dor?
— Não mais que a dor que estou sentindo no coração. — respondeu ela, com os olhos marejados.
— Minha menina, venha cá. — disse ele, ao abraçá-la. — Eu sei como você está se sentindo. Quando eu fiquei sabendo da notícia eu fiquei arrasado. E estando você na situação em que se encontrava, foi desesperador viver todos aqueles dias.
Eu sofri muito com a possibilidade de perdê-la. Então, pedi a Deus que você sobrevivesse e ele ouviu minhas preces.
Eu prometo a você, assim que você estiver pronta, poderemos ter quantos bebês você quiser.
— Eu estava adorando a ideia de ser mãe de um filho seu. — disse ela com lágrimas rolando em seu rosto.
— Não fique triste! Logo, logo você estará esperando outro Baker, prometo.
Alguém bate na porta e entra. É a enfermeira trazendo o café da manhã e a medicação de Lívia.
— Bom dia, senhores! — Como passou a noite, senhorita Lívia?
— Bom dia! Bem, supunha. Doutor Mikael já está no hospital? — perguntou Lívia, triste.
— Não, senhorita. Ele chega só à tarde ao hospital hoje.
— Por hora, tome este remédio. Logo mais, eu volto para dar-lhe um banho.
— Não vejo a hora, de voltar para minha casa e ter minha vida de volta! Até para tomar banho preciso de ajuda! — reclamou ela.
— Fique tranquila! Se você quiser posso ajudá-la com o banho. — respondeu Will, ao ajudar a enfermeira com a bandeja.
Lívia muda de assunto, ao lembrar de seu apartamento, dizendo que ele deve estar um lixo por todo esse tempo fechado. E suas plantas devem ter morrido por falta da água.
— Meu amor, você estava vivendo em minha casa, o seu apartamento, já fora alugado por outro inquilino.
Ela põe a mão direita sobre a testa e diz: — Minha mente está a maior confusão! Memórias embaralhadas como se fosse um jogo de quebra cabeças que preciso juntar as peças e montá-las.
— Você vai ver, aos poucos lembrará de tudo em detalhes — disse Will, beijando seu rosto.
Lívia lembra da família e pensa alto: — como devem ter passado esse tempo comigo no hospital? Mamãe do jeito que é, foi um verdadeiro milagre, não ter vindo de mala e cuia para Los Angeles!
Will se vê diante de mais um assunto delicado para contar a ela, mas não tem como esconder, então ele começa:
— No dia do seu acidente, seu pai ficou sabendo da pior forma possível, pelas redes sociais. As notícias que chegaram a sua família, foram todas desencontradas e falsas, onde informaram sua morte. Seu pai recebeu um vídeo do seu atendimento, ainda na rodovia, e com a informação que você não resistiu aos ferimentos. Nervosa, Lívia chora suspeitando o pior.
— Acalme-se, meu amor. Seu pai está bem. Quando soube da notícia ele sofreu um infarto, foi atendido e precisou fazer uma cirurgia às pressas. Sua mãe não veio ficar com você por este motivo, precisou cuidá-lo, ela não deixaria Laura tomar conta de tudo sozinha.
— Você Jura Will? Ele está bem, é verdade?
— Ele está bem agora. A cirurgia foi um sucesso! Vamos fazer uma chamada de vídeo para sua mãe, e você verá com os próprios olhos.
Ele faz uma chamada de vídeo para Beatrice que no mesmo momento, o atende. Ela já aguardava a sua ligação para ver a filha.
— Olá, Beatrice! Tudo bem com vocês? Tem alguém que está morrendo de saudades aqui.
Lívia se mostra presente na chamada, ansiosa e nervosa, ela pergunta sobre seu pai: — Mãe, como está o papai? — diz ela em lágrimas e muito emocionada.
— Filha, você está bem, meu amor? — indagou Beatrice, também emocionada. Seu pai está ótimo! Pode ficar tranquila. E agradeça muito a seu noivo, pois se não fosse ele, seu pai não estaria aqui! Você tem um noivo maravilhoso, minha filha!
Quando ficamos sabendo o que aconteceu com você, nós ficamos em desespero. Achamos que realmente você havia partido conforme o vídeo de seu acidente, essas notícias falsas que seu pai recebeu quase destruiu nossa família. Assim que ele viu, passou mal, não nos dando tempo de ligar para William e saber sua real situação, tivemos que correr para o hospital com ele, lá ficamos cientes da gravidade do infarto que ele tivera. Então, logo que consegui saber notícias suas com Will, pude contar o que estava se passando com seu pai, prontamente Will ofereceu sua ajuda financeira e Otávio pôde ser transferido para o melhor hospital do país e fazer a cirurgia, e hoje está conosco, bem e com saúde. — Desculpe, Will! Eu sei que você não queria que Lívia soubesse que você pagou, mas sua atitude foi maravilhosa e não poderia deixar de contá-la.
— Meu amor, obrigada! — ela o abraça chorando e muito emocionada. — Graças a Deus e a você, meu pai está vivo!
— Não me agradeça! Eu nunca deixaria seu pai ou qualquer pessoa da sua família precisando de ajuda e não faria nada. Fiz e faria de novo com maior prazer! — Will respondeu, com a voz embargada.
— Mãe, eu quero ver o papai! Coloque ele na chamada, por favor!
— Minha querida, seu pai não pode ter emoções fortes, deixa eu preparar ele para o reencontro de vocês dois, então eu ligo para Will e vocês dois conversam.
— Tudo bem, mãe. Mas a senhora jura que ele está bem? — Sim, minha filha. Ele está ótimo!
— E Laura, mãe, como está? Ela deve ter ficado muito assustada com tudo!
— Sua irmã está bem, ansiosa para vê-la desde que você acordou.
— Diga a ela que ligue para Will mais tarde, para nós duas conversarmos.
Lívia fica muito emocionada em falar com sua mãe e por ter que se despedir, ela diz com a voz embargada que está morrendo de saudades deles e não vê a hora de poder abraçá-los. Mas que infelizmente não vai visitá-los tão cedo! Will, então ao lado de Lívia, responde:
— Eu prometo, assim que nossa menina estiver bem para viajar, eu a levo até vocês, aproveitando para conhecer todos pessoalmente e vocês matarem a saudade da filha querida.
— Isso seria maravilhoso, Will! Estamos muito saudosos da nossa Lívia! — Filha, precisamos levar seu pai ao médico para exames de avaliação do pós operatório, preciso desligar.
— Está bem mãe. Mande um beijo para o papai e para a Laura. Diga a ela, para não esquecer de me ligar!
— Tudo bem, minha querida. Fique com Deus, minha filha!
Will, põe o celular sob o criado mudo ao lado da cama e pergunta: — Está mais calma, depois de falar com sua mãe?
—Sim, meu amor. Muito!
A porta do quarto se abre lentamente, é Vick que veio visitá-la. — Oi, posso entrar? — perguntou ela, fitando nos olhos de Will.
— Claro que pode Vick, entre! — respondeu ele.
— Que bom que você veio amiga! Estou precisando muito de você. — afirmou Lívia limpando uma lágrima que caía.
Victoria vai até ela e a abraça, Lívia menciona que perdeu o bebê e está muito triste por isso. — Eu já o amava tanto! E sonhava com seu rostinho.
— Sinto muito, amiga! Eu nem imagino como está sendo difícil para você. Mas estou aqui! E sempre estarei, você sabe que pode contar comigo sempre. — afirmou Vick com os olhos marejados.
Will chega próximo a elas e toca Victoria no ombro com a mão esquerda, enquanto a mão direita toca a cabeça de Lívia, as duas se afastam. — Desculpe interrompê-las, mas como você está em ótima companhia, meu amor, vou aproveitar e dar um pulo em casa e não demoro. Assim, vocês duas ficam mais à vontade para conversar.
— Tudo bem, amor. Só não demore, por favor!
— Não minha menina, não me demoro. Serei breve, eu prometo.
Vick lembra que Brandon está aguardando seu aviso para entrar no quarto e ver Lívia. E imagina que talvez, os dois possam se esbarrar no corredor. E é exatamente isso que acontece.
Ao ver Brandon escorado na janela do corredor adjacente, Will tem vontade de chutar seu traseiro e colocá-lo para correr. Porém, ele recorda sobre a conversa de Mikael ao dizer que Brandon seria peça chave, para fazer Lívia recuperar a memória. Ele passa por cima de sua prepotência e orgulho, e vai até Brandon. — Garoto, precisamos falar sobre Lívia.
— Não vou me afastar dela! — respondeu Brandon, irritado.
—Não, infelizmente não vou poder lhe pedir isso! — exclamou Will. — Não gosto nenhum um pouco de você, desde a época quando o conheci e fui entrevistado por você. Você era e continua sendo um jovem arrogante, metido que se acha o melhor, e isso me incomoda. Quando o reencontrei no apartamento de Lívia e percebi em seus olhos toda sua intenção por ela, o meu sentimento de raiva e desprezo por você ficou ainda mais forte. — Eu sei que você ama a minha mulher! Will frisa muito bem essa frase.
Eu estou me abrindo para você porque quero deixar claro, que não irei abrir a guarda, não vou entregar minha mulher em uma bandeja para você. Entretanto, o Dr. Mikael, explicou que precisarei manter você perto dela, para que a ajude recobrar sua memória. — Eu faço isso, por ela! Eu quero minha menina feliz, como quando eu a conheci. — Por isso, darei uma trégua! Somente isso! Vou permitir que você se aproxime dela para ajudá-la. Mas assim, que ela recupera-se, quero você longe de nossas vidas!
— Tudo bem, Will. Aqui cela nosso pacto por Lívia. Mas fique ciente de que também faço isso, por ela e não por você. Eu nunca gostei de você também, mas meu trabalho exige que eu faça certos sacrifícios, assim foi nas duas vezes que o entrevistei. Não pense você que gostei ou me senti confortável naquela situação. Porém, o sacrifício agora, é por Lívia! — E sim, amo Lívia e me afastarei somente se ela me pedir.
Will retorna ao quarto acompanhado por Brandon. Will aproxima-se de Lívia e pega em sua mão, enquanto Brandon fica em pé ao lado de Victoria.
— Eu encontrei seu amigo e o convidei para entrar, assim vocês podem conversar.
Ele lhe dá um beijo nos lábios, sentando-se na poltrona perto da janela. É óbvio que isso foi uma jogada de Will, pois ele desconfiou que Brandon poderia estar esperando um aceno de Victoria para entrar no quarto. — Pensam que eu sou bobo! Um homem vivido, com 47 anos, não imaginaria decerto que os amigos da mulher não estariam a confabular contra ele. — pensou ele ao observar Brandon próximo de Lívia sem poder fazer ou dizer muito, justamente por sua presença ainda ali no quarto.
Brandon não podia fazer muito, mas ele tenta chamar sua atenção acarinhando sua mão, porém Lívia recua seu braço em um ligeiro reflexo e o olha com um olhar intimidador e lhe diz: — Não me toque! — ele em silêncio se afasta, Will perto da janela observa a cena dando um sorriso maroto.
Vick tenta lembrá-la das conversas entre os três no café do Bernard, na praça em frente à loja de doces que Lívia adorava comprar jujubas, embaixo da enorme árvore de Carvalho.
Will recebe uma ligação de Mark, há algo urgente que necessitava de sua atenção na produtora. Então, ele não poderia deixar de ir, e se força a deixar Lívia sozinha com os amigos.
— Vick, você se importa de ficar com Lívia até eu voltar? Prometo não demorar.
—Tudo bem, Will pode ir. — respondeu ela. — Estou livre até às 15h.
— Não demoro. Prometo. Vou dar um pulo na produtora. — ele beija os lábios de Lívia e sai às pressas.
Assim que Will saiu pela porta, Lívia respondeu para Victoria, mas fitando os olhos de Brandon, que não lembra absolutamente nada sobre ele. É como se ele nunca tivesse existido em sua vida e de certa forma, ela nem liga, que no entanto, nem faz questão de querer conhecê-lo.
Ele a escuta e com a voz embargada diz: — Eu mereço. Esse é o preço que estou a pagar por tê-la abandonado!
Victoria se impõe ao defender Brandon — Eu sei que você está com dificuldades para lembrar dele e entendo, mas é muito difícil ver você tratá-lo assim, como você o tratou agora. E não vou admitir que você o trate mal na minha frente. Brandon sempre foi nosso amigo e o seu melhor amigo! Você precisa se esforçar para lembrar dele ou pelo menos fazer um esforço de tratá-lo com educação, Lívia.
Lívia em tom hesitante e com os olhos úmidos pede desculpas a ele, porém pede que ele não a toque, pois ela não se sente à vontade com ele. Ele, por sua vez, promete que não a tocará a menos que ele permita.
Dr Mikael chega no quarto e feliz sorri ao encontrar Vick ali. Os olhos de Mikael brilhavam ao ver Victoria e seu coração dava pulos descompassados dentro do seu peito.
— Olá a todos! Que bom vê-la por aqui, Vick. — disse ele em tom suave e fitando-a nos olhos.
— O prazer é todo meu — respondeu ela, o abraçando e dando um beijo na bochecha.
— Doutor eu quero ir embora pra casa! — Lívia impaciente, quase lhe implora.
— Acalme-se Lívia. Vamos fazer alguns exames hoje a tarde e se tudo der certo, talvez amanhã ou mais tardar depois de amanhã, eu libero você de ir para casa.
Neste momento a enfermeira entra com almoço de Lívia e sai do quarto.
— Eu não estou com fome! — disse Lívia, fazendo careta.
— Você precisa se alimentar, Lívia. Não pode ficar fraca ou vai nos arrumar outro problema com sua saúde. — argumentou Mikael.
Brandon tenta aproximar-se dela ao falar — Vamos fazer uma forcinha para comer? Eu tenho uma grande amiga a qual muitas vezes cuidei. Inclusive, já lhe dei comida na boca.
Lívia o olha séria e não diz absolutamente nada. Vick vendo que Brandon estava tentando uma aproximação, pega o celular e diz que precisa ir embora, pois seu chefe mandou-lhe uma mensagem solicitando sua presença no jornal com urgência.
— Ah, amiga! Você também? Não quero ficar sozinha! — disse Lívia, lamentando.
— Eu posso ficar com você, até seu noivo chegar — disse Brandon torcendo para que ela aceite sua presença.
— Mikael também lhe diz que terá que se ausentar, pois tem pacientes a atender, mas no final da tarde, ele voltará para vê-la.
Os dois despedem-se e saem do quarto deixando Brandon sozinho com Lívia. Mikael sabe ver uma oportunidade quando aparece uma, então ele convida Vick assim que saem do quarto, para tomar um cafezinho na cantina do hospital. — E seus pacientes, que você disse que precisava vê-los? — perguntou-lhe Victoria, fitando os belos olhos negros de Mikael.
— Não tenho, estou livre nos próximos, — ele vira o pulso para ver o relógio, — nos próximos 30 minutos.
— Ah, se é assim, vamos. Aceito o café. — disse Vick, com um sorriso no rosto.
...***...
— Então, ficou só nós dois. Você aceita que eu fique? — insistiu Brandon.
— Não precisa ficar! Não quero atrapalhar seu dia. — respondeu ela, sentando ereta na cama.
— Você nunca atrapalha e seria um prazer ficar com você se você me permitir. Posso ajudá-la com o almoço? — indagou ele, aproximando-se da cama.
— Não quero comer! Essa comida é muito ruim. Sem gosto. É horrível! — disse ela, manhosa.
— Eu sei, mas você não pode ficar sem se alimentar, — disse enquanto pega o garfo e leva até a boca de Lívia um punhado de frango desfiado.
Neste momento, ela o fita com carinho, sorri e em seguida diz a ele: — Obrigada!
Ele observando fixamente ela nos olhos, responde: —Eu sei que você sabe. No fundo de seu coração, você sabe que é minha maluquinha favorita! Eu não quero forçar sua memória. Então, se eu invadir demais, você pode me avisar. — disse aproximando o garfo, com um punhado de macarrão integral desta vez.
— Você parece ser um bom amigo! Eu gostaria muito de conseguir lembrar de você. — ela cedeu, — pensou ele. — Fique calma. Você lembrará em breve.
— Não vejo a hora, de minha vida voltar ao normal! Eu mal acordei do coma, eu sei, mas sinto o caos que minha vida está de longe. Você soube que eu perdi meu bebê? — contou com olhos marejados.
— Sim, sinto muito por isso. Eu sei que você adora crianças, e sei que elas adoram você também. Felizmente, você poderá ter muitos filhos ainda.
— Vou te contar um segredo, posso? — Lívia fala baixinho.
— Claro. — respondeu ele, aproximando-se dela.
— O bebê que esperava não foi planejado, então, pensando melhor, não quero engravidar tão cedo.
— Você está certíssima! Tudo ao seu tempo!
— Agora eu tenho um segredo para te contar. Você pode guardá-lo só entre nós? — perguntou Brandon, percebendo mais uma chance de aproximação.
— É claro. Pode confiar em mim. — afirmou ela, sorrindo.
Brandon confessa a ela ao aproximar do seu ouvido, em tom baixo e aveludado —Eu voltei de um lugar muito longe, só para ficar perto de você. E ficarei por aqui, até você não precisar mais de mim por perto.
Ela o fitou nos olhos com doçura e sorriu ao dizer que está satisfeita pelo almoço na boca e o agradeceu em seguida.
Brandon nota que ela abaixou a guarda de vez, e lhe faz um pedido: — Eu posso tentar uma experiência com você?
— Pode sim, mas o que será? — indagou ela, curiosa.
—Você me permite tocar em você de forma respeitosa?
— Sim! — Sucesso! Ela não queria toques. — refletiu ele: estou no caminho certo.
Eles estavam sentados frente a frente, então, Brandon a pega na mão direita, e senta ao lado dela, e pede para que ela feche seus olhos.
— Desculpe, mas não consigo fechar os olhos, eu não me sinto segura com você de olhos fechados.
— Tudo bem. Vamos fazer de outro jeito.
Brandon pega seu celular e procura na galeria fotos deles juntos. E isso, não é o problema, pois é o que ele mais tem em seu aparelho, fotos e vídeos deles juntos, inclusive o vídeo deles dançando na festa de ano novo. Ele mostra a ela de um jeito terno, carinhoso e um tanto quanto nervoso, com suas mãos trêmulas. Ele, num toque suave, a pega na mão e põe sua mão direita sobre seu peito que está disparado. Enquanto ela desvia o olhar para o celular dele e então ela diz: — Como eu não consigo lembrar de você? Este momento foi o mais feliz em minha vida! Meu noivado, com o homem que mais amei e amo no mundo, depois de meu pai.
Brandon vê que sua tentativa é em vão, mas precisa ter paciência como Mikael lhe falou. Pelo menos ela está deixando ele se aproximar, coisa que até então, ele não podia. E ele não vai desistir assim, na primeira tentativa.
Lívia tentando se aconchegar na cama lhe diz: — Brandon, estou cansada! Você poderia deitar a cama para mim? — disse ela, ao tentar recostar a cabeça na cama.
— Olhos azuis brilharam e um lindo sorriso abriu em sua boca, e ele disse: — É claro, minha maluquinha.
Ela sorri e o observa, enquanto ele chega próximo dela para ajeitar o travesseiro, tão próximo, ao ponto dela sentir sua respiração tocar seu pescoço. Ela então faz um pedido a Brandon — Você se incomoda em ficar próximo e me dar sua mão até que eu adormeça?
— Não, é lógico que eu não me importo — eu adoraria! — assentiu ele, deitando-se ao lado dela.
Lívia adormece em seguida, enquanto Brandon se mantém com a mão esquerda segurando a mão direita dela, e a outra mão dele passando sob seu rosto sereno e adormecido. Ele sentiu como se houvesse apenas os dois no mundo, era como se o mundo inteiro deixasse de existir. Mas logo ele é trazido a realidade, Will acaba de entrar no quarto pigarreando e diz:
— Atrapalho alguma coisa?
— É claro que não! Somente fazia-lhe um carinho.
—Espero mesmo que você não tenha se aproveitado, enquanto estava sozinho com ela, abusando de sua confiança.
—Isso, você deveria esperar do seu amigo! Já passei noites ao lado de Lívia, dormindo com ela em meu peito e jamais abusei dela. Nunca faria algo desse tipo com ela ou com qualquer outra mulher.
Brandon vira de costas e sai pela porta furioso, se ele pudesse chutar a bunda de Will neste momento, ele faria com prazer.
Aquele comentário sobre ele aproveitar-se de Lívia dormindo era descabível.
...***...
— E quanto à sua memória, Mikael? Quais os cuidados que devemos ter? Eles seguem os mesmos? — perguntou Will, segurando a cadeira de rodas, já preparado para empurrar Lívia a qualquer momento.
— Sim. Lembrando para não forçá-la em demasia, respeitando seu tempo. E o mais importante, manter por perto o amigo para que a presença dele a ajude, talvez recordar de algo relevante, que faça a diferença para sua recuperação.
— Está bem doutor, podemos ir? — Lívia, ansiosa, pergunta.
— Meu amor, acalme-se! — Will a advertiu sorrindo.
— Desculpe! Estou ansiosa para ir para casa. — respondeu sentindo seu rosto corar.
— Pronto dona Lívia, está livre de nós agora! Ficamos felizes em ver a nossa paciente mais querida voltando para casa cheia de saúde. Sei que estará em excelente mãos em casa, com profissionais maravilhosos, e o carinho do seu noivo fará com que você se recupere em breve.
— Sendo meu noivo quem é, vai voltar a viajar amanhã! — disse ela, fitando nos olhos de Will.
— Engano seu! Estou livre para cuidar de você. Retorno às minhas viagens, apenas depois que você estiver recuperada cem por cento.
— Verdade? — perguntou ela, sorrindo.
— Sim. Minha prioridade é você, e nada mais.
— Não esqueça, daqui uma semana quero ver a senhorita no meu consultório.
— Tudo bem, na próxima semana estarei aqui. — afirmou Lívia.
— Vamos aguardá-lo em nossa casa, Mikael, temos muito o que lhe agradecer. Se não fosse você, Lívia poderia não estar aqui.
— Que isso! Só fiz meu trabalho, o resto é por conta de Deus. Fui somente seu instrumento.
— Então, vamos meu amor! Estou louca para sair daqui! Preciso ver gente, sentir o cheiro da rua, ver os meninos… até logo doutor.
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Atualizado até capítulo 26
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