Com o raiar de um dia ensolarado e uma brisa suave que prometia manter o calor em cheque, Lívia encontrava-se na cozinha, imersa na rotina matinal de preparar o café antes de partir para a faculdade. A luz do sol banhava o ambiente, criando um contraste com a serenidade que ela tentava manter.
Sentando-se à mesa em frente a Will, ela toca no assunto do almoço com uma leveza aparente.
— Combinei de encontrar Brandon para almoçar no Bernard hoje, vou direto depois da aula — ela diz, observando-o por cima da xícara de café.
Will responde com um aceno discreto, mantendo uma fachada de indiferença. Ele valoriza a amizade que Lívia tem com Brandon e se esforça para não deixar transparecer qualquer sinal de conflito. Contudo, por dentro, ele sente um desconforto sutil, um resquício de ciúmes que ele prefere manter oculto.
Lívia levanta, vai até ele, senta em seu colo e pergunta por que ele está tão sério hoje.
Ele olha em seus olhos tentando disfarçar seu desconforto e diz que não foi nada. É impressão dela e lhe dá um beijo. Ela o abraça e diz amá-lo e completa dizendo que vai se arrumar para a faculdade e o lembra de que hoje ele não precisa levá-la, pois ela irá com o carro dela. Ele só acena rapidamente com a cabeça e olha para o seu celular, enquanto digita uma mensagem.
***
Na sala de aula, o ambiente é de concentração e cumplicidade entre Lívia e Rebecca. Elas discutem os detalhes do trabalho que precisam entregar, suas mentes sincronizadas tanto na academia quanto nas redes sociais onde são influenciadoras digitais. A afinidade entre elas é evidente, fortalecida por inúmeras sessões de estudo e colaborações online.
Quando o sino anuncia o fim da aula, Lívia se apressa em organizar seus materiais. Com um rápido aceno de despedida para as colegas, ela corre para seu carro, ansiosa para não se atrasar para o almoço com Brandon. O dia promete revelações e talvez até uma nova direção para os sentimentos que ela ainda não os percebeu.
Ao chegar em frente ao café do Bernard, Lívia desliza o carro para o estacionamento. A fachada envidraçada do local oferece a Brandon uma visão panorâmica da rua, e seus olhos encontram Lívia imediatamente. Ela está ao telefone, provavelmente conversando com Vick, e mesmo de longe, ele capta o brilho peculiar em seu sorriso — aquele mesmo sorriso que o cativou desde o início.
Brandon observa, quase hipnotizado, como a luz do sol se reflete em seus olhos, iluminando uma alegria pura que ele raramente viu nela. Apesar de Lívia ser frequentemente vista com um semblante feliz, Brandon percebe que por trás daquela expressão radiante se esconde uma sombra de tristeza — talvez um eco das mágoas deixadas por JC.
Com um suspiro silencioso, Brandon decide mais uma vez reprimir seus sentimentos. Ele não quer perturbar a felicidade dela com confissões que poderiam apenas trazer constrangimento. O amor que ele nutre por Lívia é tão profundo que ele prefere suportar a dor em silêncio a arriscar afastá-la. No fundo, ele sabe que revelar seu coração poderia causar mais mal do que bem, especialmente se esse amor não for correspondido.
— Tudo bem, maluquinha? — Brandon pergunta com um sorriso terno, enquanto Lívia se aproxima.
— Saudade de você, Brand! — ela exclama, envolvendo-o em um abraço apertado e depositando um beijo carinhoso em sua bochecha.
O coração de Brandon acelera, batendo de forma descompassada contra o peito. Sentir Lívia tão perto, em seus braços, desperta nele um desejo ardente de proclamar seu amor por ela. Ele sonha com o dia em que poderá chamá-la de sua e confessar que seu coração pertence a ela desde aquele primeiro encontro na casa de Vick.
Lívia, percebendo o nervosismo dele ao tocar seu peito, questiona com uma ponta de preocupação:
— Por que você está tão nervoso?
Brandon quer dizer a verdade, quer revelar tudo:
— Como não ficar nervoso diante de você? Sou completamente louco por você!
Mas as palavras que saem são outras, palavras seguras e distantes:
— Estou ansioso para te contar uma novidade. Em janeiro estou indo embora para a Espanha. Fui promovido a coordenador de edição para o jornal de lá.
Lívia fica sem palavras, encarando-o com um olhar desolado. Ela sente como se o chão desaparecesse sob seus pés.
— O que foi, Liv? Não está feliz por mim?
Ela tenta sorrir, mas há uma tristeza inegável em sua voz:
— Claro que estou feliz por você, mas... vou sentir tanto a sua falta, Brand.
Ela segura suas mãos firmemente e confessa:
— Você tem noção do quanto eu te amo, Brandon? Você é meu porto seguro.
Brandon luta contra o impulso de dizer a verdade. Ele responde com carinho e uma doçura que esconde sua dor:
— Tenho noção sim, pois te amo tanto quanto, ou talvez mais do que você imagina. Você é minha maluquinha favorita. Adorei cada momento ao seu lado, ser teu ombro amigo, te fazer rir ou simplesmente te proteger nos dias ruins.
Lívia sorri com nostalgia:
— Nossa Brand, e como tive dias ruins quando vim morar em Los Angeles!
Brandon muda de assunto para aliviar a tensão:
— Temos muitas histórias juntos que jamais serão esquecidas. Mas hoje vamos celebrar. Iria levá-la no italiano, mas você escolheu o café... então vamos aproveitar o melhor daqui.
Lívia concorda com um sorriso esperançoso:
— Não tem problema — diz Lívia, com um brilho de aventura nos olhos. — Vamos marcar outro dia para aquele verdadeiro almoço italiano... Quando eu for te visitar na Espanha, podemos dar uma escapada até Itália. Promete?
Brandon olha para ela, capturado pela ideia de compartilhar tal aventura com Lívia, e responde com um sorriso caloroso:
— Prometo, maluquinha. Será uma viagem inesquecível.
Eles conversam animadamente, e o tempo voa. De repente, Lívia olha para o relógio e percebe que já passava das quatro da tarde.
— Adoro estar com você, Brand! — ela diz com um sorriso sincero. — Mas preciso ir.
Brandon se levanta e caminha até o balcão para pagar a conta. Bernard, o dono do café, que observava os dois com um olhar atento pergunta:
— E então, quando sai o casório?
Brandon fica confuso com a pergunta.
— Como assim? — ele responde.
— Deu para perceber daqui os corações flutuando entre vocês — Bernard brinca.
— É, mas é só da minha parte — Brandon admite com um suspiro. — Os corações por parte dela pertencem a outro.
Bernard coloca a mão no ombro de Brandon.
— Não desista, meu jovem. Vale a pena lutar pelo amor e pela felicidade. E se nota que ela tem um grande carinho por você.
Lívia se aproxima do balcão para se despedir de Bernard, elogiando o café e o lanche maravilhoso. Em seguida, ela e Brandon saem do café.
Ao passarem por uma loja de doces próxima ao café, Lívia pede que Brandon a acompanhe até lá. Eles caminham lado a lado, conversando enquanto deixam seus carros no estacionamento do Bernard. Na loja, Lívia compra jujubas e bombons, suas guloseimas favoritas.
Na saída, eles param em frente a uma robusta árvore que guarda muitas memórias.
— Esta árvore guarda muitas lembranças nossas — Lívia diz com lágrimas nos olhos. — Quantas vezes sentamos aqui e você me deu conselhos que guardei com carinho... Vou sentir muito sua falta, Brand! Mas estou feliz por você, pois sei que é seu sonho.
Brandon a abraça com força.
— Não chore, maluquinha — ele diz suavemente. — Prometo que vamos nos ver muito antes de eu partir. E mesmo quando eu estiver na Espanha, estaremos sempre conectados.
A tensão cresce no ar quando Philipe, com ódio no olhar, se aproxima de Lívia e Brandon, que estão distraídos sob a sombra da árvore.
— Muito bem, dona Lívia! — grita Philipe com arrogância.
Lívia se vira assustada e reconhece o filho mais novo de Will.
— O que foi, garoto? — pergunta Brandon, irritado.
— Deixa, Brand. Ele é filho do Will — diz Lívia, tentando acalmar a situação.
— Tudo bem, Philipe! Este é Brandon, meu... — Philipe interrompe Lívia aos gritos:
— Seu amante! Sua depravada!
Brandon ferve de raiva.
— Veja como você fala, pirralho! Tenha respeito!
A discussão esquenta e Philipe insulta Lívia, chamando-a de nomes horríveis. Brandon em defesa de Lívia, agarra Philipe pela gola da camisa e o ameaça. Lívia intervém, pedindo a Brandon que o solte, por ela.
Brandon solta Philippe bruscamente e se afasta em direção ao café, enquanto Lívia vai atrás dele. Philippe segue em direção aos dois, e vai até o carro dela entrando sem ser convidado. Alí no interior do veículo, ele agrediu fisicamente e verbalmente, fazendo com que Lívia assustada, grite que iria chamar a polícia se ele não soltasse seu braço.
Após Philippe sair batendo a porta do carro, Lívia chora compulsivamente debruçada no volante. Brandon então, aparece com água para tentar fazer ela se acalmar e oferece levá-la para casa. Ela recusa, querendo se acalmar sozinha. E liga para Will, pedindo que ele vá ao seu apartamento mais tarde. William preocupado, responde que vai assim que ele terminar seu trabalho.
Brandon insiste em levá-la para casa, pois ela está nervosa demais. Mas Lívia recusa novamente e o agradece por estar sempre ao seu lado como um verdadeiro guerreiro, sempre a protege-la. Ele a abraça e a aconselha para não permitir que Philippe a trate assim, reforçando assim, o laço especial que compartilham.
Já em seu apartamento, Lívia se sente oprimida pelo peso das emoções do dia. Sob o jato do chuveiro, ela deixa as lágrimas se misturarem com a água, lavando a tristeza e a mágoa causadas pelas palavras e atos de Philippe.
Ao sair do banho, ela encontra Will sentado na poltrona de seu quarto, uma presença inesperada que a faz desabar em lágrimas novamente. Ele a abraça, oferecendo um silêncio confortante para que ela se acalme.
Quando Lívia finalmente compartilha os eventos angustiantes do dia, Will reage com uma mistura de choque e fúria ao ver o braço roxo de Lívia. Ele promete confrontar Philippe, mas Lívia o implora para ficar com ela, pois ela está precisando de sua presença tranquilizadora mais do que qualquer coisa.
Will concorda em adiar o confronto e se concentra em ficar para consolá-la, ele a envolve em seus braços, acariciando seus cabelos e beijando sua testa, um gesto que traz um pouco de paz ao coração perturbado dela.
A conversa se volta para a segurança de Lívia, com Will lembrando-a da importância da corrente na porta. Ela promete ser mais atenta, reconhecendo a preocupação dele.
Brandon, ainda preocupado com os eventos do dia, decide checar como Lívia está se sentindo e liga para ela.
— Como você está, maluquinha? — pergunta ele, com um tom de preocupação na voz.
— Estou bem, Brand. Estou com Will — responde Lívia, tentando transmitir tranquilidade.
— Ele não se chateou por você estar comigo hoje à tarde? — perguntou, ainda tenso.
— Não. Na verdade, Will sabia que eu estava com você — Lívia assegura a ele.
— Está tudo bem, mesmo? — Brandon insiste, precisando ouvir novamente para acalmar seu próprio coração preocupado.
— Está sim, Brand. Obrigada mais uma vez — diz Lívia, reconhecendo o apoio constante de Brandon.
Enquanto isso, Will observa a interação entre Lívia e Brandon. Ele sente um desconforto crescente, mas opta por não expressar suas preocupações diretamente. Em vez disso, ele pergunta sobre a natureza da relação deles.
— Há quanto tempo você e ele se conhecem? Você gosta muito desse garoto. Eu percebi — diz Will, tentando entender melhor a dinâmica entre eles.
Lívia confirma o carinho que sente por Brandon, explicando que ele é como um irmão mais velho para ela e que foi um apoio crucial durante um período difícil de sua vida. Will aceita a explicação dela e decide não questionar mais sobre o assunto, escolhendo confiar na natureza platônica da amizade entre eles.
Will, ainda fervendo de raiva, decide fazer uma chamada de vídeo para Perla, sua ex-esposa, para confrontar Philippe sobre seu comportamento.
Perla atende surpresa, pois Will raramente faz contato por telefone, especialmente por vídeo.
— Philippe está aí? — pergunta Will, com uma voz carregada de tensão, e sem ao menos perguntar como a ex estava passando.
— Sim, Will — responde Perla, sentindo a seriedade da situação.
— Você não vai acreditar no ponto que este moleque inconsequente chegou! — exclama Will.
— O que ele aprontou, Will? — Perla pergunta, preocupada.
— Ele agrediu Lívia. Se eu pego esse moleque... — Will não termina a frase, mas o tom de sua voz diz tudo.
— Chame ele, quero falar com ele agora! — demanda Will.
Perla, com sua sabedoria feminina, percebe que uma confrontação direta agora só pioraria as coisas e sugere falar primeiro com o filho para acalmar os ânimos antes de qualquer conversa entre eles.
Will então pede que Lívia mostre o braço machucado para Perla através da chamada de vídeo. Perla fica devastada ao ver o resultado das ações de seu filho e pede desculpas a Lívia pelo comportamento dele.
Após desligar o celular, Lívia tenta acalmar Will, que está visivelmente abalado e nervoso. Ele então propõe que passem o dia seguinte juntos e insiste que Lívia esteja presente no almoço em sua casa, onde Philippe terá que pedir desculpas pessoalmente.
Lívia hesita, mas percebe que não adianta discutir com Will quando ele está decidido. Ela concorda em ir, sabendo que Will está determinado a fazer com que Philippe a respeite.
***
Na casa de Perla, o clima é tenso. Ela confronta Philippe sobre seu comportamento recente.
— Philippe, você não tem nada a me dizer? O que está havendo? — pergunta ela, buscando entender a raiz do problema.
— Não está acontecendo nada! — responde Philippe, claramente irritado.
— Não foi isso que seu pai contou. Ele disse que você está contra o namoro dele. Por quê, Phil? — Perla insiste, tentando chegar ao fundo da questão.
Philipe explode, acusando Lívia de ser uma oportunista e expressando seu ódio por ela. Ele acredita que ela está tentando se aproveitar do patrimônio de seu pai e até a chama de vagabunda, alegando tê-la visto com outro homem.
Perla tenta trazer razão à conversa, lembrando que Will consegue tomar as suas próprias decisões e que ele falou bem de Lívia.
— Seu pai e eu almoçamos outro dia, e ele me falou muito bem dessa garota. E pelo que sei, esse rapaz que você viu é o melhor amigo dela.
— Amigo nada! É amante! Ele é bem mais novo que o papai. É aquele babaca do jornal da manhã.
Ela repreende Philippe mais uma vez, e o adverte sobre as possíveis consequências legais de seus atos.
— Se aquela vigarista quiser que me processe! Não sou obrigado a aceitar aquela golpista!
Perla sem paciência que ele realmente não precisa aceitar nada — É o pai quem precisa aceitá-la. A namorada é dele! Ele está apaixonado! Amanhã o que tem a fazer, é ir neste almoço e pedir desculpas a ela. — Seria o mínimo da sua parte!
Mas ele recusa-se ironicamente e sai, deixando Perla preocupada e frustrada com a atitude do filho.
***
A manhã já avançava quando Lívia e Will se preparavam para sair em direção à residência Baker.
— Vamos Lívia, está pronta? Temos quarenta minutos até minha casa — diz Will, demonstrando uma leve ansiedade.
— Sim, estou indo, só preciso colocar minha sandália — responde Lívia, tentando não demonstrar sua relutância.
Durante a viagem, Lívia confessa que está indo contrariada e expressa sua preocupação de que Philippe possa intensificar seu desgosto por ela após o encontro. Will a tranquiliza, assegurando que sabe o que está fazendo e pedindo para ela confiar nele.
Chegando na casa de Will pouco depois das 09h, eles encontram a casa ainda vazia, aguardando a chegada dos meninos. Will pede a Margot para preparar um almoço especial, pois todos estarão reunidos.
Lívia aproveita o momento de calma no jardim para tirar algumas selfies e atualizar suas redes sociais. É então que Will se aproxima por trás e a abraça, compartilhando com ela o quanto sua presença na casa, o faz feliz.
— Eu sinto o mesmo quando você está em meu apartamento — Lívia responde, retribuindo o sentimento de contentamento mútuo.
A tensão é palpável quando Nicholas chega e cumprimenta Will e Lívia com abraços calorosos. Ele questiona o pai sobre a urgência do almoço, mencionando uma ligação preocupada da mãe na noite anterior.
Will explica que quer discutir o comportamento de Philippe, que agrediu Lívia por um mal-entendido. Nicholas fica chocado com a atitude do irmão e pede desculpas a ela em nome dele.
Eric chega logo depois, brincando ao cumprimentar Lívia: Bom dia, "madrastinha"! — trazendo um breve momento de leveza à situação tensa.
Lívia sorri e o cumprimenta sorridente.
A chegada de Philippe, no entanto, reacende o conflito. Ele se recusa a cumprimentar Lívia, chamando-a de forma desrespeitosa. Will, furioso com a atitude do filho, exige respeito por Lívia e repreende Philippe por suas palavras ofensivas.
Lívia incapaz de suportar mais insultos, se defende e sai correndo, abalada pela situação. Will confronta Philippe fisicamente, exigindo que ele peça desculpas a Lívia. A situação atinge um ponto crítico quando Will, em um ato de autoridade paternal, proíbe Philippe de entrar na mansão até que ele mude sua atitude e peça desculpas a Lívia. Philippe, tomado por um misto de espanto e raiva, encara o pai com um olhar que transborda ódio.
Sem dizer uma palavra, ele se vira abruptamente e marcha em direção ao seu carro. A porta bate com força atrás dele, e o som do motor ruge enquanto ele acelera para longe da casa, os pneus cantando no asfalto.
Com os nervos à flor da pele, Will busca por Lívia, encontrando Margot no caminho.
— Dona Lívia subiu correndo, parecia bem nervosa — informa Margot, com uma bandeja na mão.
— Deixa que eu levo pra ela — diz Will, tomando a bandeja das mãos de Margot e subindo as escadas apressadamente.
Ao entrar no quarto, ele encontra Lívia aos prantos, abalada pelas palavras duras de Philippe.
— Amor, não fica assim! Tome o chá que a Margot preparou pra você. — Will tenta consolá-la, oferecendo a xícara.
— É raiva, Will. Raiva! Eu não aguento mais isso... Não volto mais aqui — desabafa Lívia entre soluços.
Will se aproxima, tentando acalmá-la com palavras doces e um abraço reconfortante.
— Me perdoa por tudo isso... Eu não queria que você passasse por essa situação horrível.
Lívia se afasta um pouco, olhando para Will com uma mistura de tristeza e determinação.
— Eu não mereço ser chamada de golpista ou interesseira. Isso dói demais, Will!
— Eu sei quem você é de verdade. E isso, é o que importa — diz ele, segurando o rosto dela entre as mãos. — Vem cá esquecer isso. Vamos lavar esse rosto lindo e secar essas lágrimas.
Ela pede para ir embora para seu apartamento, mas Will se recusa a deixá-la partir.
— Você pertence aqui, do meu lado. Ninguém vai nos separar — afirma ele com convicção.
Lívia se rende ao abraço dele e concorda que não devem permitir que as palavras de Philippe interfiram no amor que compartilham.
— Você tem razão. Não podemos deixar que ele estrague o que temos. Eu te amo demais pra isso.
***
A vida na mansão Baker retoma sua calmaria, mas a sombra da discórdia ainda paira no ar. William sente profundamente a falta de Philippe, ele anseia por uma reconciliação, mas sabe que o primeiro passo deve partir de Philippe, que precisa reconhecer seus erros e aceitar a felicidade do pai.
O tempo passa, e com ele, a esperança de William se mantém firme. Dois meses voam desde aquele almoço tumultuado, e Lívia segue sua rotina acadêmica sob o sol escaldante do campus universitário. É nesse cenário de normalidade que Philipe decide reaparecer, buscando Lívia entre os rostos jovens e despreocupados das colegas dela.
— Olá, Lívia! Podemos conversar? — Philipe pergunta, um tanto incerto.
Rebecca, uma das colegas de Lívia, não perde a chance de comentar:
— Nossa, quem é esse gato? Apresenta pra gente, Liv.
Lívia, no entanto, não está no clima para apresentações.
— Depois eu apresento, Becca. Agora não dá — diz ela, virando as costas para Philippe e sinalizando que não é um bom momento.
Philipe insiste, seguindo-a.
— Lívia, por favor! Só um minuto.
Ela para e se vira para ele com uma expressão de descrença.
— O que você quer? Não me diga que veio aqui só pra me insultar de novo?
— Não, claro que não. Eu vim pedir uma trégua — ele estende a mão em um gesto de paz.
Lívia olha para a mão dele e depois para o rosto dele, confusa.
— Trégua? Eu nunca declarei guerra contra você. Você que começou com os insultos desde o dia que nos conhecemos.
Philipe baixa a cabeça, envergonhado.
— Eu sei... E eu sinto muito por tudo. Fui um idiota e um covarde. Machuquei você com minhas palavras e atitudes... Mas eu quero mudar isso. Você consegue me perdoar e ser minha amiga? — ele pede sinceramente, esperando por uma resposta que possa começar a curar as feridas do passado.
Lívia ouve Philippe em silêncio, analisando cada palavra que ele diz, enquanto ele se abre para ela. Eu tenho refletido muito, conversado com minha mãe e minha terapeuta — continua Philippe. — Minha mãe me disse algo que mexeu comigo... Ela disse que não via meu pai tão feliz há anos, e que agora a felicidade dele é medida pelo sorriso que você traz. Eu fiquei furioso inicialmente, não vou mentir. A influência que você tem sobre ele... nunca vi ele assim por ninguém. E sua idade... bem, isso me incomodou porque você poderia estar com qualquer um de nós, mas escolheu ele. E eu pensei: só pode ser pelo dinheiro.
Lívia, surpresa e um pouco constrangida com a sinceridade de Philippe, responde de forma firme:
— Então você acha que seu pai não merece ser amado por alguém da minha idade? Que eu só poderia amar você ou seus irmãos, mas com ele seria só interesse? Philippe, seu pai, é muito mais do que uma conta bancária. Ele é um homem maravilhoso, um pai incrível e uma pessoa que eu admiro profundamente. Eu nunca me importei com o dinheiro dele. Aliás, às vezes desejo que ele fosse um homem comum para que nosso relacionamento fosse mais simples.
Lívia, buscando mostrar a Philippe sua perspectiva, questiona:
— Você sabia que seu pai já me pediu várias vezes para morar com ele? Mas eu recusei. Não me parece certo ainda.
Ela continua tentando ilustrar a sua independência:
— Veja só, continuo com meu carro, que comprei com meu próprio dinheiro. Moro no meu apartamento e pago meu aluguel. E é seu pai que vem ao meu mundo para estarmos juntos. Eu sei que um dia talvez tenha que entrar no mundo dele, mas por enquanto, quero manter minha vida e meus sonhos com o esforço do meu trabalho.
Philippe, tocado pela sinceridade dela, estende a mão mais uma vez:
— Amigos?
Lívia sorri e aceita a mão dele:
— Amigos! Mas sabe, eu costumo abraçar meus amigos.
Eles se abraçam, selando a nova amizade e o fim das desavenças.
— Vamos começar de novo — diz Lívia, ansiosa para compartilhar a novidade com William.
Philippe revela que já falou com o pai mais cedo por telefone.
— Você não imagina o quanto isso me deixa feliz. Ele ama muito vocês.
Eles se despedem com um — Até logo!
Finalmente parece que a paz reinará no reino de William Baker. Mas, a pergunta é...Até quando?
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Atualizado até capítulo 26
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