O grave acidente
Naquela manhã, Lívia estava radiante. No dia seguinte, completariam sete meses desde que Will e ela estavam juntos, e ela preparava uma surpresa para comemorar. Saindo da faculdade, ela passou na floricultura próxima à Universidade, conversando com Vick ao telefone sobre os detalhes da surpresa para Will.
— Lívia, empolgada, gritou: — Ai, que fofo! Você não vai acreditar onde estou!
— Nem tenho ideia! — respondeu Vick, girando na cadeira do trabalho.
— Espera, vou te ligar em vídeo — disse Lívia.
Ao atender a chamada, Vick também ficou encantada e comentou: — Que amor! Você precisa comprá-lo.
— Eu vou comprar, mas ainda não sabemos o sexo do bebê... Meu bebê, que já amo muito! Será meu primeiro presente para ele.
Lívia acariciou a barriga enquanto Vick sugeriu as cores branco e verde oceano. Após comprar um conjunto de roupas e um ursinho musical na loja de bebês, Lívia dirigiu até a floricultura para escolher a cesta de café mais bonita. O vendedor a ajudou a levar a cesta até seu Mercedes-Benz A200, presente de Will. No entanto, sem perceber, Lívia estava sendo seguida por Jenny desde a Universidade.
Enquanto dirigia tranquilamente, Lívia viu um carro estilo caminhonete, um Wagoneer, piscando os faróis atrás dela. Ao parar no semáforo, percebeu que era Jenny e sentiu medo. Jenny estava visivelmente transtornada, gritando para que Lívia parasse. Com razão, Lívia ignorou as ordens e acelerou, tentando escapar. Ela pegou o celular para avisar Will, mas ele estava gravando no estúdio e não viu a chamada.
Desesperada, Lívia deixou um recado na caixa postal: — Will, estou sendo perseguida por Jenny, estou com muito medo, ela está ameaçando bater na traseira do meu carro e está fora de si.
Nervosa, Lívia deixou o celular cair, que continuou gravando. Na via expressa, ela permaneceu à esquerda, tentando fugir de Jenny, que a perseguia com ódio desde que descobrira a gravidez de Lívia. Recordando as palavras de Will sobre segurança, Lívia perdeu o controle do veículo a mais de 100 km/h, capotando várias vezes. O carro ficou destruído, e Lívia ficou inconsciente no interior.
Jenny parou seu carro, viu Lívia aparentemente morta e fugiu. As pessoas que testemunharam o acidente filmaram o resgate e compartilharam nas redes sociais. Os jornais noticiaram: "Digital influencer e noiva do cantor William Baker, Livia Costa, sofre terrível acidente na rodovia."
Will estava dentro da sala acústica e não tinha a menor ideia do que se passava lá fora. Mark e os outros que estavam fora da sala ficaram paralisados ao saber da notícia.
— Alguém precisa avisá-lo? — disse Derrick, próximo à mesa de equipamentos de gravação.
— Mark, apertando o botão de acesso ao áudio na sala acústica, o chama para transmitir a triste notícia.
— Will, precisamos conversar!
— O que houve? — Parecem que viram fantasmas! — disse ele, logo ao sair da sala.
— Nós acabamos de ver na Internet, está por toda a rede.
— O que foi, Mark?
— Lívia sofreu um acidente de trânsito e está no hospital.
Will pegou a chave de seu carro e o celular e saiu correndo do estúdio. Mark foi atrás e disse que o levaria, pois ele não estava em condições de dirigir. A menos que ele não quisesse entrar no hospital como um paciente, deixe-o conduzir o veículo.
— Meu Deus! Minha menina precisa estar bem!
— Se acalme, Will. Afinal, não sabemos como ela está. Ela deve estar bem!
Na frente do hospital, a mídia já estava montada quando William Baker chegou. Os repórteres correram para obter informações, e uma repórter se aproximou dele:
— Como aconteceu o acidente, Sr. William?
Ele permaneceu em silêncio, conseguindo afastar a mídia. Will, aflito, pediu à recepcionista informações sobre Lívia Costa. Ela solicitou que aguardassem na sala ao lado, onde o Dr. Mikael os atenderia. Enquanto Will andava de um lado para outro, Mark estava ao telefone com sua esposa, Anne.
Freneticamente, o celular de Will tocou; era Vick querendo saber notícias da amiga.
— Cheguei agora no hospital e estou aguardando o médico. Ainda não sei absolutamente nada — afirmou ele ao telefone.
Ao desligar, Will notou uma chamada perdida de Lívia e escutou sua mensagem na caixa postal. Seu desespero aumentou, pois ela estava em pânico segundos antes do acidente. Furioso, ele disse:
— Maldita! Eu vou matá-la!
Mark perguntou apreensivo:
— O que houve?
— Ouça isso... Eu sou o culpado! — Will desesperadamente mencionou que deveria ter obrigado Lívia a aceitar Paolo ou George como seus guarda-costas.
— Se acalme, Will! — Mark tentou tranquilizá-lo. — Ninguém imaginaria que Jenny faria algo assim.
Os filhos de Will chegaram correndo e o abraçaram. Ele permaneceu em silêncio, segurando-se para não desabar. Vick também chegou chorando, perguntando se havia notícias.
— Nada! — Respondeu Mark, olhando para o amigo.
William sentou-se na poltrona ao lado da janela, tentando manter o autocontrole. Na verdade, o que ele queria era invadir o quarto onde Lívia estava e protegê-la.
Duas horas se passaram, e o médico ainda não havia aparecido.
— Pai, vamos tomar um café? Quer que eu traga algo? — ofereceu Philipe.
— Não, Philipe, obrigado! — respondeu Will.
— Vick, nos acompanha?
— Obrigada, Philipe. — Vick preferiu ficar e aguardar o médico.
Na sala, restaram apenas Will, Nicholas e Vick. Enquanto isso, Mark, Eric e Philippe foram à cantina do hospital. Anne, esposa de Mark, ligou para saber como estavam Lívia e Will.
— Ele está arrasado! — disse Mark. — Ainda não conseguimos falar com o médico sobre Lívia. Temo que o caso dela seja delicado.
Passava das cinco horas da tarde quando Will disse a Mark que, se ele quisesse ir embora, poderia fazê-lo, pois qualquer notícia seria avisada a ele ou aos meninos.
— Nicholas, eu trouxe seu pai no carro dele, será que você pode me levar até a produtora para trazer o carro de seu pai de volta? — perguntou Mark.
— Claro, Mark. Vamos.
— Qualquer coisa que precisar, não hesite em ligar, Will, — disse Mark. — E nos mantenha informados, por favor!
— Obrigado, Mark!
Finalmente, o Dr. Mikael Mancini apareceu no final do corredor, dirigindo-se a todos.
— Dr., por favor! Will estava ansioso para saber sobre Lívia.
— Boa tarde, senhores! — cumprimentou o médico. Como ela está, Dr.?
— Ela está estável, senhor William, — respondeu o Dr. Mikael. Mas seu quadro é muito delicado e inspira cuidados.
Vick, ao ouvir o doutor, começou a chorar descontroladamente. Philippe tentou acalmá-la, abraçando-a e consolando-a. Enquanto o Dr. Mikael continuava com as informações sobre Lívia.
— Ela sofreu uma pancada muito forte na cabeça, ocasionando um hematoma no cérebro ao lado esquerdo, elevando a pressão e a temperatura, — explicou o médico. — Já fizemos todos os procedimentos que nos cabia para salvá-la. Agora é uma questão de tempo.
Will sentiu o desespero voltar ao ouvir as palavras do médico. O coma de Lívia não seria a única notícia ruim que ele receberia. Em breve, sofreria mais um golpe devastador.
— Quando posso vê-la, Dr.?
— Will, acalme-se. Vou permitir que vá até ela, mas não permitirei a entrada na UTI. Poderá vê-la pelo lado de fora. O caso de Lívia é muito delicado e requer cuidados especiais, pois pode acarretar sequelas permanentes.
— Como assim? Quer dizer que Liv poderá nunca mais voltar a ser a mesma?
— Infelizmente. — respondeu o médico. — Vamos aguardar para avaliarmos melhor a situação.
— E o nosso bebê, doutor? Como vai resistir a tudo isso? — perguntou Will, já prevendo o pior.
— Lamentavelmente, ela perdeu o bebê, disse o médico. — Lívia chegou aqui com hemorragia, e infelizmente não podíamos fazer mais nada contra isso.
Vick soluçou e chorou, incapaz de acreditar no que estava acontecendo.
— Como isso aconteceu? — perguntou ela. — Ela estava tão feliz comprando um presente para o bebê! Estávamos falando por vídeo, quando ela estava na loja, e ela disse que seria o primeiro presente dela para ele.
Todos na sala ouviram Vick e olharam para ela com compaixão. Will, com os olhos cheios de lágrimas, tentou disfarçar e disse:
— Doutor, eu quero vê-la agora, por favor.
— Venha. Vou acompanhá-lo até ela.
Ao chegar, Will observou Lívia pelo lado de fora da UTI. A tristeza e sofrimento de Will eram evidentes. Ele sentia uma profunda dor ao ver a mulher que tanto amava naquele estado. Lívia tinha escoriações no corpo e no rosto e uma fratura exposta na perna direita, que já havia sido tratada pelo cirurgião ortopedista.
Sentindo-se impotente, Will soltou um suspiro profundo, então Dr. Mikael aconselhou-o a ir embora, pois não havia nada que ele pudesse fazer ali. Will perguntou quando poderia estar ao lado de Lívia. Mikael então diz: — Fique tranquilo, Will. Vamos aguardar, e assim que possível, eu permitirei que você a veja.
Will saiu com o coração partido, deixando Lívia para trás, e foi até a sala onde estavam Philipe e Victoria.
— Philipe, me dê a chave do seu carro.
— Pai, eu o levo. Aonde quer ir?
— Eu preciso ficar sozinho. Me dê a chave! disse Will, impaciente.
— Você viu Lívia de perto, como ela está, Will? — perguntou Victoria.
— Como poderia estar, Vick? — respondeu Will. — Minha menina está vulnerável e completamente indefesa, com sua vida por um triz. — Ele puxa a chave das mãos de Philipe, visivelmente perturbado. — Me dê logo essa maldita chave!
Contrariado, Philipe entregou a chave, e Will virou as costas, deixando-os em silêncio. Profundamente ferido e perdido, Will saiu pelas ruas de Los Angeles sem rumo. As lembranças de Lívia e de tudo que eles viveram até agora invadiram sua mente enquanto dirigia.
Ele recorda da primeira vez que a viu, como se fosse ontem. O sorriso encantador de Lívia, o olhar que o iluminava. Naquela festa de Natal, quando ela desceu a escada em sua direção, ele soube que estava diante de algo especial. E a surpresa dela, indo ao seu encontro no Canadá, foi um momento mágico.
Hoje pela manhã, ela o acordou com carinho, antes de ele sair para o trabalho. E agora, com o olhar fixo na estrada, ele se pergunta: como ela poderia estar entre a vida e a morte? Como teria perdido a prova maior do amor entre eles?
Em busca de respostas, ele vai a um lugar que compartilharam muitas vezes, próximo à sua casa. Um lugar magnífico, com flores majestosas. Ele segue a trilha familiar, correndo, enquanto as lembranças de Lívia o inundam. Suas lágrimas caem sem parar, e ele se sente arrasado, destruído.
No alto da colina, ele avista a cidade de Los Angeles, silenciosa lá do alto. Observa o horizonte, ajoelha-se e grita desesperadamente por Lívia. Seu coração está em pedaços, entregue ao desespero.
Will chora sozinho, buscando consolo na memória da mulher que amou profundamente. O vazio em seu peito é insuportável, e ele se pergunta como seguir adiante sem ela, caso o pior aconteça. O bosque testemunha sua dor, e as flores parecem murmurar segredos de saudade.
Enquanto isso, no hospital, Vick se despede de Philipe e Eric, prometendo retornar amanhã cedo para saber notícias de Lívia.
— No estacionamento, Vick já está dentro do carro, triste e abalada. Ela chora compulsivamente ao lembrar da infância e adolescência ao lado de Lívia.
Brandon liga para ela, tendo acabado de saber da situação por meio de um colega de trabalho.
— Alô! — Vick atende, tentando conter-se.
— Diz que é mentira, Vick! — Brandon quase não consegue falar.
— Infelizmente não posso, Brandon.— Victoria responde aos prantos. — Ela está em coma. Sofreu uma pancada muito forte na cabeça. O médico fez o que estava ao seu alcance. Agora temos que aguardar para ver como ela irá reagir ao tratamento.
Brandon, com a voz embargada, tenta segurar o choro. — Como isso aconteceu?
Vick responde que pode ter sido um problema no veículo, já que elr era novo e fora a segunda vez que Lívia o conduzia.
Vick não fazia ideia da ligação que Will recebeu sobre a perseguição de Jenny.
Brandon escuta calado e então informa Victoria, que no dia seguinte estará em Los Angeles.
— Estou chegando em Los Angeles amanhã, próximo ao meio-dia, diz Brandon.
Victoria tenta chamá-lo à realidade. —Como ela está na UTI, você não poderá vê-la de perto. Nem mesmo Will, que é o noivo, conseguiu entrar.
— Não importa! Eu preciso estar por perto. Deveria ter atendido às vezes que ela me ligou, enviou mensagens... Ela deixou áudios que nem me dei o trabalho de ouvir. Agora, ela pode partir achando que eu a abandonei de verdade.
— Cale-se, Brandon! Isso não vai acontecer! — Vick responde, soluçando. — Lívia é minha irmã de alma. Não posso pensar em perdê-la.
— Nem eu, Vick! — Brandon diz, pesaroso. — Amanhã nos falamos. Vou ligar para você quando chegar em Los Angeles. — ele despede-se e desliga o celular em seguida.
A dor e a angústia permeiam cada palavra, e a incerteza do futuro paira sobre todos os envolvidos.
Assim que Will conseguiu sair do momento de dor que o invadia, ele volta para seu carro, deixando a colina, e a trilha para trás.
Ele agiu com determinação ao procurar o Departamento de Polícia e apresentar as provas da tentativa de assassinato contra Lívia. Ao chegar no DP, ele procura o detetive David, colocando o celular na mesa:
— Detetive, aqui está meu celular. Nele há provas de que minha noiva sofreu uma tentativa de assassinato hoje na rodovia — disse Will, de forma objetiva e direta.
O detetive ouve o áudio de Lívia e Will informa sobre um Boletim de Ocorrência que eles têm contra Jenny por ameaças, agressão física e invasão de propriedade. O detetive David reconheceu a gravidade da situação e prometeu enviar uma viatura para o hospital.
— Agora fique calmo Sr.Will.
— Eu vou ficar calmo só quando essa maluca estiver na cadeia! Ela matou o nosso bebê e Lívia, minha noiva está lutando para sobreviver. — Will respondeu, ao virar as costas.
O detetive David comenta: — Pobre desse homem! Todo o dinheiro que ele tem não pode comprar sua paz e nem a saúde de sua linda noiva.
Ele imediatamente diz para kane, entrar em uma viatura e permanecer no estacionamento do hospital até a segunda ordem.
Will explica o que aconteceu com Lívia para Paolo e George e o que eles precisam fazer, a partir de agora: — Em hipótese alguma se afastem fisicamente ou afastem a atenção do quarto dela. —disse Will, enfático. Ele, também os informa que no estacionamento do hospital terá uma viatura policial disponível para qualquer evento estranho que necessite a ajuda deles.
Já passava das 23 horas, e todos estavam exaustos. Eles foram para a mansão Baker, inclusive os garotos, que estavam preocupados com o pai. Não queriam deixá-lo sozinho, visto que ele estava muito abalado com os últimos acontecimentos.
Will voltou para casa com o coração despedaçado e um vazio enorme na alma por não ter Lívia ao seu lado. Assim que chegou em casa, dirigiu-se ao seu home bar na sala de estar, pegando uma garrafa de uísque escocês Bourbon. Sentou-se no sofá em frente a Nicholas, serviu um copo e o esvaziou de uma só vez.
Nicholas disse ao pai que não era saudável beber daquela forma sem se alimentar. No entanto, Will não deu a mínima e serviu-se de outra dose, esvaziando-a rapidamente.
— Pai, por favor! Não beba assim!
— Deixe-me, Nicholas! Eu preciso beber!
Ele pegou o copo, a garrafa e foi para seu quarto, onde bebeu quase todo o uísque, adormecendo bêbado em seguida.
No dia seguinte, Will levantou depois das oito horas da manhã, e Nick o esperava na sala. Quando desceu a escada com a mão direita sobre a testa, disse estar com uma ressaca horrível.
— Também, pai, convenhamos, como não estaria? O senhor sequer se alimentou ontem e bebeu em demasia!
— Eu precisava beber para esquecer onde Lívia está. Agora irei ao hospital para vê-la e saber notícias dela.
— O senhor vai tomar um café e se alimentar primeiro! Se Lívia estivesse aqui, diria o mesmo.
Um tempo depois, William chega ao hospital e procura imediatamente por Mikael e quer saber como Lívia passou a noite. Mikael informa que ela se manteve estável, o que é um bom sinal.
— Isso significa que posso vê-la, então? — perguntou Will, agoniado.
— Não de perto, Will. Isso vai levar mais alguns dias, mas através do vidro, sim. — respondeu Mikael.
Os dois foram até o quarto, e Will observou Lívia de fora, através do vidro. Em pensamento, ele expressou o quanto ela fazia falta em sua casa e, principalmente, em sua vida. Por um momento, não percebeu que estava falando alto, como se se dirigisse diretamente a ela:
— Minha menina, estou aqui com você. O dia está lindo, meu amor. Ensolarado e sem nuvens, do jeito que você adora. Por favor, amor, recupere-se logo! É tão difícil ver você neste estado!
Mikael voltou e conversou com ele:
— Está mais tranquilo agora, depois de vê-la?
— Só ficarei tranquilo quando puder vê-la consciente e em meus braços.
— Breve você a verá! Por enquanto, observe-a daqui de fora. O estado de Lívia é muito delicado; ela precisa de total repouso e relaxamento das funções cerebrais. Não pode haver interferências externas que causem mudanças emocionais. Devemos mantê-la estável.
Will compreendeu a necessidade de manter distância de Lívia durante esse período e continuou:
— Eu sei que é o melhor para ela, mas não posso esconder minha aflição e ansiedade de vê-la de perto.
— Entendo. — respondeu Mikael, com o prontuário de Lívia em mãos. — Me dê licença, Will! Irei verificar como ela está.
Mikael examinou Lívia mais uma vez e, após sair do quarto, voltou a atenção para Will:
— Pode ficar tranquilo, está tudo bem. Ela se mantém estável. É melhor você ir para casa. Se houver qualquer mudança em seu quadro, eu mesmo ligarei para avisá-lo.
— Obrigado, Mikael, mas ficarei na sala de espera — disse Will, preocupado.
— Como preferir, Will. Preciso ver mais alguns pacientes. Com licença.
— Claro, Mikael! Fique à vontade! — respondeu Will, afastando-se do corredor da UTI.
Os dois saíram do corredor que levava à UTI, e Will dirigiu-se a George e Paolo, que estavam na porta antes do acesso ao corredor. Ele informou que Bryan e Jeff estavam chegando para assumir a guarda deles. Seria uma escala de 12 horas para cada dupla, evitando que Lívia ficasse sozinha nem mesmo por um segundo. Os dois concordaram com um gesto de cabeça. Will seguiu para a sala de espera, onde ficaria por um curto período, pois seu celular tocaria e ele precisaria ir até a produtora.
— Coitado do senhor William, perder o filho e ter a mulher neste estado! — disse George, observando-o afastar-se com a cabeça baixa em direção à sala de espera.
— Espero que a dona Lívia se recupere logo. Ela é tão linda! Não merece ficar em um estado que dependa das pessoas. — respondeu Paolo.
No início da tarde, Brandon entra na recepção do hospital solicitando informações sobre Lívia Müller Costa. A recepcionista não lhe passa nenhuma informação, mas ao perceber que ele está muito nervoso, pede que aguarde um instante, pois chamará o Dr. Mikael.
Meia hora depois, Mikael chega para dizer que não poderá passar informações para a imprensa. Ele reconheceu Brandon do jornal da manhã ao qual ele apresentava.
Brandon, muito aflito, explica que não está ali pela imprensa, mas sim por Lívia. Ele é o melhor amigo dela e veio da Espanha assim que soube do acidente. Implora que Mikael o deixe vê-la, mesmo que distante.
Ao ver a aflição e sofrimento de Brandon, Mikael libera sua entrada. — Irei levá-lo até Lívia, mas você ficará a uma distância de apenas cinco minutos e nada mais.
Brandon segue Mikael apressadamente pelos corredores do hospital até chegar na frente do quarto onde Lívia estava.
— Aqui está sua amiga — disse Mikael. — Eu irei deixá-lo aqui, mas estarei ali. Mikael aponta para uma distância de uns 10 passos longe dele e, ao se afastar, permanece em silêncio.
Brandon observa Lívia de uma distância de aproximadamente 2 metros. Ela estava ligada a aparelhos e tubos. Ele se aproxima do vidro que a separava do mundo lá fora e a mantinha segura dentro daquele quarto. Em meio a soluços, ele chora baixinho, desabafando: — Meu amor, me perdoe por não responder suas mensagens, por não ouvir seus áudios. Sei que você teria tanto a me dizer. Mas eu, teimoso, não quis ouvir. Pensava ser melhor para nós dois nos afastarmos. Sei que você está feliz por saber que será mãe, Vick me contou. Eu ainda sei tudo sobre você, pois não consegui esquecê-la nem por um minuto. Eu tentei ficar longe de você, mas não consegui. Desde que fui para a Espanha, tenho acompanhado suas redes sociais. Eu voltei, meu amor, e irei ficar. Eu amo você, Lívia! E eu irei amá-la para sempre!
Então, Mikael vai até ele e o convida a sair. Brandon, passando as mãos no rosto, seca as lágrimas e pergunta a Mikael: — Dr., quais as reais chances de Lívia recuperar-se? Seja honesto em sua resposta. — As chances existem, mas dependem de ela manter-se estável e começar a reagir ao tratamento. Até o momento, isso tem acontecido. Tente ficar tranquilo, Brandon; sua amiga irá se recuperar e ficará bem.
Mikael o acompanha até a sala de espera, enquanto conversa e explica mais detalhes sobre o tratamento de Lívia. Chega Victoria, que reencontra Brandon e o abraça, chorando.
Ao fitar os olhos de Victoria, Mikael fica encantado por ela. Então lhe diz, tocando em seu ombro:
— Se acalme. Sua amiga irá ficar bem.
— Dr., nós somos mais que amigas, somos irmãs. — respondeu Vick, soluçando.
— Eu imagino seu sentimento por ela, mas tente ficar calma. Acredito que ela não gostaria de vê-la assim. Ela vai se recuperar; temos um ponto a favor, ela continua estável. Isso mostra que está lutando bravamente.
— Fique calma, senhorita? — perguntou Mikael.
— Enxugando as lágrimas, ela responde:
— Victoria, doutor. Mas pode me chamar de Vick, por favor!
— Ok! E você, me chame de Mikael, sem as formalidades de doutor.
— Certo, Mikael! — respondeu ela, com semblante mais leve.
Mikael é um homem de 35 anos, muito bem-apessoado. Alto, charmoso, com peito largo e braços fortes, não moldados em treinos incessantes de musculação, mas naturalmente definidos. Seus olhos e cabelos são negros, e sua pele tem um tom claro, típico de um italiano. Apesar de sua idade, é um médico de renome em sua profissão, extremamente inteligente e com um QI acima da média. Essa habilidade lhe conferiu autoridade como neurocirurgião, destacando-se mesmo entre médicos com mais de trinta anos de carreira.
Mikael é muito profissional, mas nada ingênuo. Ele repara em Vick, sentindo-se atraído por ela. Claro, diante de um familiar de sua paciente em estado grave, ele guarda esse encanto para si.
Brandon e Vick se despedem de Mikael, enquanto ele volta ao trabalho com seus pacientes. Os dois vão até o café de Bernard para conversar. Já no café, a conversa não poderia ser outra senão sobre Lívia.
— Sabem como aconteceu o acidente de fato? — perguntou Brandon, largando seu celular sobre a mesa.
— Não ouvi ninguém falar nada sobre isso. E nem perguntei, na verdade. Toda vez que vou até lá, quero saber como Lívia está. Como aconteceu é o de menos! Já aconteceu, infelizmente. Mas prometo investigar e saber os detalhes de tudo.
De volta à residência Baker...
Enquanto isso, Will recebe uma ligação do detetive David. O detetive informa que surgiu uma testemunha que viu uma caminhonete seguindo o carro de Lívia na rodovia minutos antes do acidente. Eles também tentaram entrar em contato com Jenny, mas ela não se encontra em Los Angeles desde a semana passada.
— Será possível que sua noiva esteja enganada? — perguntou o detetive, cheio de dúvidas.
— Lívia jamais se enganaria quanto a isso! — respondeu Will, irritado. — Senhor David, investigue isso melhor, pois Conhecendo Jenny do modo que a conheço e considerando as ameaças anteriores, isso parece quase uma confissão.
— E agora, me dê licença, preciso ver minha noiva no hospital. — demonstrando-se inconformado, Will desligou o telefone sem esperar a resposta do detetive.
Três dias após o acidente de Lívia, Victoria vai ao hospital para saber da amiga. Ela aperta o botão para chamar o elevador, assim que ele abre a porta, ela vê George e Paolo:
— Olá! — disse ela. Will está lá em cima com Lívia? — indagou ela, com a mão bloqueando a porta do elevador.
— Oi, senhorita Victoria! — respondeu eles ao mesmo tempo. — George então continua a conversa e a informa que ele o senhor Will ainda não estava no hospital.
— E o que vocês dois fazem aqui? — questionou ela, intrigada.
— Bem, estamos na nossa troca de turnos, Bryan e o novato acabaram de assumir o horário.
— Troca de posto? Mas qual o motivo de vocês estarem fazendo plantão no quarto de Lívia? — questionou ela novamente.
— A senhorita não está sabendo que a dona Jenny louca tentou matar a chefinha? — respondeu Paolo.
— Nã, nã, nã, não sabia. — gaguejou ela, de nervosa. — Okay, obrigada! Vou subir para saber de Lívia.
— Até logo, senhorita! — respondeu eles, enquanto a porta do elevador se fecha.
Ela liga para Brandon, deixando uma mensagem de voz: para que ele a encontre no café do Bernard, pois ela tem uma bomba sobre Lívia.
Como ele estava em reunião on-line, não a atendeu no momento, mas assim que viu sua mensagem, se deslocou até lá, o mais rápido possível.
No café, ela o aguarda, enquanto conversa com Bernard. Brandon chega em seguida pedindo desculpas, pois estava em reunião com o chefe no momento em que ela ligou para ele.
— Tudo bem, Brandon. Você foi ao hospital saber de Lívia? — perguntou ela.
— Não, hoje ainda não! Eu irei quando sair daqui.
— Eu estive lá, agora pouco, Lívia continua estável, graças a Deus. Falei com o Paolo e George na troca de turnos deles e Paolo me contou que Jenny tentou contra vida Lívia. Foi ela, Jennifer Stone que fez Lívia se acidentar na rodovia.
— Maldito, William Baker! — diz Brandon, com ódio nos olhos. — O maior culpado por ela estar entre a vida e a morte é ele! Desde que aquela maluca a agrediu. Ele deveria ter obrigado Lívia a andar com guarda-costas, ela aceitando ou não! Seria uma medida extrema de cuidado com duas vidas as quais ele era o responsável!
— Victoria discorda de Brandon e diz:
— Não acho que ele seja culpado por isso. Você sabe como Liv é teimosa! Ela sempre nos convenceu de fazer o que ela queria. Não podemos culpá-lo. Seria cruel!
— Crueldade? —perguntou ele, irônico.
— Cruel foi o que fizeram com o amor da minha vida! Sua amiga, desde o berço, inclusive! Lembra dela, Victoria? Lívia! Ela está lutando para se manter viva! É por culpa dele, sim! Você não venha defender este crápula na minha frente! — disse Brandon, furioso.
Victoria tenta mudar de assunto, pois é quase palpável o ódio que Brandon está sentindo de Will. E ela pergunta, por quanto tempo ele pretende ficar em Los Angeles, tentando aliviar a tensão entre eles.
— Até que Lívia acorde e não precise de mim! Pedi licença no jornal, lhes expliquei o que aconteceu e combinei de trabalhar por home office por aqui. Meu chefe me deu o tempo necessário. Lívia é mais importante para mim do que qualquer outra coisa no momento. E eu não irei deixá-la sem lutar por ela desta vez.
Ele estava determinado em permanecer ao lado de Lívia, sem se importar com o preço que poderia vir a pagar. Nada, nem ninguém o faria mudar de ideia. Ninguém o afastaria dela. A não ser, que Lívia o pedisse para que ele se afastasse, então ele respeitaria seu pedido.
— Eu preciso ir, Vick. Quero ver Lívia hoje e para isso, tenho que falar com Mikael, espero que ele esteja lá.
— Tudo bem. Ele estava em uma cirurgia, a enfermeira que me passou notícias de Lívia. Então, após falar com ele e vê-la, me dê notícias depois, não deixe de me ligar, mesmo que a notícia seja mínima.
— Está bem. Até logo, Vick.
Brandon vai até o hospital, entretanto Mikael ainda se encontra em cirurgia e ele não consegue ver Lívia. Mas, a enfermeira lhe diz que houve uma melhora no quadro dela, pois a pressão que estava comprimindo seu cérebro, finalmente começou a ceder.
Ele mesmo sem ter avisto, vai embora confiante de que em breve, verá Lívia consciente.
No dia seguinte, ele volta ao hospital para falar com Mikael, e na esperança de
poder ver Lívia, mesmo que distante.
— Bom dia, Brandon!
— Bom dia, doutor! Eu poderei ver Lívia hoje?
— Sim. Irei acompanhá-lo. — respondeu Mikael.
Já em frente ao leito de Lívia, Brandon observa Mikael examiná-la e seus olhos logo transbordam. Mikael sai do quarto e se junta a Brandon que lhe diz:
— Esses dias têm sido insuportáveis! Eu não vejo a hora de vê-la acordada e poder lhe falar tudo que sinto.
— Me perdoe a indiscrição, Brandon. Você é apaixonado por Lívia, pelo que pude notar.
— Sim. Completamente apaixonado por minha maluquinha. E para mim, vê-la neste estado é doloroso demais. Tenho medo de perdê-la sem poder me explicar e pedir seu perdão.
— Se acalme, Brandon! Ela ficará bem. Está nos mostrando isso. Você terá a chance de falar tudo que precisa a ela. — disse Mikael tocando no ombro esquerdo de Brandon.
— É o que mais quero, doutor!
— Pode chamar-me de Mikael, afinal estamos tendo uma conversa como dois velhos amigos.
Nascia aqui, neste instante, uma grande amizade entre os dois, que irá durar para a vida inteira.
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Atualizado até capítulo 26
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