[DIA SEGUINTE]
Adelaide
Enquanto percorro os corredores desta vasta mansão, sinto a atmosfera gélida, desprovida de cor e vitalidade. Ao me aproximar da imensa janela, contemplo o jardim lá fora, sentindo um arrepio ao vislumbrar as gárgulas que adornam os cantos.
Caminhando descalça, meus dedos traçam suavemente a textura da parede enquanto me movo. De repente, sua voz ressoa atrás de mim:
— Vem, Adelaide, almoçar.
Ao me virar, deparo-me com Dominic, as mãos nos bolsos de sua calça, observando-me. Uma onda de raiva percorre meu corpo enquanto lanço minhas palavras:
— Não estou com fome. Não depois de você me dar falsas esperanças de ver meus pais. Você é um monstro e um mentiroso.
Ele suspira, uma leve frustração transparecendo em seu semblante, antes de responder:
— Eu realmente planejava levá-la para vê-los. Mas, reconsiderando, percebi que ainda não é o momento adequado.
Avanço lentamente na direção dele, meus passos silenciosos sobre o piso frio, enquanto lá fora o dia nublado parece ecoar meu próprio estado de espírito sombrio. Parando a poucos centímetros de seu corpo, ergo o queixo para encarar seus olhos, deixando escapar as palavras impulsionadas pela intensidade de minhas emoções:
— Você é um demônio. E eu te odeio.
Dominic permanece imóvel diante do meu desabafo, seu olhar revelando uma mistura de emoções que vão desde a resignação até uma leve surpresa. Por um momento, o silêncio paira no ar, carregado com a tensão entre nós.
Finalmente, ele quebra o silêncio com uma voz calma, mas firme:
— Compreendo sua frustração, Adelaide. Mas saiba que tudo o que faço é para o bem de ambos. Você ainda não compreende completamente as complexidades deste meu mundo.
Sua resposta apenas aumenta minha irritação, e sinto meu peito arder com uma mistura de raiva e desamparo. No entanto, tento manter minha compostura diante dele.
— Não me venha com suas justificativas vazias, Dominic. Você pode tentar pintar-se como o salvador, mas eu sei a verdade. Você é apenas um homem ambicioso, disposto a sacrificar tudo pelo poder.
Minhas palavras parecem atingi-lo, mas ele mantém sua expressão impassível.
— Se você soubesse metade das verdades que eu conheço, entenderia que não é tão simples quanto parece. Mas por agora, talvez seja melhor deixar essa conversa de lado. Venha, o almoço está pronto.
Seu tom autoritário só aumenta minha determinação de resistir a ele. Com um último olhar de desdém, viro-me e afasto-me, deixando-o sozinho neste corredor sombrio, desejando mais do que nunca escapar desta mansão e de sua influência possessiva.
Após sair da presença opressora dele, corro em direção ao jardim, impulsionada por uma urgência crescente. Um trovão rasga o céu, mas nem mesmo o poder da tempestade me detém. Altero minha rota e avanço em direção ao enorme portão da mansão no momento em que os primeiros pingos de chuva começam a cair, golpeando minha pele com força e causando um formigamento incômodo.
Movida por uma determinação feroz, apesar de saber que escapar é uma esperança vã, chego ao portão e seguro as grades, balançando-as enquanto grito desesperadamente:
— Socorro! Alguém me ajuda! Estou aprisionada por um mafioso! Ei!? Alguém, por favor... me ajuda!
Contemplo a rua deserta do outro lado do portão e percebo que é em vão. A chuva cai com intensidade, os trovões retumbam e os relâmpagos iluminam o céu, mas a dor que sinto dentro de mim é ainda mais avassaladora. Deslizo para o chão, sentando-me enquanto mantenho minhas mãos firmes nas grades, como se agarrando a um fio de esperança.
Observo o céu carregado, as gotas da chuva se misturando com minhas lágrimas enquanto grito para o vazio:
— Por quê? Por que, meu Deus, me colocaste nesta situação!? Por que me colocaste no caminho deste demônio!?
Enquanto a chuva continua a cair implacavelmente sobre mim, sinto-me envolvida por uma mistura de desespero e angústia. Cada gota que atinge meu rosto parece ecoar a solidão e o tormento que me consomem por dentro. Meus pensamentos giram em torno das circunstâncias que me trouxeram até aqui, à mercê de um homem que parece mais um tirano do que um guardião. As memórias dolorosas de minha vida antes de ser arrastada para esse pesadelo assombram minha mente, alimentando o fogo da minha determinação em escapar.
No entanto, mesmo enquanto questiono o propósito desse sofrimento, uma pequena faísca de esperança persiste dentro de mim. Uma voz interior sussurra que ainda não é o fim, que há uma luz além dessa escuridão sufocante. Com um suspiro pesado, ergo-me do chão molhado e enfrento o portão mais uma vez, minha determinação renovada apesar das lágrimas que continuam a cair. Não importa quão difícil seja, não importa quantas vezes eu caia, vou lutar até o fim por minha liberdade e pela chance de uma vida verdadeira longe das garras deste maníaco que me aprisiona.
(....)
De repente, sinto sua presença atrás de mim, um arrepio percorrendo minha espinha enquanto seguro firmemente as grades do portão. Lentamente, viro-me para encará-lo, meus cabelos colados ao rosto pela chuva incessante. Ele está ali, imponente como uma estátua, seus olhos frios como gelo me perfuram, enquanto um relâmpago rasga o céu, iluminando sua figura sombria por um breve instante.
Sua voz corta o ar úmido e carregado:
— Entre, Adelaide. Ou prefere ser torrada por um raio?
Meu coração martela no peito, minha determinação flutua em meio ao turbilhão de emoções que me consomem. Com uma voz firme, desafio-o:
— Não me importo. Aliás, quem deveria ser torrado é você, seu demônio!
O silêncio que se segue é tenso, carregado com a eletricidade da tempestade que ecoa nossa batalha silenciosa. Dominic mantém seu olhar gélido sobre mim, como se avaliasse cada palavra que escapa dos meus lábios.
Por um momento, o mundo ao nosso redor parece congelar, como se estivéssemos suspensos no tempo, em um confronto de vontades. Então, ele quebra o impasse com um sorriso cruel, que corta ainda mais fundo do que suas palavras.
— Você tem coragem, Adelaide. Mas cuidado com o que deseja. Você pode não gostar das consequências.
Sua ameaça ressoa em meus ouvidos, mas eu recuso-me a ceder ao medo que ele tenta incutir em mim. Firmando minha determinação, encaro-o com um olhar desafiador.
— Não há consequência pior do que viver sob sua opressão. Prefiro enfrentar a ira dos céus do que continuar aqui, à mercê de suas vontades tirânicas.
Minhas palavras ecoam no ar úmido, desafiando-o a me deter. Mesmo diante da incerteza do que está por vir, sei que escolhi o caminho da resistência, e não vou recuar. Mas então, sua voz ecoa novamente, carregada de uma determinação sinistra:
— Você pediu por isso.
Ele avança rapidamente em minha direção, e eu me encolho sobre as grades do portão, preparando-me para o impacto iminente de seu punho. Contudo, em vez de um golpe, ele agarra minhas mãos com uma força brusca, arrancando-as das grades com uma violência que me deixa atordoada. Antes que eu possa reagir, sinto-me sendo erguida em suas costas, meu corpo impotente contra sua força avassaladora enquanto ele caminha comigo de volta para dentro da mansão.
Enquanto ele avança pelo corredor gélido, eu esperneio com desespero, minhas pernas debatendo-se no ar enquanto meus punhos golpeiam suas costas implacavelmente:
— Me solta, seu brutamonte! Me solta!
Meus protestos ecoam no vazio do corredor, perdidos entre o som da chuva lá fora e o silêncio sufocante que permeia a mansão. Mas mesmo diante de minha resistência feroz, Dominic permanece impassível, sua determinação inabalável enquanto ele me leva para o quarto.
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Atualizado até capítulo 97
Comments
Lionete Marques
ficou sem graça esse enredo não entendi
2024-05-16
8
Marta Monteiro
/Right Bah!//Right Bah!//Right Bah!/complicado o caso meu parceiro/Smug//Smug//Smug/
2024-04-20
2