Adelaide
Enquanto caminho ao lado do pai dele em direção ao altar, tento controlar a turbulência de emoções que se agita dentro de mim. Respiro profundamente, mas sinto meu corpo tremendo ligeiramente, uma mistura de nervosismo e medo. Engulo o choro que ameaça transbordar, lutando para manter a compostura diante da situação aterradora em que me encontro. A ameaça feita aos meus pais ainda ecoa em minha mente, uma sombra constante que paira sobre mim.
Nesse breve momento, percebo a natureza sinistra dessa família. Meu Deus, preciso de Sua proteção agora mais do que nunca. É nele que encontro meu refúgio, minha única fonte de esperança em meio ao caos. Quando a mãe dele se aproximou de mim, falando em português, um alívio momentâneo se instalou em meu peito. Achei que ela pudesse se opor a tudo isso, que talvez pudesse me ajudar.
No entanto, suas palavras geladas ecoam em minha mente como um lembrete sombrio: "Meu filho Dominic sabe o que faz. Suas ordens são leis." É uma confirmação brutal de que estou completamente à mercê desse homem e de sua família, presa em um jogo de poder do qual não sei como escapar. Só me resta a fé e a esperança de que, de alguma forma, encontrarei uma maneira de sobreviver a esse pesadelo.
Ao chegar ao altar, sinto meu coração bater descompassado, como se estivesse prestes a sair pela boca. Seu pai me entrega a ele, e ao colocar minha mão na dele, percebo que minhas mãos tremem visivelmente. Ele sorri de forma falsa, como se estivesse se divertindo com meu desconforto, e beija minha mão com uma gentileza forçada.
— Muita emoção para aguentar, não é, querida? — sua voz é suave, mas carrega um tom de superioridade que me faz estremecer por dentro.
Enquanto a cerimônia começa, uma brisa suave percorre o jardim, trazendo consigo o perfume das flores. No entanto, esse aroma se torna sombrio, como um presságio sinistro pairando sobre nós. O homem que conduz a cerimônia pronuncia algumas palavras que não consigo entender, mas Dominic, sorrindo, pega uma caneta e me entrega, dizendo:
— Aqui está. É só assinar o papel à sua frente.
Meus olhos se fixam no documento sobre a mesa diante de mim, e uma sensação de vertigem toma conta de mim. Balanço a cabeça levemente, negando, enquanto sussurro com angústia:
— Não... por favor... eu não quero isso...
Ele sorri disfarçadamente e me beija na testa, murmurando em resposta:
— Acho que os pais de alguém vão literalmente explodir nos ares.
Diante da sua ameaça velada, meu coração aperta em desespero. As palavras dele ressoam em minha mente, ecoando como um sinistro lembrete do controle que ele tem sobre minha vida e a segurança daqueles que amo. À medida que a pressão aumenta e a sensação de desamparo me envolve, sinto-me forçada a ceder ao seu controle implacável.
Com o coração pesado e as mãos trêmulas, pego a caneta oferecida por Dominic e assino o papel diante de mim. Um calafrio percorre minha espinha enquanto entrego a caneta de volta para ele. Seu olhar penetrante parece sondar minha alma, seu sorriso vitorioso ecoando como um eco sinistro no jardim tranquilo.
Com um suspiro resignado, aceito a cruel realidade que se desdobra diante de mim, reconhecendo a falta de opções diante do poder implacável que ele exerce sobre mim. Após assinar o documento, um peso imenso se instala em meu peito, como se cada traço de tinta fosse um elo a mais na corrente que me prende a esse destino sombrio. Olho para Dominic, cujo sorriso triunfante parece ecoar o som da minha rendição.
Contudo, meu olhar é atraído para o papel à sua frente, onde percebo que, como esperado, ele também o assinou. Essa confirmação apenas reforça a solidez desse casamento forçado, amarrando-nos ainda mais nessa união indesejada. Enquanto ele guarda o papel assinado com cuidado, sinto-me como uma marionete em suas mãos, incapaz de escapar do teatro cruel que se desenrola diante a minha frente. A brisa suave do jardim agora parece um sussurro mudo, testemunha silenciosa do pacto que acabei de selar.
Ele me puxa abruptamente, arrastando-me para mais perto dele, enquanto sinto meu corpo tenso e minha mente envolta em desespero. Antes que eu consiga processar o que está acontecendo, suas palavras rompem o silêncio do jardim:
— É hora do nosso beijo, querida.
Seus lábios encontram os meus em um contato forçado, um gesto íntimo desprovido de ternura. É um beijo roubado, uma invasão não apenas da minha privacidade, mas também da minha alma. Calafrios percorrem minha espinha enquanto lágrimas teimosas escapam dos meus olhos. Não são lágrimas de alegria, mas de angústia e tristeza, pois ele não apenas usurpou meu direito de escolha, mas também roubou meu primeiro beijo, transformando-o em uma lembrança amarga de um momento que deveria ser sagrado.
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Atualizado até capítulo 97
Comments
Amélia Rabelo
ela vai viver sobre ameaça
2024-09-27
0
Adriane Neiland
Você escreve muito bem!
2024-09-25
2
Bred
show/Rose/
2024-06-29
2