Adelaide
Após correr para alcançar Dominic, finalmente o encontro no hall de saída do hotel. Seu olhar sério e determinado me diz que ele está com pressa.
— Ande mais rápido, Adelaide. Tenho assuntos urgentes para resolver. — Sua voz é firme e direta, deixando claro que não há tempo a perder.
Seguimos até o carro preto onde seus seguranças nos aguardam. Entramos no veículo ao mesmo tempo, e assim que me acomodo no banco, prendo o cinto de segurança. Logo em seguida, o carro parte, mergulhando na movimentada cidade. O interior do veículo é permeado pelo silêncio tenso, interrompido apenas pelo som abafado do tráfego lá fora. Dominic está concentrado em seus pensamentos, e eu me pego observando-o discretamente, tentando decifrar sua expressão impenetrável.
Enquanto o carro avança pelas ruas, uma sensação de urgência paira no ar, como se estivéssemos prestes a nos envolver em algo muito maior do que nós mesmos. O ronco alto da minha barriga interrompe o silêncio. Coloco a mão no estômago e forço um sorriso para ele.
Ele franze a testa e pergunta:
— Você comeu algo desde que chegou?
Balancei a cabeça negativamente, respondendo:
— Não. E se comi, não me lembro. As coisas aconteceram rapidamente na minha vida, graças a você.
Ele suspira, aparentemente frustrado, enquanto a noite lá fora se estende. Verificando o relógio de pulso, ele comenta:
— Já é de madrugada. Você precisa se alimentar.
Ele então se comunica em inglês com os seguranças no banco da frente, algo que não compreendo. De repente, o carro para em frente a uma lanchonete.
Intrigada, pergunto:
— O que está acontecendo?
Ele revira os olhos e responde:
— Eles estão indo comprar sua comida. Não quero ninguém desmaiando de fome ao meu lado.
Nego com a cabeça, incrédula, enquanto reclamo:
— E se eu não gostar do que eles comprarem?
Ele bufa, visivelmente frustrado:
— Você é brasileira. Dizem que brasileiro come de tudo. Então acho que não teremos problemas.
Olho chocada para ele e respondo firmemente:
— Pare de falar assim, parece que está nos comparando a pessoas ignorantes.
Ele parece perceber a seriedade em meu tom, mas ao invés de demonstrar arrependimento, seu olhar torna-se mais frio, como se estivesse avaliando minha reação. Em vez de pedir desculpas, ele responde de forma mais contundente:
— Entendi. Vou me lembrar disso.
Sua voz é firme, sem traços de remorso, apenas uma aceitação pragmática da situação. Não há espaço para sentimentos ou sutilezas em sua resposta, apenas a determinação habitual de um homem acostumado ao controle e ao poder. Percebendo sua postura inabalável, decido não pressionar mais o assunto. Afinal, lidar com um mafioso implica aceitar que nem sempre haverá espaço para gentilezas ou concessões.
Com o intuito de quebrar a tensão e conhecer um pouco mais sobre ele, decido perguntar com delicadeza:
— Por que você se tornou um mafioso?
Ele vira a cabeça para mim, encarando-me friamente, e responde:
— E quem te disse que eu sou um mafioso?
Desvio o olhar para a janela, observando as luzes da cidade lá fora e alguns carros passando. Então, volto meu olhar para ele e explico:
— Ninguém me disse, fui apenas juntando as peças. Seu comportamento e, especialmente, o nosso casamento forçado deixaram isso claro para mim.
Decido prosseguir, demonstrando curiosidade:
— Aliás, quem era a moça que vocês iriam sequestrar? Já que seus capangas me pegaram por engano no Brasil, presumo que ela também é brasileira, certo?
Ele mantém seus olhos firmes em mim e responde:
— Não. Ela não é brasileira, apenas fugiu para o seu país. Eu estava atrás dela para acertar algumas contas. Mas tudo isso não é da sua conta. Você está fazendo muitas perguntas.
Diante da sua resposta evasiva, percebo que toquei em um assunto sensível. No entanto, minha curiosidade persiste, e decido continuar, mesmo sabendo dos riscos envolvidos em desafiar alguém como ele.
— Entendo. Desculpe se estou sendo insistente, mas sinto que há muito que não sei sobre você. Afinal, estamos casados, não é? Pelo menos no papel.
Minhas palavras são cuidadosas, mas firmes, refletindo minha determinação em obter respostas. Observo atentamente sua reação, tentando decifrar o que se passa por trás da máscara impenetrável que ele usa para esconder seus segredos.
Ele parece ponderar minhas palavras por um momento, antes de soltar um suspiro resignado.
— Está bem. Mas não espere que eu conte tudo sobre mim de uma vez só. — sua voz soa mais suave agora, como se estivesse cedendo um pouco. — Há coisas do meu passado que não vale a pena reviver.
Assinto compreendendo sua posição, mas determinada a descobrir mais sobre o homem com quem fui obrigada a compartilhar minha vida. Talvez, com o tempo, eu consiga desvendar os mistérios que o envolvem, ou talvez seja melhor deixar as coisas como estão.
(....)
Logo, os seguranças retornam com o que quer que tenham comprado para mim. Eles entregam o saco para Dominic, que o pega e me entrega. Curiosa, eu olho para dentro, ansiosa para descobrir que tipo de comida eles trouxeram. Dentro do saco, encontro um sanduíche embalado cuidadosamente, acompanhado de uma garrafa de água e alguns pacotes de batatas fritas. É uma escolha simples, mas reconfortante, e sinto um misto de gratidão e surpresa pelo gesto inesperado.
Olho para Dominic, surpresa com sua consideração, e ele apenas dá de ombros, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Espero que seja do seu agrado. — sua voz é casual, mas consigo detectar um leve traço de gentileza em suas palavras.
Agradeço com um sorriso tímido, ainda um pouco surpresa com sua atitude. Enquanto saboreio a comida, percebo que, por mais complexo que seja, Dominic é um homem de muitas facetas, e há mais nele do que encontrei até agora.
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Atualizado até capítulo 97
Comments
🌹
Americano que se alimenta de qualquer coisa como se fosse comida de verdade😂😂😂
2024-08-24
3
Bred
/Smile/
2024-06-29
1
Ide Oliver📚
Também estou curiosa sobre essa moça Adelaide 🤭🤭
2024-05-05
2