"Um Casamento de Conveniência"

[ DIA SEGUINTE...]

Dominic

Enquanto a mansão fervilha com os preparativos para meu casamento, meus pais chegaram cedo. Minha mãe, Rosa, uma imagem de elegância com seus cabelos loiros e ondulados, rapidamente se dirigiu para conhecer Adelaide e oferecer sua ajuda nos preparativos, enquanto eu me encontro com meu pai, Ramiro, o implacável patriarca da família, seus cabelos grisalhos emanando autoridade.

Apesar de ter assumido a liderança, a presença imponente de meu pai ainda carrega peso. Enquanto eu ajusto minha gravata diante do espelho do closet, sua voz cortante quebra o silêncio.

— A garota será fácil de controlar ou trará problemas? — indagou, com os braços firmemente cruzados.

Respirei fundo, sentando-me para calçar meus sapatos enquanto pondero como responder.

— Tenho todas as informações necessárias sobre ela. Não trará problemas, pai. Eu a disciplinarei, se necessário — respondi, determinado.

Seu olhar sério não vacilou.

— Lembre-se das regras desta família — advertiu.

Após finalizar o ajuste no sapato, levantei-me, pronto para enfrentar o que estava por vir.

— Eu sei, pai. O amor nos enfraquece. O senhor me preparou bem. Não se preocupe com isso — reassumi com confiança, consciente de que sua influência ainda estava gravada em cada parte de mim.

Com um aceno de cabeça, meu pai demonstrou satisfação com minha resposta, reconhecendo a determinação em minhas palavras. Ao observar sua expressão, percebi a mistura de orgulho e responsabilidade em seus olhos.

Ele construíra esse império, preparando-me para assumir seu lugar. Agora, com Adelaide prestes a se tornar parte dessa dinastia, a pressão sobre meus ombros aumentara. Com um último olhar para meu pai, reafirmei meu compromisso com os valores que ele me transmitira, mesmo que isso implicasse abrir mão do amor.

Era um fardo que ambos carregávamos, uma herança inegável. Enquanto me preparo para a cerimônia que determinaria nosso futuro, sabia que cada passo que daria seria sob a sombra de seu legado, um lembrete constante da responsabilidade que acompanhava o poder que eu detinha.

Ao sairmos do quarto, ouvimos os gritos de Adelaide. Ao encontrarmos minha mãe abrindo a porta, ela me avisa:

— Ela está incontrolável, Dominic.

Meu pai me lança um olhar de advertência. Eu os encaro e afirmo:

— Eu resolvo, não se preocupem.

Deixando-os no corredor, entro no quarto e peço às mulheres que estavam ajudando Adelaide a se vestir que saiam. Elas obedecem, deixando-me sozinho com Adelaide, cujo vestido branco de casamento está amarrotado enquanto ela tenta rasgá-lo.

Quando nossos olhos se encontram, ela engole em seco. Aproximo-me lentamente, sacando meu celular e mostrando a foto dos pais dela.

— Você os ama, não é? Com apenas uma ligação minha, seus queridos pais vão literalmente voar pelos ares, com seus corpos explodindo entre as chamas. Posso incendiar sua casa com eles dentro. Não queira pagar para ver. Enxugue essas lágrimas, coloque um sorriso neste rosto. Estarei te esperando no jardim para a cerimônia.

A expressão dela oscila entre o medo e a determinação enquanto eu profiro minhas ameaças frias e calculadas. Seus olhos, enevoados pelo terror, encontraram os meus enquanto eu seguro o celular com a foto de seus pais estampadas na tela. O dilema é evidente em seu rosto angustiado.

Sem esperar por uma resposta, dei meia-volta e saí do quarto, deixando-a para trás em sua agonia. No corredor, meu pai e minha mãe aguardavam, suas expressões preocupadas ecoam a tensão que paira no ar. Ignorando seus olhares interrogativos, segui em frente, determinado a cumprir meu papel neste dia.

Enquanto me dirijo ao jardim para a cerimônia que selaria nosso destino, eu sabia que o preço da minha decisão seria alto, mas nesse mundo impiedoso que habitávamos, sentimentos como compaixão e amor são meras fraquezas a serem descartadas. E assim, com Adelaide destinada a ser minha esposa, o jogo de poder e manipulação continua, sem espaço para misericórdia ou arrependimento.

(....)

No jardim, a cena está pronta para uma cerimônia que, aos olhos dos convidados, simboliza a união de duas famílias. Porém, nos bastidores, é uma jogada de puro poder, uma demonstração de controle sobre as circunstâncias. Estou posicionado próximo ao altar, cercado apenas pelos membros mais leais da organização da família negra, cada um representando um pedaço do meu domínio sobre Chicago.

De repente, avistei minha mãe emergindo ao fundo, seu rosto exibindo um sorriso encorajador. Seus passos apressados indicam que algo está prestes a acontecer. Ela se posiciona à minha frente, juntamente com os outros convidados, transmitindo uma sensação de apoio e cumplicidade silenciosa.

E então, no ápice do momento, vejo Adelaide emergir ao lado do meu pai, com o braço enlaçado no dele. É um gesto que, aos olhos dos observadores, simboliza uma união harmoniosa. Mas para mim, é puramente a confirmação de que minha estratégia foi bem-sucedida. Um leve sorriso se forma em meus lábios, um sinal silencioso de triunfo, sabendo que minha ameaça teve o efeito desejado. Uma confirmação de que no mundo da família negra, o poder e a manipulação são as ferramentas mais poderosas.

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