CAPÍTULO 20

Quando Jaqueline entrou na sala de Guilherme Matos para dar resposta, seu rosto estava pálido, por estar envergonhada sem saber se devia aceitar ou não se casar com Guilherme Matos.

Ela estava se odiando por se sentir tão intimidada com a presença dele. Não sabia como lidar com aquele sentimento, se sentia impotente diante dele, ainda mais que ela se sentia nua diante dele quando discretamente ele olhava para ela, e Jaqueline sabia disso, sentia que ele desejava seu corpo de alguma forma, ela era experiente e conhecia bem os homens pela sua experiência.

Sem contar que ultimamente estava carente de afeto desde a última vez que ela encontrou o tal cavaleiro misterioso que apareceu na festa da qual ela foi convidada por ordem de Guilherme Matos. Aquela noite ela fugiu dele para não cair em tentação. Porque ela se conhecia bem e quando bebia perdia o controle, um vulcão surgia de dentro dela que ficava difícil segurar quando queria viver intensamente. Ela não estava em condições de viver loucamente suas aventuras porque tinha uma filha e tinha que dar um bom exemplo.

Então para não cair em tentação, é melhor aceitar o pedido de casamento mesmo sendo de mentirinha e seja lá o que Deus quiser. Guilherme Matos estava à sua espera também ansioso, sem entender porquê? Parecia um noivo nervoso esperando a noiva no altar no dia do casamento.

— Com licença! — Disse ela um pouco nervosa.

— Entre e feche a porta, por favor, então já decidiu se aceita a minha proposta?

— Li, e reli, cheguei a conclusão, eu aceito sim a sua proposta, só tenho uma dúvida!

— E que dúvida?

— Já que o nosso casamento é uma farsa, como será seu comportamento?

— Como assim? Explique-se melhor?

— O senhor é um homem rico, jovem bonito, com certeza vai ser assediado por muitas mulheres e não tendo intimidade comigo com certeza vai ter com as outras!

— E isso te incomoda? Perguntou Guilherme.

— Pensando bem, sim, me incomoda, porque para mim será humilhante se aparecer capa de jornais o senhor com outras mulheres.

— Quanto a isso não se preocupe porque é a minha imagem que vai estar em jogo, tenho ciência disso, e além do mais, eu estou cansado da boêmia, preciso ter responsabilidade de hoje em diante, eu sei que pouco conheço você, e não sei porque me sinto à vontade em falar com você sobre a minha vida pessoal, a única pessoa que me conhecia bem era Joaquina que sabia me escutar.

— Eu também sinto falta dela, ela me ensinou muito como lidar aqui, conhecer bem o ambiente de trabalho.

A propósito, você vai querer continuar trabalhando como secretária mesmo sendo minha esposa de mentirinha?

— Se o senhor quiser, quero continuar, mas fica a seu critério, mesmo sendo um casamento de mentirinha quero cumprir o papel de esposa dedicada, o senhor é quem sabe se quer uma pessoa que trabalhe fora ou dona de casa?

— Está difícil para mim escolher, uma porque preciso muito de você aqui pelo seu ótimo currículo.

— Eu estou adorando trabalhar aqui, mas se eu trabalhar aqui vai haver muitas fofocas a respeito de eu ser sua esposa, e acho que não vai ficar bem, é minha opinião.

— Eu acho que você está certa, eu vou ligar para a Joaquina que pelo que sei ela só vai fazer a mudança para Santa Catarina mês que vem, e quem sabe ela me indica alguém de confiança dela para ficar no seu lugar, até depois dos seis meses, até lá você decide se quer continuar trabalhando ou não!

— Aí não sei senhor, muita coisa pode acontecer até lá que não quero fazer nenhum plano.

— Eu também não gosto de fazer planos, geralmente quando faço planos tudo dá errado, gosto de viver dia após dia, porque a maior decepção é criar expectativas e elas não dão certas, e frustração maior é quando dá certo você descobre que não era aquilo que queria.

— Nossa, eu penso a mesma coisa! — Guilherme Matos estava espantado com o que estava acontecendo, pela primeira vez ele não estava sendo questionado por alguém, nem mesmo na sua família alguém concordava com suas opiniões, mas Guilherme era independente que nunca fez as coisas baseado em opinião dos outros aceitava conselhos e respeitava a opinião alheia, e não gostava contrariar ninguém e muito menos ser contrariado, e de repente surgiu alguém cúmplice de suas opiniões, ele sentiu algo estranho sem entender porque.

Apenas estava surpreso com a sua secretária que demonstrava confiança no que falava e sentia sinceridade da parte dela. “Porque tenho a sensação que conheço essa mulher de algum lugar?” Pensava ele em silêncio.

Guilherme Matos percebeu que estava pintando um clima entre os dois, resolveu mudar de assunto e resolveu essa situação de uma vez por todas e fez a pergunta.

— Jaqueline me diz uma coisa, eu quero que providência tudo para você e sua tia se mudar ainda amanhã!

— Amanhã? Nossa, mas que rapidez?

— Na verdade, eu tenho pressa, eu preciso fechar esse contrato o quanto antes, amanhã se você quiser pode se mudar, tudo será providenciado. Eu já providênciei a escolinha para sua filha, que vai ficar bem perto de casa. Quanto o dinheiro já está na sua conta. Eu vou te dar um cartão no limite X para você gastar no que você quiser.

— Obrigada senhor, mas fica ao seu critério, eu prefiro deixar que o senhor me leve numa loja e aí eu decido o que comprar! E outra coisa que eu quero deixar bem claro para o senhor, eu vou agir igual uma legítima esposa independentemente o que vai acontecer, eu vou te respeitar como meu marido, quero cuidar da casa, quero ser dona de casa e cuidar de tudo. Não quero ser uma encostada.

— Tudo bem Assim que se mudar será como você quiser.

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