CAPÍTULO 19

Passou-se uma semana e Jaqueline tinha em mãos o contrato de casamento com seu patrão. Tudo estava de acordo com o que ela queria, uma das cláusulas do contrato era que não permitia contato físico, era o que ela queria, mas não estava feliz. Alguma coisa estava deixando ela incomodada? Um casamento de mentirinha com prazo determinado, estava pensando seriamente em não aceitar, mas ao lembrar das palavras de sua tia que deu conselhos para ela aceitar, e com o dinheiro ela podia investir em seu próprio negócio e ao invés de obedecer ordens ela poderia dar ordens. Era linda e inteligente para ser apenas uma simples secretária.

— Tia, se eu me casar por dinheiro sem ter contato físico estarei me prostituindo!

— Não, minha sobrinha, prostituindo seria fazer sexo por dinheiro, não é seu caso, e depois é só seis meses, após isso com dinheiro poderá dar uma vida digna a sua filha e trazer seus pais para junto de você?

— É, a senhora tem toda razão, tenho que deixar de ser egoísta. — O medo maior de Jaqueline era se apaixonar por Guilherme, até porque ela estava fazendo o maior esforço para esconder a atração por ele. Aquela implicância que ela tinha ainda bem antes de conhecer ele pessoalmente quando falavam mal dele. E só de ouvir o nome dele provocava sentimentos estranhos, sem entender porquê? Conviver com ele seis meses fingindo ser esposa dele foi um dos maiores desafios na vida de Jaqueline que amava a liberdade e nunca pensou em se casar. Mil coisas passaram pela sua cabeça. Após ler atentamente o contrato resolveu aceitar, e ligou para Guilherme Matos que também estava pensando no que acabara de fazer, justamente ele que nunca quis saber de casamento e agora estava ansioso para que Jaqueline aceitasse, nem ele estava entendendo porque isso estava acontecendo? Ficava imaginando como seria conviver com Jaqueline na mesma casa sem poder tocar quando na verdade percebeu que sentia desejo incontrolável por ela, como ele faria para cumprir o contrato que ele mesmo criou, quando ouviu do seu advogado que aconselhou a não colocar essa cláusula absurda de os dois não poder se tocar, e só teriam a liberdade após o contrato caso os dois se apaixonasse? O mal estava feito e deixar as coisas acontecerem como deveria.

Após o contrato feito, Flávio além de advogado era amigo pessoal de Guilherme Matos há muitos anos, e se viu na obrigação de dar conselhos e chamar atenção do seu amigo.

— Pela sua cara, já sei que está querendo me questionar! O que foi dessa vez?

— Você tem certeza de que está fazendo a coisa certa? — Perguntou Flávio.

— Não tenho certeza, mas é porque eu preciso, é um contrato bilionário que está em jogo!

— Eu acho arriscado!

— Porque você acha que é arriscado?

— Pelo que eu entendi vocês vão morar juntos, não vão poder se tocar, é isso mesmo? Você deve estar maluco pensando que vai resistir uma mulher como essa, e mais com todo respeito, você já imaginou se ela tentar te seduzir, como é que você vai resistir?

— Por que você acha que eu não vou resistir ao charme dela caso ela tente me seduzir?

— Cara, eu te conheço bem, mulherengo do jeito que você é que não pode ver um rabo de saia, ainda mais mulheres bonitas, você vai ficar seis meses sem sexo e com todo respeito ela é um mulherão inteligente talvez pode ser uma mulher esperta, até eu fiquei de pau duro imaginando ela de camisola andando pela casa, me desculpa, mas eu preciso ser sincero!

— Pode falar, seja sincero?

— Estou achando que você está apaixonado por essa mulher, mas não quer admitir!

— Eu estou apaixonado? Você deve estar imaginando coisas!

— Não estou!

— E porque você acha que eu estou apaixonado?

— Pelo jeito que você fala dessa mulher, seus olhos brilham igual ao farol do carro aceso. — Flávio falava rindo do seu amigo Guilherme Matos.

— Você deve estar maluco, eu estou apaixonado? Não sei de onde tirou isso?

— É melhor ir se acostumando com a ideia, o jeito que você defendeu ela esses dias quando eu mexi com ela, parecia um marido enciumado.

— Era só que me faltava eu apaixonado por minha secretária!

— Falando nisso, se ela aceitar casar vai ter que contratar uma nova secretária, ou ela vai continuar trabalhando como secretária mesmo sendo sua esposa de mentirinha?

— É verdade, eu não tinha pensado nisso, vou conversar com ela caso ela aceite continuar trabalhando mesmo sendo minha esposa de mentirinha.

— Esposa de mentirinha?

— Sim, esposa de mentirinha, porque o espanto?

— Porque parece esposa de verdade, se não for agora sou capaz de apostar que vai ser!

— Duvido que isso aconteça.

— Porque tem tanta certeza que isso não pode acontecer?

— Porque eu já tenho um remédio contra qualquer paixão!

— E que remédio é esse?

— O remédio se chama Renata!

— E quem é Renata?

— Acho que já te falei que conheci alguém com esse nome ainda lá em São Paulo, e depois de muito tempo ela aparece na minha festa.

— Como assim?