CAPÍTULO 5

Guilherme Matos estava de volta ao trabalho após ter chegado de viagem do Oriente Médio e da Ásia. Ele quando viajava costumava ficar uma semana fazendo palestra e participando de assembléias empresariais pelo mundo afora. Era um homem de sucesso e conhecido no mundo inteiro.

E assim que chegou imediatamente chamou a sua secretária Joaquina, queria saber mais informações a respeito da nova secretária. Jaqueline ao ouvir a voz no interfone tremeu as suas pernas sem entender porque, aquela voz que ela conhecia de algum lugar, só não lembrava da onde?

— Sim, senhor, estou indo. — Disse Joaquina.

— O homem está me chamando e vou ver o que ele quer.

— O que eu faço agora? Perguntou: Jaqueline.

— Fique aqui, e com certeza ele vai querer conversar com você. — Sem entender, Jaqueline estava nervosa e ansiosa querendo saber o que seu patrão queria tanto conversar com a sua colega de sala.

Joaquina entrou no escritório de Guilherme Mattos e ele pediu que ela fechasse a porta.

— Entre e feche a porta, por favor.

— Pois não, aqui estou!

— Está tudo bem por aqui?

— Está sim, senhor! — Guilherme ajeitava os papéis sobre a mesa, era ele que gostava de fazer. Nunca gostou que ninguém mexesse nas coisas dele. E Joaquina não podia esquecer de avisar Jaqueline sobre esse detalhe. E quanto falava com Joaquina arrumava as gavetas.

— Então como foi a viagem? — Perguntou Joaquina.

— Foi ótima, fechei um grande contrato com os chineses. E vamos exportar carne bovina, vamos ter muito trabalho e talvez teremos que contratar mais funcionários.

— Que bom que o senhor fez uma boa viagem.

— Obrigado, mas a propósito conseguiu uma substituta para trabalhar aqui como secretária?

— Sim senhor. — Ele olhou firme para analisar bem o que ela teria a dizer sobre a nova contratada.

— E como ela é?

— Em que sentido o senhor quer saber?

— Tudo!

— Ela é inteligente, discreta, organizada e bonita, acho que o senhor vai gostar. — Ele deu um sorriso discreto.

— Joaquina eu quero uma boa profissional, e não uma modelo.

— Me desculpa, senhor perguntou como ela é e quis saber tudo.

— Está certa.

— O senhor quer que eu traga ela aqui para apresentar?

— Por enquanto não, apenas me traga a ficha dela completa do RH, quero fazer uma análise melhor depois eu converso com ela. Mas por enquanto quero ser servido por você.

— Sim senhor.

— Agora pode ir e providenciar um café que só você sabe fazer. A propósito, quando vai fazer sua mudança?

— Daqui a quinze dias senhor.

— Você tem certeza que vai ser melhor do que trabalhar aqui?

— Sinceramente não!

— Então, porque está saindo daqui se não tem certeza?

— Senhor, não compete a mim decidir se fico ou não. E sim meu marido foi promovido e vai ganhar o triplo que ele ganhava aqui onde ele trabalha, e eu tenho que acompanhar ele onde for.

— Você ama seu marido, né?

— Sim, eu amo e somos felizes, mas porque o senhor está me perguntando isso?

— Porque você é uma das poucas funcionárias que eu mais confio, e vai ser difícil encontrar alguém igual a você, mas quero deixar claro que caso não dê certo lá as portas dessa empresa vai estar abertas para você. — Entre lágrimas Joaquina ficou comovida, ela melhor do que ninguém conhecia bem seu Guilherme, era exigente e disciplinador, mas que nunca foi um ditador. Ele sabia impor disciplina em seus funcionários, mas também sabia reconhecer o esforço de todos que vestiam a camisa da empresa.

— Eu sei senhor que não vou encontrar um lugar igual aqui para trabalhar, mas acredite, eu encontrei alguém a minha altura e o senhor vai gostar dela, tenha paciência com ela. Ela é simpática, inteligente, prestativa e vai trazer bons resultados para essa empresa. — Guilherme ficou impressionado com o que Joaquina dizia.

— Bom, era só isso antes de você sair, vamos ter muito trabalho e assim que eu tiver um tempinho eu vou conversar melhor com a nova funcionária.

— Está bem senhor, com licença. — Joaquina saiu e voltou para sua sala com os olhos cheios de lágrimas, deixando Jaqueline preocupada sem entender nada o que estava acontecendo. A essa hora mil coisas se passavam pela cabeça. Pensava ela que Joaquina podia ter levado uma bronca ou quem sabe foi humilhada, e já começou a fazer julgamento a respeito desse tal CEO.

E chegou à seguinte conclusão: que todos tinham razão! Esse CEO deve ser um estúpido e arrogante mesmo. Sentiu vontade de invadir a sala dele e dizer algumas verdades para aquele almofadinha.

Mas na hora lembrou da sua filha que ela precisa sustentar. Mas vendo Joaquina com lágrimas nos olhos levantou-se e foi na direção do escritório do CEO dizer umas poucas e boas. — Quando estava abrindo a porta, Joaquina advertiu severamente.

— O que acha que está fazendo Jaqueline?

— Vou lá dar uma bronca naquele homem estúpido quem ele pensa que é para te xingar? — Joaquina levantou e ficou na frente dela.

— Você ficou maluca? O que pensa que está fazendo?

— Estou te defendendo, horas.

— Jaqueline volta para seu lugar que vamos ter uma conversa séria. — Jaqueline viu a expressão de raiva no rosto de Joaquina falando firme com ela.

Quando ela quis se justificar, Joaquina disse:

— Cale - te! E preste atenção no que eu vou te falar. O que faz você pensar que o Guilherme me xingou ou me humilhou?

— Porque em São Paulo é o que mais acontece?

— Em São Paulo, você disse: mesmo que fosse, não dá o direito de tomar decisões precipitadas. Eu aprendi na minha vida de nunca julgar uma causa sem o conhecimento dos fatos, se nem um juiz se sente no direito de julgar, se não há fato que comprova o mérito da culpa ou da inocência. — Jaqueline se assustou com os argumentos de Joaquina. E quando quis argumentar foi interrompida.

— Eu ainda não terminei. — Jaqueline fez menção com a cabeça que entendeu.

— Hipótese alguma você deve tomar atitudes sem antes ter certeza de julgar pelo que você vê e não pelo disque, me disque. Muitos funcionários bons desistiram por seguir esse caminho. Porque a maldade está em toda a parte. Lembre-se, para te ajudar existem poucas pessoas, mas para te afundar existem milhões. E não perca a oportunidade que a vida está te dando, principalmente.

Quanto ao senhor Guilherme, pediu-me para eu ficar e quando eu sair é para me despedir dele e que as portas vão estar sempre abertas. Entendeu?

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