"Confronto de Fé"

Catherine

Após o jantar, encontro-me diante do espelho, deslizando minhas mãos pelo tecido suave do meu vestido azul. Soltando meus cachos, observo enquanto eles caem graciosamente sobre meus ombros. A lembrança do encontro com ele ainda dança em minha mente, pintando um sorriso sutil em meus lábios. Aldric, um nome que ecoa em meus pensamentos, trazendo consigo uma aura de mistério e intriga.

Com um suspiro sereno, fixo meu broche de cruz no vestido, um símbolo de minha fé que me acompanhará durante a noite de louvor. Ao pegar minha bolsa, sinto-me envolta por uma sensação de calma e propósito, pronta para me entregar à adoração e à comunhão.

O chamado de meu pai ecoa através da porta, lembrando-me da sua responsabilidade de liderar o culto. Seu tom é suave, mas firme, refletindo a dedicação que ele tem para com sua vocação. Com um último olhar no espelho, saio do meu quarto, pronta para seguir adiante com fé e determinação ao lado de meu pai.

Desço as escadas e encontro meu pai na sala, sua expressão tranquila e confiante traz um senso de segurança em meio às incertezas da vida. Um sorriso escapa de meus lábios enquanto ajusto a alça da bolsa em meu ombro.

— Estou pronta, pai. — digo, consciente do compromisso dele como pastor e da importância do culto para nossa comunidade.

Meu pai assente com um sorriso orgulhoso, seu olhar transmitindo confiança e apoio.

— Vamos lá, Catherine. Tenho certeza de que hoje à noite será especial. — Ele coloca a mão gentilmente em meu ombro, transmitindo conforto e incentivo.

Com um aceno, seguimos juntos em direção à igreja, prontos para compartilhar momentos de devoção e comunhão. Enquanto caminhamos pelas ruas tranquilas de SombraVale, sinto-me envolvida pela atmosfera serena da noite. As estrelas brilham no céu escuro, pontuando o caminho enquanto seguimos em direção à igreja iluminada.

O calor reconfortante da mão do meu pai em meu ombro me dá segurança, e o som suave dos nossos passos cria uma melodia reconfortante. É como se cada passo nos aproximasse não apenas da igreja, mas também um do outro, fortalecendo o vínculo entre pai e filha.

À medida que nos aproximamos do local de culto, sinto uma sensação de paz e expectativa preencher meu coração. Estou ansiosa para compartilhar este momento de fé e adoração com todos, e sei que, com meu pai ao meu lado, tudo será ainda mais significativo.

(....)

À medida que entramos na igreja, somos calorosamente recebidos por rostos familiares e sorrisos acolhedores. O suave aroma de incenso permeia o ar, criando uma atmosfera de tranquilidade e devoção. Meu pai, o pastor da congregação, assume seu lugar no púlpito, pronto para guiar o culto desta noite.

Enquanto o culto se inicia, meu pai começa a compartilhar as palavras inspiradoras da Escritura, oferecendo encorajamento e consolo aos fiéis reunidos. Sentada entre os membros da congregação, observo ele com admiração, maravilhando-me com sua habilidade de transmitir sua mensagem com tanta autoridade e compaixão.

No entanto, meu foco é repentinamente desviado quando, do canto do olho, avisto Aldric entrando na igreja. Meu coração salta no peito enquanto meu estômago dá voltas. O que ele está fazendo aqui? Nenhum membro de sua família jamais frequentou a igreja antes. Sua presença inesperada deixa-me atônita, lutando para compreender a profundidade de minhas próprias emoções.

Aldric parece sentir meu olhar sobre ele, e nossos olhos se encontram em um momento de intensa conexão. Sinto-me como se estivesse hipnotizada, incapaz de desviar o olhar dele. Uma enxurrada de pensamentos invade minha mente, questionando por que ele exerce tanto poder sobre mim, apesar das óbvias diferenças entre nós. É uma questão que ecoa em minha alma enquanto tento encontrar uma resposta dentro de mim.

Enquanto Aldric caminha lentamente pela igreja, procurando um lugar para se sentar, meu pai começa a falar do púlpito:

— Orai e vigiai, irmãos, pois o mal ronda entre nós, como um lobo à espreita.

No exato momento em que essas palavras ecoam na igreja, Aldric interrompe seu caminhar entre os fiéis e encara meu pai com intensidade. Um silêncio tenso desce sobre a congregação, e meu coração começa a bater descompassadamente. Minha garganta parece se fechar, e sinto como se a tensão no ar pudesse ser cortada com uma faca.

O olhar firme de Aldric em direção ao meu pai parece desafiar as próprias palavras que acabaram de ser proferidas. Um arrepio percorre minha espinha enquanto observo a troca de olhares entre os dois homens, cada um representando um mundo tão diferente.

Meu pai mantém sua postura serena, mas há uma tensão palpável em seus ombros, uma determinação em sua expressão que denota sua firmeza na fé. Enquanto isso, Aldric, com sua aura enigmática, parece desafiar as barreiras invisíveis que separam nossos mundos.

O restante da congregação permanece em silêncio, observando a cena com interesse e curiosidade disfarçada. A atmosfera na igreja parece carregada de eletricidade, como se estivéssemos todos à beira de algo monumental, algo que poderia mudar o curso de nossas vidas para sempre.

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