Aldric
Enquanto eu, meu pai, Darius, tio Voraker e Haldor, desfrutamos da liberdade de correr pela floresta em nossa forma de lobo, sinto a energia pulsante da natureza ao meu redor. Nossas patas tocam o solo com suavidade, impulsionando-nos adiante, e saltamos com graça sobre os troncos caídos, como se dançássemos ao ritmo da própria floresta.
Apesar da corrida estar a todo vapor, minha mente está distante, capturada por uma voz determinada que adentra meus ouvidos, interrompendo brevemente a melodia dos sons da natureza. Minhas orelhas se inclinam para ouvir melhor, reconhecendo instantaneamente a voz inconfundível de Catherine.
Mesmo sem nunca ter trocado uma palavra com ela, recordo-me de passar inúmeras vezes perto de sua floricultura e de ouvir sua voz suave e determinada enquanto atendia os clientes. Agora, escondido atrás de um grande arbusto, observo Catherine e suas amigas enquanto tentam desvendar a origem do estalo que ouviram. Minha presença passa despercebida, mas meu coração não consegue evitar acelerar enquanto a observo com admiração.
Seu perfume suave, remanescente das próprias flores que cultiva, paira no ar e preenche meus sentidos, contrastando com minha própria essência selvagem. Observo-a guardar suas coisas e seguir suas amigas enquanto se retiram da clareira.
Ao pisar novamente em um galho, apenas Catherine ouve o som, desta vez, fazendo-a parar por um instante e olhar ao redor com uma expressão curiosa. Sinto meu coração disparar quando ela leva a mão à correntinha em seu pescoço, um gesto tão simples, mas que me causa uma onda de emoções conflitantes.
Enquanto ela se afasta com suas amigas, envolta na luz dourada do sol, sinto-me cada vez mais distante dela. Sua imagem é pureza e beleza, enquanto eu sou uma criatura selvagem, temida e incompreendida. Um sentimento de revolta cresce dentro de mim, alimentado pela sensação de inadequação e desespero. Sem responder ao chamado preocupado de meu pai, deixo-me levar pela corrente de vento, correndo velozmente pela floresta, deixando para trás minha angústia e incertezas.
Continuo correndo desenfreadamente, o vento zunindo em meus ouvidos enquanto minha mente está consumida pela imagem de Catherine rejeitando-me se descobrir minha verdadeira natureza. Esse pensamento, misturado com o medo e a ansiedade, aumenta minha velocidade, como se tentasse fugir de meus próprios pensamentos.
Envolto em minhas preocupações, não percebo o perigo iminente à minha frente. O penhasco surge diante de mim de repente, uma ameaça silenciosa que se estende até o vazio abaixo. Antes que eu possa reagir, ouço a voz desesperada de meu pai ecoar atrás de mim:
— Filho, cuidado!
No mesmo instante, ele salta à minha frente em um ato de coragem, derrubando-me para trás com força suficiente para evitar minha queda no abismo iminente. O chão irrompe para encontrar meu corpo em um impacto abrupto, e eu me vejo deitado, tonto e atordoado, ao lado de meu pai, cuja respiração agitada reflete a minha própria turbulência interna.
Nossos olhares se encontram em meio ao caos, e por um momento, as palavras se perdem, substituídas pelo entendimento silencioso e agradecido de que, apesar de tudo, estamos juntos, unidos pela força do amor e do instinto protetor.
De volta à minha forma humana, as ondas de emoção me atingem como uma tempestade furiosa, sob o peso abrumador do que acabou de acontecer. Sento-me na grama úmida, minhas mãos tremendo enquanto as lágrimas correm livremente por meu rosto, um testemunho silencioso da angústia e do alívio que inunda meu ser.
Ao meu lado, meu pai também volta à sua forma humana, seu semblante marcado por uma expressão de preocupação e alívio. Ele não diz uma palavra, mas seus olhos dizem tudo, transbordando com compreensão e amor. Sem hesitar, ele se aproxima e me envolve em seus braços, um gesto de conforto e apoio em meio ao caos emocional que me consome.
Sinto-me seguro em seu abraço, permitindo-me desabar em suas mãos fortes e calorosas. Cada soluço é um lembrete doloroso da fragilidade de minha própria humanidade, mas também da força e do amor que compartilhamos como pai e filho. E assim, nos permitimos apenas existir, unidos pelo vínculo indomável da família.
As palavras brotam de meus lábios entre soluços, impulsionadas pela torrente de emoções que transbordam de meu coração ferido.
— Eu a amo, pai, eu a amo. — Minha voz ecoa na tranquilidade da floresta, carregada de dor, mas também de uma profunda sinceridade e vulnerabilidade.
Cada palavra é um eco do amor e da angústia que se enraizaram em mim, um testemunho da intensidade com que me vejo consumido pelo sentimento por Catherine. Meu pai permanece em silêncio por um momento, seus olhos fixos em mim com uma ternura indescritível.
Ele sabe o peso dessas palavras, compreende a profundidade de meu sofrimento e anseio. Sem dizer uma palavra, ele aperta seu abraço, transmitindo uma dose extra de conforto e apoio. Neste momento, sinto-me conectado a ele de uma maneira que transcende as palavras. É como se nossos corações se fundissem em uma só batida, uma sinfonia de amor e compaixão que nos envolve em um abraço invisível, fortalecendo-nos diante da tempestade emocional que enfrentamos.
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Atualizado até capítulo 74
Comments
Maria Nice Grudgen
Você tem que conquista ela, depois contar a verdade.
2024-12-01
0
Beatriz Ferraz
Coitado ,ele tá sofrendo muito
2024-06-12
2
Lucilene Palheta
tadinho me deu uma pena dele ,que triste 😢 🙁 ☹ 😥 😿 😢 🙁 ☹
2024-04-09
1