"Isabela e Pedro em meio a Tensões e Confissões"

Capítulo-Bônus/Pt.1

Isabela

À medida que a noite avança e observo Pedro chegar, meu coração se agita. Foi um equívoco pedir ajuda ao meu tio Aldric; era evidente que ele não me ajudaria. No entanto, isso não me importa, pois tenho meu plano meticulosamente elaborado em mente. Enquanto vejo, Pedro, cumprimentar a todos, percebo o desconforto evidente em seu rosto ao se aproximar de meu pai, que sempre o observa atentamente, especialmente por minha causa. Meu pai, com seu tom característico, lança uma observação sarcástica:

— Vejam só, Pedrinho, ou melhor, Pedrão, não é? Já que você cresceu tanto.

Pedro responde com um sorriso:

— Pois é, Darius, o Pedrinho de antigamente cresceu.

Enquanto Pedro e meu pai trocam essas palavras aparentemente amigáveis, eu observo atentamente, mantendo-me discreta na minha posição. É claro que todos aqui percebem a tensão subjacente entre os dois. Os olhares furtivos, os sorrisos forçados e até mesmo a postura rígida sugerem uma dinâmica complicada que está longe de ser harmoniosa.

Então, no meio desse jogo silencioso de tensão, os olhos de Pedro se encontram com os meus. Um breve momento de surpresa passa por seu rosto antes que ele pigarreie e se dirija a mim:

— Oi Isabela.

Seu cumprimento simples é como um alerta sutil, uma indicação de que ele está ciente da minha presença e que talvez haja mais acontecendo por trás das cortinas do que qualquer um poderia imaginar. Essa nossa troca de olhares adiciona uma nova camada de complexidade à atmosfera já carregada, deixando-me ainda mais determinada a fazer o que pretendo.

Respondo sua saudação com um aceno de cabeça, mantendo meu semblante impassível, mas por dentro, meu coração acelera. Seu olhar parece transmitir uma mensagem oculta, uma espécie de desafio silencioso que me instiga a desvendar. Enquanto retorno seu olhar, pondero sobre as possibilidades ocultas por trás de seus olhos penetrantes.

Sem tempo a perder, inicio a execução do meu plano. Começo discretamente a bocejar, deixando-me levar pela exaustão fictícia que pretendo transmitir. Com habilidade teatral, finjo um bocejo prolongado, acompanhado de um leve esfregar dos olhos, como se lutasse contra o cansaço que supostamente me domina.

Então, num movimento calculado, me viro em direção à minha mãe, que está envolvida em uma conversa animada com tia Carmen. Com um suspiro fingido, interrompo sua conversa, anunciando minha partida:

— Mãe, vou para cama. Estou cansada e tenho aulas amanhã cedo. Boa noite para todos.

Minha intervenção é suave, mas assertiva, destinada a desviar a atenção do meu verdadeiro objetivo. Com um último olhar furtivo para Pedro, saio da sala, deixando um rastro de curiosidade e intriga no ar.

(....)

Já no corredor, lanço um rápido olhar para trás, verificando se não há ninguém observando. Confiante de que eles ainda estão imersos em sua conversa animada na sala, sigo em frente com meu plano. Com passos rápidos e silenciosos, chego ao quarto onde Pedro costuma ficar quando está aqui. A porta está entreaberta, e entro sem fazer barulho, consciente de que cada som poderia trair minha presença. O quarto está escuro e silencioso, um cenário perfeito para a minha estratégia.

Sem perder tempo, movo-me com agilidade até debaixo da cama. É um local apertado e desconfortável, mas sei que é o melhor lugar para passar despercebida. Deito-me no chão duro, respirando calmamente enquanto aguardo pacientemente o momento em que Pedro virá para dormir.

Cada segundo parece uma eternidade enquanto me encontro aqui, imersa na escuridão e na expectativa. Mas estou determinada. Passado o que parecem ter sido horas de espera angustiante, finalmente ouço seus passos se aproximando. Cada batida do meu coração parece ecoar no silêncio do quarto enquanto aguardo, tensa e expectante. Ele entra, fecha a porta com um leve clique e joga sua bolsa com um suspiro cansado, acendendo a luz do abajur.

Ele se senta na beira da cama, como se tentasse afastar os problemas do dia. Então, com um gesto de determinação, ele se levanta e começa a se despir completamente, suas roupas caindo em uma pilha no chão. A visão de seu corpo esguio e musculoso sob a luz fraca do quarto é hipnotizante, fazendo-me sentir um calor inexplicável percorrer meu corpo.

Quando ele se encaminha para o banheiro, sinto meu coração acelerar em antecipação. O som do chuveiro ecoa pelo ambiente, e sei que chegou o momento que tanto esperei. Sem hesitação, saio rapidamente de debaixo da cama, deixando minhas roupas para trás em uma pilha desordenada.

Fico completamente nua, sentindo a pele arrepiar-se com a emoção e a adrenalina do momento. Respiro fundo, reunindo toda a coragem que tenho, e me dirijo silenciosamente para o banheiro. Ao entrar, vejo-o de costas para a porta, a água do chuveiro escorrendo pelos contornos do seu corpo. A visão é arrebatadora, e por um momento me vejo incapaz de mover um músculo, hipnotizada pela sua presença.

Com passos cuidadosos, me aproximo sorrateiramente, envolvendo seus ombros com meus braços. Um arrepio percorre meu corpo no momento em que sinto a proximidade do seu calor, e percebo que ele também reage à minha presença.

Sua voz, rouca e surpresa, rompe o silêncio:

— O que está fazendo, sua diaba?

Com o coração batendo descompassado, mantenho-me abraçada a ele, sentindo a água quente do chuveiro caindo sobre nós, criando um véu de intimidade. Minha respiração fica entrecortada pela emoção do momento, cada suspiro uma expressão silenciosa do turbilhão de sentimentos que me consomem.

— Desculpe, Pedro... Eu... Eu só precisava estar perto de você... — murmuro, minha voz quase perdida no som do chuveiro, minha confissão envolta na melodia da água que cai.

Ele se vira lentamente para me encarar, os olhos fixos nos meus com uma mistura de confusão e intensidade. Seu olhar parece penetrar minha alma, como se buscasse compreender os motivos ocultos por trás das minhas ações.

— Você sabe que se seu pai souber que você está aqui, ele me matará, não é Isabela? — ele questiona, sua voz carregada de preocupação e um leve toque de temor.

A gravidade das suas palavras ecoa no pequeno espaço do banheiro, adicionando uma dimensão sombria à nossa intimidade. Um arrepio percorre minha espinha enquanto pondero sobre as consequências iminentes do nosso encontro secreto. No entanto, mesmo diante do perigo iminente, uma chama de determinação arde dentro de mim, alimentada pela certeza de que vale a pena arriscar tudo por esse momento de conexão verdadeira.

Com uma expressão inabalável, as palavras fluem de mim, impulsionadas pela força do meu amor por Pedro e pela convicção de que juntos podemos superar qualquer obstáculo.

— Ele não fará isso, porque eu não deixarei. Eu quero ser sua, Pedro. Somente sua. — minha voz ressoa, carregada de uma mistura de coragem e vulnerabilidade.

Seus olhos encontram os meus, e por um momento, há um silêncio tenso enquanto ele processa minhas palavras. Então, um sorriso tímido se forma em seus lábios, revelando um vislumbre da esperança que se esconde por trás de sua expressão séria.

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