Aldric
À noite, durante o jantar em família, a lembrança do meu encontro com Catherine mais cedo surge em minha mente, confirmando que realmente conversei com ela. Um discreto sorriso aparece em meu rosto ao recordar o momento em que fiquei sem palavras, mas consegui me sair bem.
A parte mais desafiadora foi fingir que não sabia o nome dela. Não poderia simplesmente dizer: "Ah, sei que seu nome é Catherine. Eu vivo stalkeando suas fotos nas redes sociais, aliás, estava fazendo isso agora mesmo, antes de você chegar."
Balanço a cabeça incrédulo, enquanto meu sorriso se amplia. Minha mãe rapidamente comenta:
— E esse sorriso, filho? Ele tem um motivo específico?
Olho para ela, e todos na mesa dirigem seu olhar para mim. Engulo em seco e respondo à minha mãe:
— Isso foi planejado por você, não foi? Por isso a vovó Carmen inventou a desculpa de não ir à agência hoje. E a senhora dispensou praticamente todo mundo de lá.
Meu pai, curioso, olha de mim para minha mãe e pergunta:
— O que aconteceu?
Sinto-me constrangido de falar na frente de todos. Então, Darius, sendo Darius, comenta, entre uma garfada e outra:
— Ah, qual é? Por que todo esse drama e suspense? Todos sabemos que o refinado aqui é gamadão na filha do pastor.
Enquanto mastigo a comida, Darius revela a situação com sua típica franqueza, o que me faz engasgar momentaneamente, sentindo meu rosto corar levemente. Todos os olhares se voltam para mim, e me sinto encurralado sob a atenção inquisitiva deles.
Minha mãe solta uma risadinha e lança um olhar cúmplice para meu pai, que ergue as sobrancelhas de forma engraçada. É claro, agora estou no centro das atenções, com meu segredo exposto diante de todos.
Começo, lutando para encontrar as palavras certas.
— É... Bem... Sim, é verdade. Conversei com Catherine hoje na agência. Ela veio fazer a entrega de flores que minha mãe pediu.
A confissão sai de mim em um fio de voz, e sinto o rubor em minhas bochechas se intensificar enquanto todos processam a revelação. Minha mãe solta um suspiro de satisfação, enquanto meu pai me lança um olhar de aprovação.
Ele diz, com um sorriso orgulhoso:
— Bom garoto! Quem sabe onde isso pode te levar, não é?
Sinto um misto de nervosismo e empolgação ao pensar nas possibilidades, mas também uma pontada de preocupação. Afinal, sou um lobisomem, e Catherine é uma garota cristã; onde realmente isso pode nos levar?
Meu irmão, sempre o provocador, decide intervir novamente:
— Quem sabe vocês não acabam se tornando a próxima história de amor proibido da cidade? — ele sugere, com um sorriso travesso.
Reviro os olhos, mas uma pequena faísca de esperança se acende em meu peito. Será possível que algo bom possa surgir dessa conexão improvável entre um lobisomem e uma garota religiosa? Enquanto terminamos o jantar, minha mente se debate com essa ideia, e a incerteza do futuro paira sobre mim como uma sombra constante.
É pensando em tudo isso, e em umas coisas mais que estão mexendo comigo que olhando para meu pai, digo:
— Pai? Podemos conversar um pouco lá fora?
Meu pai ergue o olhar do prato, percebendo a seriedade em minha expressão. Ele assente com a cabeça, indicando que está pronto para me ouvir. Levantamos juntos da mesa, deixando os outros membros da família envolvidos em suas próprias conversas.
Ao sairmos para a varanda, o ar fresco da noite nos envolve, trazendo um pouco de alívio para minha mente tumultuada. Caminhamos até um banco de madeira sob a luz suave da lua, e meu pai se senta, esperando que eu comece a falar.
Respiro fundo, reunindo coragem para compartilhar minhas preocupações com ele.
— Pai, estive pensando muito sobre tudo que está acontecendo. Sobre Catherine, sobre nossa família, sobre quem eu sou... E... bem, estou me sentindo um pouco perdido, para ser sincero.
Meu pai ouve atentamente, seu olhar calmo e compassivo me transmitindo uma sensação de segurança e conforto. Eu aprecio esse momento de intimidade entre pai e filho, sabendo que posso confiar nele com meus pensamentos mais profundos.
— Eu entendo, filho. A vida é cheia de desafios e descobertas, e é normal se sentir perdido às vezes. Mas saiba que estou aqui para te apoiar em tudo que precisar — ele responde, sua voz serena ecoando no silêncio da noite.
Sinto um peso sendo tirado de meus ombros ao ouvir suas palavras tranquilizadoras. É reconfortante saber que não estou sozinho nessa jornada, e que posso contar com o apoio incondicional de meu pai.
— Obrigado, pai. Significa muito para mim saber que posso contar com você — digo, sentindo um nó se desfazer em minha garganta.
Ele coloca uma mão reconfortante em meu ombro, transmitindo silenciosamente todo o amor e apoio que sempre me deu ao longo dos anos.
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Atualizado até capítulo 74
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