"Turbilhão de Emoções"

Adrian

Assim que abro os olhos, sinto um aperto no peito ao relembrar os eventos angustiantes da noite anterior. A imagem de Aldric, com sua expressão atormentada, assombra meus pensamentos, deixando um rastro de preocupação em meu coração.

A possibilidade de ele ter quase caído naquele penhasco é como um pesadelo que se desenrola diante de mim. A ideia de perdê-lo, de não tê-lo mais ao meu lado, é simplesmente insuportável. Um calafrio percorre minha espinha só de pensar naquela terrível possibilidade.

Olho para minha doce, Ana, cuja tranquilidade ao meu lado é uma fonte de conforto em meio ao turbilhão de emoções que me consome. Contar a ela sobre o que aconteceu com Aldric é uma decisão difícil, mas sinto que é algo que devo fazer. Afinal, somos uma família, e compartilhamos tanto os momentos de alegria quanto os de aflição.

Enquanto observo o rosto sereno de Ana, relembro todas as adversidades que enfrentamos juntos para chegarmos até aqui. Cada obstáculo, cada desafio, apenas fortaleceu nosso vínculo e nossa determinação em seguir em frente, lado a lado.

E pensar que nosso filho já não é mais aquele garotinho, mas sim um jovem que enfrenta suas próprias batalhas e desafios, é uma prova inegável do passar do tempo. Como imortais, estamos acostumados a ver o mundo ao nosso redor mudar, mas ver nosso próprio filho crescer e amadurecer é uma experiência única e emocionante.

As lembranças de Aldric confessando seu amor pela garota que mexe com seu coração inundam minha mente, trazendo um sorriso nostálgico aos meus lábios. Eu sempre soube que ele tinha sentimentos por ela, mas sabia que era algo que ele precisava descobrir por si mesmo, em seu próprio tempo e em seus próprios termos.

Enquanto meu olhar vagueia pela janela, observando o balé das árvores ao sabor do vento e a neblina que paira sobre as copas, escuto sua voz ao meu lado, suave e preocupada:

— O que te perturba?

Volto meu olhar para Ana, que acabará de acordar, seus olhos expressando uma mistura de curiosidade e apreensão. Respirando fundo, tento organizar meus pensamentos antes de responder:

— É o nosso filho.

Ana se senta rapidamente, uma expressão de alarme tomando conta de seu rosto enquanto me pergunta ansiosamente:

— O que aconteceu, Adrian!?

Faço um gesto tranquilizador com a mão, tentando acalmar seu crescente nervosismo:

— Calma, amor, não aconteceu nada grave, está tudo bem. É só que ontem... durante nossa corrida matinal...

Ana interrompe, sua voz carregada de angústia:

— Pelo amor de Deus, Adrian, fala logo!

Decido não prolongar mais o suspense e revelar a verdade de uma vez por todas:

— Ele quase caiu no penhasco.

Ana arregala os olhos, surpresa e horrorizada com a revelação. Seus lábios formam um "O" silencioso enquanto ela tenta assimilar a notícia. Por um momento, o silêncio paira sobre nós, apenas o som abafado do vento soprando lá fora rompe a quietude.

Depois de alguns instantes, Ana quebra o silêncio, sua voz carregada de preocupação:

— Meu Deus, Adrian, como isso aconteceu? Ele está bem?

Respiro fundo antes de responder, tentando escolher minhas palavras com cuidado:

— Ele se distraiu enquanto corria, mergulhado em seus próprios pensamentos... e não percebeu o penhasco à sua frente. Foi um milagre eu ter chegado a tempo de evitar que ele caísse. Ele está bem agora, não se preocupe.

Ana fecha os olhos por um momento, como se estivesse processando toda a informação. Quando os abre novamente, vejo uma determinação resoluta em seu olhar.

— Precisamos conversar com ele, Adrian. Ele precisa saber o quanto é importante para nós, o quanto o amamos e nos preocupamos com ele.

Concordo com a cabeça, sabendo que ela está certa. Porém, determinadamente digo:

— Ana, mas tudo isso aconteceu por um motivo... ele está apaixonado por uma garota.

Ana franze a testa, surpresa com a nova revelação. Seus olhos encontram os meus em busca de mais informações, enquanto ela processa essa nova peça do quebra-cabeça.

— Apaixonado? — Ela repete, sua voz carregada de curiosidade e preocupação.

E então, me olhando fixamente, ela pergunta:

— Quem é essa garota? A conhecemos?

Suspiro, sentindo o peso das palavras enquanto tento explicar:

— Sim, é a filha do pastor, a Catherine. Aldric me contou sobre ela. Parece que ele está realmente envolvido.

Ela permanece em silêncio por um momento, processando a informação. Seus olhos revelam uma mistura de sentimentos, desde surpresa até preocupação.

— Isso complica as coisas um pouco, não é? — ela comenta, pensativa.

Concordo, sabendo que as diferenças entre nossas famílias e as crenças religiosas podem representar um desafio para Aldric e Catherine.

— Sim, é um terreno delicado. Mas vamos apoiar Aldric, não importa o que aconteça. Ele é nosso filho, e estaremos ao seu lado, aconteça o que acontecer.

Minha doce Ana assente, sua expressão mostrando determinação.

— Claro, Adrian. Nossa família vem em primeiro lugar, sempre. Mas sabe, a única coisa que não gostei foi estar sabendo de tudo isso só agora. E porque o Aldric não me contou? Será que ele não confia em mim?

Eu tento acalmar ela dizendo:

— Calma amor, ele também não tinha me contado, ele só falou porque a situação ficou difícil demais para ele suportar sozinho. Agora devo te confessar, que sobre o penhasco ele realmente não queria que eu te contasse. Ele disse que você ficaria muito preocupada, e nisso tenho que concordar com ele.

Ana desacreditada diz:

— Mas é claro que fico preocupada. Eu sou a mãe dele. E ele ainda é como se fosse meu bebê.

Seu tom de voz revela a profundidade de seu amor materno e a preocupação que ela sente pelo nosso filho. Eu a abraço com carinho, reconhecendo o peso de suas palavras.

— Eu sei, Ana. Você é uma mãe incrível e sempre se preocupará com ele, não importa o quão crescido ele esteja.

Nossos olhares se encontram, compartilhando a mesma preocupação e o mesmo amor por Aldric. Juntos, enfrentaremos os desafios que estão por vir, confiando no vínculo que une nossa família.

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