Capítulo #13

Leonardo fica visivelmente constrangido e Alex com um olhar vitorioso, o que me deixa fervendo de raiva.

Leonardo: — Peço desculpas pelo inconveniente, não sabia que estavam comprometidos.

Eu: — Não tem porque se desculpar, como disse, é um namoro recente, não anunciamos ainda.

Alex: — Coisa que faremos em breve.

Discretamente dou um beliscão no Alex para ver se ele se toca e cala a boca.

Leonardo: — Já ocupei demais o tempo de vocês. (Ele fala se virando para sair.)

Eu: — Leonardo, espere um momento por gentileza.

Falo e ele fica esperando o que tenho a dizer, mas antes de começar preciso fazer algo.

Eu: — Alex pode nos dar licença por favor?

Alex: — Como? (Ele diz inconformado.)

Eu: — Por favor!

Quando ele percebe que não tem jeito, sai da sala, completamente contrariado.

Eu: — Agora podemos conversar, desculpe-me pelo comportamento do Alex.

Leonardo: — Está tudo bem, agiria da mesma forma se fosse a minha namorada.

Fico sem graça com a resposta dele, mas preciso consertar a besteira que o Alex fez.

Eu: — Obrigada pela compreensão, espero que possamos ser bons amigos.

Leonardo: — Deixa o constrangimento passar que podemos ver essa possibilidade.

Eu: — Não tem porque ficar constrangido,sinto-me lisonjeada com o seu convite, dá para perceber que é uma pessoa maravilhosa, com o tempo vai encontrar alguém especial e verdadeiramente espero que esse acontecido não abale a relação que já temos.

Leonardo: — Quanto a isso não se preocupe, teremos bons anos de parceria pela frente.

Eu: — Obrigada pela compreensão e confiança.

Leonardo: — Eu que agradeço, até a próxima.

Eu: — Até.

Ele sai da sala e eu respiro aliviada, espero uns dez minutos para não arriscar encontra-lo lá fora, e depois vou direto para sala do Alex.

Débora: — Não pode entrar na sala do senhor Walter sem ser anunciada.

Deixo ela falando sozinha e entro, já estou sem paciência, essa oferecida ainda vem-me encher, já na sala do Alex vejo ele sentado na sua cadeira passando a mão nos cabelos.

Eu: — Me fala qual o seu problema? (Falo gritando.)

Alex: - Cansou de ficar com ele?

Eu: - Estava tentando desfazer a cagada que você fez!

Alex: - Que eu fiz? Era o que, para ficar quieto vendo-o dando em cima de você?

Eu: — Era, porque se escutou bem, eu já estava falando para ele que era comprometida, do jeito certo, mas claro que o senhor Walter tinha que dar uma de macho alfa, poderia ter colocado todo o projeto a perder por uma infantilidade. Você pode já ter solidificado a sua empresa e ter um nome conhecido, mas eu não, estou começando a expandir agora, não posso me dar o luxo de perder o meu primeiro contrato por bobagem.

Pareceria haver uma barreira entre nós, estava ainda com muita raiva da sua atitude, após ficarmos um tempo em um silêncio ensurdecedor, finalmente ele diz:

Alex: — Tem razão, te disse que sabia separar o profissional do pessoal e no nosso primeiro dia tenho essa atitude vergonhosa.

Eu: — Pelo menos agora reconhece.

Alex: — Eu fiquei cego de raiva quando ia entrar na sua sala e ouvi ele te chamar para sair.

Eu: - Espera um momento, quando entrou ele já havia me chamado e eu já havia recusado, por acaso estava ouvindo atrás da porta.

Quando pergunto Alex fica branco igual papel, o que para mim já é uma resposta, fazendo a minha raiva triplicar.

Eu: — Não acredito que teve a coragem de me espiar, como ousou, se for para ser assim, sem confiança, melhor pararmos por aqui.

Saio da sala enfurecida, como pensei que poderia dar certo um relacionamento com uma pessoa egocêntrica como ele.

Reparo que a Grazi está com uma expressão preocupada no rosto, então vou falar com ela.

Eu: - Amiga vou sair um pouco.

Grazi: - Você está bem? Quer que vá com você?

Eu: - Não precisa, obrigada, me liga se acontecer algo urgente?

Grazi: — Pode deixar e se precisar estou aqui.

Eu: - Obrigada, depois conversamos.

Passo na minha sala para pegar a minha bolsa e celular, preciso sair um pouco daqui para espairecer, vou para a sala do Dilan, acho que por ser o mais calmo ele sempre é o nosso refúgio quando algo dá errado, chego e bato na porta, em seguida escuto ele autorizando a minha entrada.

Dilan: - Amélia, o que aconteceu?

Ele pergunta já se levantando e vindo ao meu encontro e me abraça, nesse momento não consigo me controlar e começo a chorar, não sei se por raiva ou decepção.

Dilan: — Se acalma e me conta o que aconteceu.

Começo lentamente me acalmar e conto tudo o que aconteceu e ele ouve atentamente, quando termino finalmente diz:

Dilan: — Posso dar a minha opinião sincera?

Eu: - Claro.

Dilan: - Princesa, você está exagerando!

Eu: — Como assim? Não ouviu o que ele fez?

Dilan: — Ouvi, e ele está errado em ter agido daquela forma, ainda mais com um cliente, foi imprudente, mas tenta ver o seu lado, você é linda e estão apenas no primeiro dia de namoro, ele foi a sua sala e escutou um homem, que é um bom partido te chamando para sair, por mais que tentemos esconder, nós homens também temos as nossas inseguranças.

Eu: — Mas ele podia ter se controlado!

Dilan: — Concordo, ainda mais sendo um homem de negócios, deveria ter agido com mais cautela, mas sinceramente, não sei se visse um homem chamando a Grazi para sair se agiria diferente.

Conforme o Dilan vai falando a raiva que estou sentindo diminui, pois, começo a perceber que faz sentido o seu argumento.

Eu: — E o que devo fazer?

Dilan: - Primeiro vai ao banheiro e retoca essa maquiagem, que você chorou e borrou tudo.

Eu: — Não deve estar tão ruim.

Pego um espelho na minha bolsa e me assusto com o meu reflexo.

Eu: — Estou parecendo um panda!

O Dilan começa a rir da minha expressão, por fim não aguento e começo a rir também.

Dilan: - Agora que você já recuperou esse sorriso maravilhoso que tem, vai e conversa com o Alex, você me ensinou que tudo na vida se resolve com uma boa conversa, siga o seu próprio conselho, até mesmo porque acredito que não foi a toa que se vestiu para matar hoje.

Eu: — Obrigada, você é incrível, te amo.

Dilan: — Também te amo princesa, você e a Nati são as irmãs que nunca tive.

Eu: — E a Grazi? (Pergunto em tom de brincadeira.)

Dilan: — Não dá para ela ser minha irmã, já que levo ela para cama quase toda noite.

Eu: — Eu não precisava saber disso, um pouco mais de filtro por favor. (Falo e caímos na risada novamente.)

Dilan: - Agora vai logo antes que eu te conte mais detalhes.

Dou mais um abraço nele e saio da sua sala, mas decido provocar mais um pouquinho, então abro a porta novamente e coloco só a cabeça para dentro.

Eu: — Só para constar, sei todos os detalhes de como você é de cama, você manda bem, deu até calor quando a Grazi contou.

Dilan: — Nossa Amélia, sai logo daqui.

Ele fala ficando vermelho de vergonha, missão cumprida, hora de resolver a minha vida, vou até o banheiro e refaço a maquiagem, sorte que peguei minha bolsa, depois de tudo certo, estava poderosa novamente, saio do banheiro e vou para o último andar.

No elevador penso novamente em tudo que o Dilan disse e realmente eu exagerei, preciso consertar as coisas com o Alex, ao descer do elevador vou para sala dele, mas no caminho sou barrada pela Débora.

Débora: — Já te disse que não pode entrar na sala do senhor Walter sem ser anunciada.

Ela fala num tom arrogante que tira a minha paciência.

Eu: — Escuta aqui, se ainda não ficou claro para você eu entro na sala do Alex hora que eu quiser, porque ao invés de ficar enchendo meu saco, você não vai fazer seu trabalho que é paga para fazer?

Saio andando deixando ela para trás, eu sei que realmente é o trabalho dela anunciar quem vai entrar, só que nesse caso já saquei que ela não está cumprindo sua obrigação por ser uma boa profissional, ela está tentando me menosprezar e isso jamais vou admitir.

Entro na sala e percebo que ele não está, penso em ligar, mas por fim tenho uma ideia melhor, sento em sua cadeira e coloco os pés sobre sua mesa, tentando parecer o mais sensual possível, coisa que francamente não sei fazer direito, mas não custa tentar, fico esperando ele chegar, uns cinco minutos depois escuto a porta abrindo, quando ele me vê seus olhos escurecem.

Eu: — Precisamos conversar.

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