Capítulo #03

Não conseguia acreditar no que os meus olhos estavam vendo, só podia ser brincadeira, parado bem na minha frente, com um olhar imponente estava o homem mais lindo que eu já vi, moreno, olhos azuis, cabelo um pouco ondulado, barba cerrada, o formato dos músculos aparecendo sobre o tecido da camisa, capaz de hipnotizar qualquer mulher, da primeira vez vi ser um belo homem, mas, não reparei no tamanho da beleza, pensando bem, sei porque não reparei, porque ele é um estúpido.

Na hora me recompus, não posso deixar a beleza desse homem me afetar e muito menos o fato dele ser um completo idiota, tenho que ser profissional.

Eu: — Boa tarde sr. Walter, é um prazer finalmente te conhecer!

Alex: — É mesmo? Não sou mais um babaca arrogante?

Esse cara só pode estar de brincadeira, mas se ele pensa que eu vou abaixar a cabeça está muito enganado.

Eu: — Provavelmente é sim, mas sou uma excelente profissional que sabe separar opiniões pessoais de profissionais.

Alex: — Certo, pode se sentar. (Ele fala apontando para cadeira em frente a sua mesa).

Me direciono para cadeira e no caminho noto o seu olhar penetrante sobre mim, confesso que fiquei um tanto desconfortável de estar sob o seu olhar, mas fingi indiferença.

Alex: — Então, como o Augusto já deve ter mencionado, estamos em busca de pequenas empresas que demonstram potencial de crescimento para investirmos, a sua empresa apresenta esse potencial, resta saber se vai conseguir estar a frente de uma empresa de grande porte.

Eu: — Sr. Walter, posso lhe assegurar sobre a minha competência, comecei essa empresa do zero, em pouco tempo ela apresentou resultados positivos, e agora estou mais que preparada para o próximo passo.

Alex: — Assim espero!

Eu: — Espere e verá!

Nossa, a arrogância desse cara me tira do sério, mas não posso colocar tudo a perder.

Demostrando uma falsa calmaria pego os meus balancetes e plano de negócios, começo a explicar tudo detalhadamente, ele faz os seus apontamentos e quando me dou conta já se passou uma hora, tenho que admitir ele pode ser um babaca, mas nos negócios é brilhante.

Alex: — Então ficamos acertados assim, só tem mais um detalhe.

Eu: — E qual seria?

Alex: — Trabalhará aqui comigo.

Eu: — Como assim? Nós não teremos uma sede própria? E a minha equipe?

Sabia que tinha alguma pegadinha, estava tudo indo bem demais.

Alex: — No princípio vai comandar a empresa daqui sobre a minha supervisão, a sua equipe trabalhará conosco, vai manter a sua assistente. Sua engenheira e o seu advogado terão as suas próprias salas nos seus respectivos andares, vão estar sob a orientação da minha equipe, até estarem prontos para seguirem sozinhos e eu permanecer apenas como sócio investidor.

Eu: — Só precisamos acertar um ponto, temos uma sociedade, não preciso da sua supervisão, trabalhei muito bem até aqui sem ela, preciso da sua parceria, trabalharmos juntos, e não como se fosse meu chefe, pois não é. No demais, por mim, está ótimo.

Alex: — Você é bem desaforada, não acha?

Eu: — Não, simplesmente sei da minha capacidade e comprometimento, como disse, não preciso de um supervisor e sim de um sócio.

Alex: — Pois bem, assim veremos. Me acompanhe até a sua sala.

Ele levanta para ir em direção a porta, quando passa por mim o seu perfume madeirado entorpece os meus sentidos, fico sem reação apenas admirando aquele homem na minha frente, não sei por quanto tempo fiquei parada, por fim volto a realidade com ele me chamando.

Alex: A senhora não vem?

Eu: - Claro! (Respondo ainda meio atordoada, que efeito é esse que ele tem sobre mim?)

Caminhamos para fora, na hora que nos vê, sua assistente endireita a postura e arruma o seu decote.

Assistente: - Sr. Walter, precisa de algo?

Alex: - Não, está dispensada por hoje.

Assistente: — Mas, o senhor...

Alex: — Por acaso você não me ouviu, vou precisar repetir?

Assistente: — Não senhor, até amanhã.

Ela pega a sua bolsa, visivelmente chateada e vai em direção ao elevador, quando passa por mim, me lança um olhar mortal, já vi que ela não gostou de mim, mas idem, o sentimento é recíproco.

Alex: — Me acompanhe.

Ele entra numa porta ao lado da sala dele, entro logo em seguida, e reparo que estou numa sala um pouco menor que a dele, porém muito aconchegante, paredes brancas com detalhes, mesa e armário em tom de madeira e ao lado uma janela que da vista para cidade, simplesmente amei.

Estou distraída, observando cada detalhe quando escuto pigarreo, me viro automaticamente e me deparo com o sr. Walter bem perto, com a proximidade e a velocidade que virei acabo me desequilibrando e quase caindo, quando ele me segura, os seus braços por volta da minha cintura me fazem arrepiar, ficamos nos encarando por um tempo, ele desce o olhar até a minha boca e depois voltando para meus olhos.

Estamos apenas a alguns segundos nessa posição, mas parece uma eternidade, a minha mente me diz para me recompor, porém, ele tem um magnetismo que não me deixa sair, ele aproxima os lábios do meu ouvido, a sua respiração perto da minha nuca me deixa inerte, com a voz rouca me diz:

Alex: — Deveria ser mais cuidadosa senhora Rodrigues.

Na hora toda aquela sensação se vai e a raiva toma conta de mim, endireito a minha postura e olho bem fixo nos seus olhos e digo:

Eu: — E o senhor deveria ter melhor senso de espaço.

Vejo ele dando um sorriso de canto, que droga, deixou ele mais lindo ainda.

Alex: — Pelo visto essa sua boquinha só serve para falar desaforos.

Eu: — Para pessoas arrogantes, sim.

Achei melhor não continuar a discussão, ele pode ser um babaca, mas meu futuro ainda está nas suas mãos.

Eu: — Então, essa será minha sala?

Alex: — Sim.

Eu: — Por que ao lado da sua?

Alex: — Para ser mais fácil a nossa comunicação.

Eu: - Está certo, algo mais?

Alex: — Não, hoje é sexta-feira, você e a sua equipe pode se instalar e todos começam na segunda.

Eu: — Ok, então até segunda sr. Walter.

Alex: - Até.

Saio da sala sem nem olhar para trás e vou em direção ao elevador, entro no mesmo e quando vou pegar o meu celular na bolsa percebo que ela ficou na sala dele, não acredito que dei essa bola fora, volto imediatamente e como a sua assistente não está bato direto na porta, ninguém responde, acho que ele não deve ter voltado, então resolvo entrar e pegar a minha bolsa.

Quando entro, automaticamente o meu corpo inteiro vibra, ele está sentado na sua cadeira, com os olhos fechados, cabeça jogada para trás e a camisa completamente aberta, dá para contar cada gominho do seu abdómen, o seu peitoral bronzeado é de tirar suspiros, quando ele abre os olhos parece que eles estão mais escurecidos, vejo algo no seu olhar que não consigo decifrar.

Alex: — O que faz aqui?

Eu: — Me desculpe ter entrado, como bati e ninguém respondeu pensei que não estava, esqueci a minha bolsa.

Alex: - Pois bem, pegue, ou vai continuar me admirando?

Não sei porque fiquei envergonhada, como uma criança que é pega no flagra, visualizo minha bolsa encima da cadeira, pego e saio da sala dele o mais rápido possível. Vou embora tentando entender tudo que aconteceu.

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