Capítulo 09.

...Rafael....

Acabei me levantando bem cedo para um sábado. Talvez, pela ansiedade em imaginar como será esse dia.

Isis irá conhecer minha filha, e, espero que ambas se dêem bem, pois aí sim, eu poderei seguir tranquilamente com essa mulher maravilhosa no qual estou conhecendo.

Sinto que Isis apareceu em minha vida no momento certo, que veio para somar. Talvez eu esteja sendo precipitado, mas nem mesmo sei o porquê, só sinto que dessa vez é a pessoa certa.

Assim que me levantei, aproveitei para ir logo á academia. Fiz meu treino e passei no mercado, comprando pão e algumas frutas, minha pequena Ayla ama comer banana e melancia.

Dei uma ajeitada em meu apartamento, tomei um banho e preparei um bom café da manhã para a chegada da minha pequena.

Por volta das oito da manhã, ouço uma batida na porta. Corro até ela e abro rapidamente, dando de cara com a cabeleira meia bagunçada de Ayla, o que era estranho, já que Dona Maria sempre fazia lindos penteados nela.

— Papai!— exclamou, abraçando minhas pernas.

— Oi meu amor!— Pego ela no colo, deixando um beijo em sua bochecha.— Tudo bem com você?

— Simmm!

Sorrio com isso. Sua voz é tão fofa. Ela é fofa e amorosa, como amo meu brotinho!

— Ayla, já falei para não andar dessa maneira rápida!— Camila brigou, chamando minha atenção.

Olho para minha ex-mulher e minha visão não se agrada. Ela estava acompanhada de Eduardo, o mesmo que se dizia meu amigo e me traiu. Seus olhos castanhos vieram minha direção, sem expressões.

Ainda fico imaginando o porquê uma pessoa que se dizia tão amigo, dava forças e me incentivava quando tínhamos uma briga, quis fazer isso, trocar nossa amizade de anos por uma... buceta. Mas é como dizem, o inimigo é aquele que menos imaginamos.

— Não brigue com ela.— digo rígido, nada feliz em ver aqueles dois.— É muita cara de pau aparecer aqui, Eduardo.

— Aí Rafael, sem show.— Camila intervém.

— Não tô falando com você.— minha voz sai fria. Respiro fundo e abro um sorriso para Ayla.— Filha, que tal já ir pegando seus brinquedos lá no quarto? Só vou falar com a mamãe.

— Tá, papai!— Sorriu animada.

Deixo ela no chão, que sai cambaleando para dentro de casa, o que seria engraçado se aqueles dois não estivessem alí. Volto a olhar para Camila e Eduardo.

— Por que está aqui?— torno a questionar.

— Rafael... Supera, irmão.— falou, abrindo um pequeno sorriso.

— Não me chame de irmão! Você não tem vergonha mesmo nessa cara, seu imprestável.— Balanço a cabeça.— Olha só Camila, eu vou avisar uma vez. Da próxima vez que aparecer com esse vagabundo na minha porta...

— Vagabundo não! Me respeita corno.— tentou avançar.

Deixo um riso debochado escapar do fundo de minha garganta.

— Vagabundo sim! E vai ser corno também! Ou está achando que ela não vai te trair?— Outro riso.— Sinto muito, amigão. Quem trai uma vez, traí sempre. Camila logo arruma um melhor que você.

— Cala essa boca seu...

— Chega! Edu, vamos embora. Só viemos deixar a pestinha. Amanhã de tarde pego ela.

— Não. Não quero que venha a minha casa. Eu levo Ayla. E pare de chama-la assim, estou cansado de ver como você é, Camila. Mais um pouco e entrarei na justiça pela guarda de minha filha, fique esperta.

Camila se aproxima de mim, abrindo um sorriso diabólico.

— Eu não tenho medo, Rafael. Você nunca conseguirá a guarda de Ayla. E também, sempre estará vinculado a mim, não há para onde fugir.

E sem me deixar responder, Camila segura na mão de Eduardo e se vai, me deixando ali na porta.

Porém, não vou deixar que esses dois estraguem meu final de semana. Eles não serão capazes disso.

[...]

A tarde já estava quase aí, o que significava ser a hora de buscar Isis.

Tive uma breve conversa com minha filha, que, apesar da pouca idade, tem muita inteligência e parece entender que verá uma amiga do papai.

Preparei o bolo enquanto Ayla brincava pela casa, ela fez uma bagunça imensa, chamou minha atenção com suas artimanhas várias vezes, mas é um momento no qual não troco por nada.

Depois, fomos para o banho. Primeiro, tomei o meu enquanto ela ficou distraída assistindo um desenho. Logo após, dei banho em minha pequena e arrumei seus cabelos de modo desajeitado, ainda não sei fazer isso muito bem.

Mandei uma mensagem para Isis, avisando que já estava indo buscá-la. Coloquei Ayla na cadeirinha e liguei uma música baixinha, deixando tocar Marília Mendonça no rádio.

Em minutos, cheguei em frente a casa de Isis. Ela estava sozinha a minha espera, muito bonita por sinal, vestida com um vestido amarelo, de manga curta levemente bufante, que vai até suas canelas e há uma grande fenda do meio de sua coxa; em seus pés havia um tênis branco, seus cabelos estavam com a metade presos e seu rosto livre de maquiagem.

Essa mulher é perfeita de todas as maneiras!

Assim que me vê, ela sorri e entra no carro. Seus olhos logo caem em Ayla e os vejo brilhar.

— Sua filha é linda!— murmurou. Ayla a olhou com curiosidade.— Oi, Ayla.

— Oi.— respondeu tímida, sorrindo.— Amiga do papai?

Isis abriu um sorriso encantador ao ouvir suas poucas palavras.

— Sim. Você é muito bonita.

— Obigada. Você também.

A morena me olhou e apenas sorri feliz.

— Ela parece tímida.— comentou enquanto voltei a dirigir.

Ayla ficou entretida com sua boneca da Barbie.

— Só no começo.— Solto um riso divertido.— Quando ela se acostumar, vai te chamar para brincar e assistir as princesa o tempo todo.

— E eu vou adorar. Realmente amo crianças.

— Isso me deixa feliz. Pessoas que gostam da minha filha são preciosas para mim.

— Sabe, eu sonho em ser mãe algum dia, e gosto de tratar as crianças tão bem quanto gostaria que tratassem o meu um dia.

— É um bom pensamento, todos podiam pensar assim como você, talvez o mundo tivesse menos violência.

— Difícil. A cabeça do ser humano é difícil de entender!— Riu.— Enfim, o que me espera nesta tarde?

— Espero que não se canse, pois lhe espera muito bolo, brincar de casinha e com certeza assistir Cinderella!— aviso em tom de brincadeira.

Isis apenas riu e assentiu, dizendo que iria se divertir. Ela logo se vira para trás e começa a chamar atenção de Ayla novamente.

Isso deixava meu coração aquecido.

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