Bruna

Max fala animadamente mais sobre seus amigos. Quando estamos no fim da refeição, eu já sei que a lista de amigos dele e seu círculo social é bem menor do que eu pensava.

— Você já terminou?

Max pergunta apontando para o meu prato vazio.

— Claro.

Quando estou prestes a levantar da mesa para recolher os pratos, Max é mais ligeiro. Ele recolhe nossos pratos sujos e vai em direção da cozinha.

— Fique a vontade Bruna. — ele fala por cima do ombro enquanto caminha.

Eu levanto um pouco do meu assento para estirar as pernas. Observo os detalhes do apartamento dele, passando o olho devagar em cada canto, enquanto espero que ele volte da cozinha. Em um canto do cômodo eu vejo um toca disco antigo. Acho engraçado que Max ainda tenha um nos dias atuais. Eu ando até o objeto. Delicadamente passo as pontas dos meus dedos sobre a estrutura admirando o quão trabalhada e bonita é

— É lindo não é?

Tomo um pequeno susto com Max atrás de mim.

— Sim. É bem bonita.

Max sorrir e balança a cabeça em um gesto que concorda comigo.

— Você é fã de antiguidades? — pergunto me virando para ele novamente.

— Sim. Acho linda algumas peças antigas.

— Imagino que toca disco seja uma delas.

— É sim.

Max rir levemente, como se o fato de eu saber disso o tivesse agradado.

Acho fascinante que eu acabei de descobrir algo novo sobre ele. Inesperadamente, eu me pego querendo saber mais coisas novas sobre esse homem.

— Bem, você tem um toca disco muito lindo. — elogio. — Mas, você tem os discos?

Nesse momento ele joga a cabeça para trás e rir com vontade.

— Sim, eu tenho os discos.

— Estou curiosa. Que tipo de música você gosta?

— Ham... — Max coloca uma mão na cintura e a outra no queixo enquanto pensa. — Deixe-me ver. Gosto muito de músicas estilo anos 70.

Sem perceber, a resposta de Max me faz soltar um pequeno sorriso.

— Por que está sorrindo?

— Por nada. É que, é uma resposta bem inesperada.

— Você acha?

— Sim. Você não aparece o tipo de cara que curte esse estilo de música. — falo sem conseguir conter uma onda de risadinhas.

— Ok, senhorita espertinha. Então me fale. Do que achava que eu gostava? — Max cruza os braços e assume uma postura de desafio.

— Talvez, "I Put a Spell on You"? — pergunto levantando uma sombrancelha em dúvida.

Max finge ficar surpreso e ofendido. E eu queria mais que tudo está com meu celular para tirar uma foto da cara dele.

— A mesmo música do filme "50 Tons de Cinza"?

Dou um leve levantar de ombros enquanto ofereço um sorriso mínimo.

— Ok. Você acha que eu tenho essa vibe? Sério?

— Bem... Hã... você não parece do tipo doce.

Max não diz nada por um tempo. E eu fico preocupada se eu o ofendi de alguma forma. Mais depois de um tempo, ele começa a rir muito. Ele se curva segurando a barriga enquanto tenta parar de rir.

— Ok, ok. Eu aceito meu destino cruel. — ele enxuga as lágrimas dos olhos enquanto diz isso.

— Ok. Mais então, que música você gosta?

Agora sou eu que o estou desafiando. E não demora nem um segundo para ele responder.

— "How deep is your love". É uma música boa demais.

A curiosidade toma conta de mim mais vez. Agora quero muito saber por que ele gosta dessa música.

— Existe algum motivo especial para você gostar dessa música?

Pergunto devagar e um pouco mais baixo do que queria. Eu ainda não sei até onde posso ir com Max. Ainda estou testando o meu limite com ele. Tenho medo de perguntar alguma coisa que ele não queria compartilhar comigo ou que eu me intrometa demais na privacidade dele e isso faça ele ficar estranho comigo. Algo que eu definitivamente não quero.

Ótima coisa Bruna. Você está tentando seduzir ele e está preocupado com a privacidade dele. Genial.

Meu cérebro faz o favor de mim lembrar o que eu deveria estar fazendo. E eu quase rolo os olhos para trás em tédio com meu próprio sarcasmo.

— Eu ouvia muito ela quando ficava estudando em casa. Eu também colocava essa música para acalmar o Gabriel quando ele era bebê

— Você colocava essa música para o Gabriel ouvir? sério?

Eu começo a rir disso e Max me acompanha.

— Quando ele era bebê e ficava enjoado, não tinha nada que acalmasse ele. Então eu colocava essa música para ele ouvir enquanto dançava com ele no meu colo.

— Espera. Você dançava com ele?

Max sorrir ternamente enquanto compartilha essas coisas. Posso ver nos olhos dele o amor paternal e o carinho que ele tem por essas lembranças.

— Agora eu sei por que Gabriel gosta tanto de baladas e festas.

Max e eu rimos do meu comentário engraçado.

— Pode ser que a culpa seja minha.

Max levanta as mãos para o ar como se estivesse se rendendo e admitindo toda culpa. O que faz com que eu comece a rir muito dele.

— É totalmente sua culpa. — brinco novamente com ele.

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