Bruna

Depois de me servir, Max começa a comer seu jantar tranquilamente. Eu estaria apreciando a comida, que, por sinal está com um cheiro incrível, se minha mente não estivesse cheia de pensamentos. Eu não sei o que fazer agora. Não sei como chamar a atenção de Max, além do mais, sou péssima em iniciar conversas ou flertes.

Estou mal.

Acho que praguejo isso um pouco mais alto do que deveria. Por que, agora Max parou de comer e está prestando atenção em mim de novo.

— Está tudo bem Bruna?

Tento focar meus pensamentos para não parecer tão estúpida e dar a ele uma resposta coerente.

—Ahhh... Sim, sim. Estou bem. — falo dando um sorriso mínimo.

Max me avalia por alguns minutos. Parece que ele me encara a uma eternidade. Sinto o nervosismo querer tomar conta e distraidamente raspo meu lábio inferior com os dentes, dando uma leve mordida no mesmo. Não sei por que faço isso, mais, é uma mania que tenho desde pequena. Costumo fazê-lo quando estou indecisa, nervosa ou tímida.

Percebo os olhos de Max descer e parar na minha boca. Por uns minutos ninguém diz nada, ele apenas fica lá encarando minha boca, e eu apenas permito. Em um gesto repentino, a língua de Max sai para fora a apenas algumas frações, e ele umedece o próprio lábio. Se foi ele que teve que engulir em seco a algumas horas atrás, bem, agora é a minha vez.

Senhor, esse jantar tá ficando quente demais

Como se lesse meus pensamentos, Max desvia o olhar para longe da minha boca. Ele sussurra uma série de palavras que não consigo entender. Ele passa a mão pelo cabelo e puxa uma lufada de ar apenas para solta-lá no minuto seguinte.

— Então, como foi o seu dia hoje no trabalho?

Ótimo! Um terreno seguro.

Passo a contar a Max sobre o meu dia, o que não demora muito.

— Seu chefe é tão rígido assim?

Ele levanta uma sombrancelha enquanto me questiona isso.

— Ele é o pior. — falo dando uma leve risada de descontração. — Mais ele é ainda pior quando algo acontece. Ele passa o dia empurrado e desconta nos funcionários.

O rosto de Max assume uma expressão de desagrado.

— Ele não deveria fazer isso. Os funcionários não tem culpa dos problemas pessoais dele.

Max fala isso com uma voz firme e com uma pitada de indignação.

— Pois é. — solto um suspiro concordando com ele. — Mas ninguém na empresa ousaria ir contra ele. Seria demissão na certa.

Término minha sentença tomando um gole do vinho que está na minha taça. Olho para Max estranhando seu silêncio. Ele apenas encara o nada por um tempo.

—E... como foi o seu dia?

Tento puxar assunto. Afinal, eu tenho que fazer o plano funcionar.

Vamos Bruna. Ponha em prática todo seu poder de sedução!

— Meu dia? foi meio que cheio de coisas que eu não queria ouvir.

— Isso é possível? — pergunto intrigada.

— Como assim? — Max junta suas duas sombrancelhas, franze a testa em uma careta confusa enquanto bebe um pouco de vinho também.

— Quero dizer, você é rico e muito importante. Não deveria estar rodeado de pessoas sempre te dizendo o que você quer ouvir? Me parece meio engraçado alguém ir contra isso.

— É verdade. Estou sempre cercado de pessoas que falam e fazem o que eu quero. — Ele solta um suspiro e se inclina sobre a mesa sussurrando de forma conspiratória. — Mas, essa regra não se aplica a um dos meus melhores amigos.

— Somente um?

— Na verdade, não. Todos os meus melhores amigos me dizem coisas que não quero ouvir.

Max emite um som que faz parecer que ele está irritado com isso, só que, o sorriso no rosto dele mostra o contrário.

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