CAP 11

Fomos para um local afastado, próximo a uma das viaturas.

Delegado: Então a detetive estava com a vítima ontem à noite...

Cecília: Eu tentei ser amigável e conseguir as informações necessárias numa boa…Vir pra cá imaginando que escutaria algumas piadas por ser mulher, mas infelizmente foi além disso senhor delegado. Vocês me privaram de tudo! Qualquer informação do caso.

Delegado: O que isso tem a ver?

Cecília: Tem a ver que ontem eu vim até aqui, porque precisava conversar com a Beatriz e saber do que aconteceu naquele dia.

Delegado: Você não me pediu autorização.

Cecília: Com certeza o senhor faria chacota com a minha cara e deixaria claro que as informações necessárias já haviam sido coletadas. Estou enganada?

Delegado: Não, está enganada detetive…Me parece que entrou em uma enrascada sem motivo algum.

Ele me olhou como se estivesse satisfeito, para infelicidade dele eu sempre tenho uma carta na manga.

Cecília: Senhor delegando, veja que a mídia se interessou muito por este caso…Ao contrário do caso da Lise que pelo que eu sei eles não estão sabendo.

Delegado: A mãe da Beatriz procurou a imprensa, não fomos nós.

Cecília: Ok, mas o senhor deve ter notado que a professora da Lisette ser morta de uma forma tão brutal após a polícia mandar uma agente ir até a sua residência, é meio estranho…

Delegado: Eu não entendi detetive, você não tinha autorização da polícia, veio por conta própria.

Cecília: Tem certeza? Porque o fato do caso da Lise não ter se tornado público pode ter influenciado na morte da Beatriz.

Delegado: Isso é uma ameaça detetive?

Cecília: Ameaça? Não, essa palavra não combina comigo…Eu só estou dizendo o óbvio. Se o desaparecimento da Lise fosse para a mídia desde o início e a polícia trabalhado de forma correta, talvez a senhorita Beatriz não estiver morta agora.

Ele fica calado.

Cecília: Mas é claro, faz tudo parte de uma estratégia da polícia…Eles vão entender.

Viro de costas pra ele e no segundo passo ele me chama.

Delegado: Cecília.

Viro novamente.

Delegado: Você veio conversar com a Beatriz a mando da polícia.

Apenas assenti e fui embora.

Bruno: E aí?

Cecília: No carro eu explico.

Voltamos para o carro e eu dirigo.

Bruno: Não vai me falar?

Cecília: Tive que fazer uma coisa não muito boa pra limpar a minha barra…Eu não fiz nada Bruno, mas ficariam no meu pé por ter sido a última pessoa a falar com a Beatriz antes do assassinato.

Bruno: O que fez?

Cecília: Convenci o delegado a dizer que fui a mando dele.

Bruno: E ele aceitou numa boa?

Cecília: Ela sabe que não estava fazendo o trabalho direito, eu poderia acabar com ele.

Bruno: Você acha que o assassinato da Beatriz tem a ver com o desaparecimento da Lise?

Cecília: Alguma ligação. Temos que tomar o máximo de cuidado agora…Vou mesmo precisar de ajuda, não quero que você ou a Camille corram perigo.

Bruno: Você vai pedir ao Jerry para enviar outra pessoa?

Cecília: Sim…Ele ficará responsável pela segurança de vocês.

Bruno: Não Cecília, quero ficar do seu lado ate descobrirmos onde a minha filha está e trazer ela de volta.

Cecília: Bruno, é arriscado…

Bruno: Eu não me importo Cecília, se tivesse filhos entenderia.

Cecília: Ok…Você será o meu braço direito.

Ele segurou a minha mão e eu acabo perdendo um pouco do controle do carro.

Bruno: Ei, o que foi?

Cecília: Nada…Não foi nada.

Continuo dirigindo e em pouco tempo chegamos na casa dele.

Espero ele sair do carro.

Bruno: Você não vem? Precisamos comer algo, descansar.

Cecília: Apenas uma hora.

Saio do carro e entramos.

Camille: Cecília, pai! Você já sabem o que aconteceu?

Bruno: Sim filha, sabemos.

Cecília: Sim Cami, já sabemos do que aconteceu com a Beatriz.

Sentamos no sofá e a Camile fica andando de um lado para o outro.

Bruno: Filha?

Camille: Cecília, você acha que tem relação com o desaparecimento da minha irmã? Porque eu só consigo pensar nisso…

Cecília: É o que pensamos Cami, se a gente descobrir quem matou a Beatriz, provavelmente vamos chegar em algum lugar.

Bruno: Camille, você não precisa ter medo filha, enquanto estiver em casa ficará segura.

Camille: Eu sei pai…Estou preocupada com a Lise.

Ela senta entre nós e o Bruno passa a mão no cabelo dela tentando acalmar.

Bruno: Vamos encontrar a Lise. Viva!

Ela balança a cabeça e eu pego o controle quando vejo o delegado na televisão.

Cecília: Vamos escutar.

Ele dizia para a repórter que a morte da Beatriz pode ter envolvimento com o caso de uma menina, supostamente sequestrada, e que o caso da Lise estava sendo mantido em segredo por algumas questões confidenciais, mas que com a morte da Beatriz será impossível falar de apenas um dos casos e eles serão tratados como um só de agora em diante. Com o questionamento da repórter que perguntou porque esses casos poderiam ter algum envolvimento, ele contou que a professora estava no dia e local que a Lise desapareceu, que a detetive responsável pelo caso estava investigando a possibilidade da Beatriz ter visto algo, e que muito provavelmente uma visita da polícia feita na noite do crime possa ter dado motivos para o assassinato fazer o que fez.

Ele finaliza a entrevista dizendo que não falará mais nada até ter certeza que não irá prejudicar nas investigações do caso.

Bruno desliga a TV.

Bruno: Questões confidenciais?

Cecília: Eu sei, eu sei…Mas foi a única forma de limpar a minha barra por enquanto e continuar nas investigações. Não se preocupe Bruno, eu sei o que faço.

Meu celular toca.

Cecília: É o Jerry…Eu já volto.

Vou até um local mais afastado.

📲 Jerry: Andou ameaçando o delegado?

📲 Cecília: Foi pra limpar a minha barra, agora eles sabem que não podem brincar comigo e vão comer na minha mão.

📲 Jerry: Estou pensando seriamente em substituir de espiã, você não tem controle de suas ações Cecília, vai acabar se prejudicando.

📲 Cecília: Jerry, você fala isso há anos e eu nunca voltei sem resolver um caso.

📲 Jerry: Você quer mesmo que eu te lembre?

📲 Cecília: Aquilo foi um erro que não será mais cometido…E eu já disse, ainda pego ele.

📲 Jerry: Vamos mudar o assunto. Você precisa de algo?

📲 Cecília: Preciso do meu irmão aqui.

📲 Jerry: Nunca! Se você não tem autocontrole, ele é dez vezes pior.

📲 Cecília: Ele não vai fazer nada além de cuidar da filha mais velha do cliente. É um pedido dele.

📲 Jerry: Eu sei que vou me arrepender disso…

📲 Cecília: Obrigada Jerry, até logo.

Desligo o telefone e disco outro número.

📲 Cecília: Alô?

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