CAP 07

Cecília: Então, seu delegado?

Bruno assim como eu esperava uma resposta dele.

- Não temos nenhuma pista ou afirmação, o desaparecimento da Lise foi do nada, nem mesmo os depoimentos do pessoal da escola nos ajudou, pensamos que a menina viu algo que lhe chamou atenção e saiu atrás, há muitos lagos por ali.

Cecília: Quem escutou esses depoimentos? Não acredito que não conseguiram nada, escutaram todos? E as buscas?

- Várias buscas desde o dia do desaparecimento da menina, nenhum sinal dela até então.

Cecília: E o que pretendem daqui pra frente? É impossível não terem descoberto nada, mas acho que vocês não estão prontos para essa conversa.

Coloco um documento na mesa.

- O que é isso?

Cecília: A área provavelmente está cercada até o fim das investigações, quero que assine a permissão para que eu entre no local.

- Sozinha?

Cecília: Vou precisar de dois policiais também, de preferência de sua confiança .

- Como?

Ele riu.

- Se não confia na competência dos meus homens eu sugiro que vá sozinha.

Cecília: Ok, agora assine.

Ele já estava com a cara vermelha de estresse, mas assinou.

Cecília: Bom, é isso…

Deixo meu cartão na mesa.

Cecília: Aqui está o meu número caso queira compartilhar algo, retornarei com atualizações sobre o caso assim que possível.

Levanto e em seguida o Bruno. Nos despedimos do delegado que não parava de me olhar com insatisfação e saímos.

No carro…

Bruno: Cecília, eu sinto muito.

Cecília: Não, você não tem culpa.

Bruno: Não é isso…é que eu sou tão preconceituoso quanto eles, não fiquei feliz quando o Sr.Jerry disse que era uma mulher.

Cecília: Isso não me surpreende Bruno, eu já escutei várias coisas e passei por inúmeras situações só por ser mulher no meio de homens, frequentemente sendo colocada como isca…Mas eu superei isso, hoje em dia já não me afeta mais.

Bruno: Você é uma mulher excepcional, não sabe o quanto estou feliz por ser você.

Sorrio pra ele.

Cecília: Muito obrigada por confiar em mim, vou fazer tudo que tiver a meu alcance.

Bruno: Eu sei disso.

Continuo dirigindo.

Cecília: Bruno, já é noite e eu estou sem colete, então as buscas vão começar amanhã, mas não pense que ficarei parada enquanto isso.

Bruno: O que pensa em fazer?

Cecília: Você tem o número da professora que estava com os alunos no dia?

Bruno: Tenho, vai interrogá-la?

Cecília: Claro que sim, tenho interrogar todos envolvidos.

Bruno: Você não está cansada da viagem?

Cecília: Não se preocupe, eu já estou acostumada.

Dirigo de volta a casa dele e ele sai do carro.

Bruno: Qualquer coisa me avisa. Tem certeza que não vai voltar pra cá?

Cecília: Tenho, por enquanto eu fico no hotel! Mas, obrigada por me oferecer um espaço na sua casa.

Bruno: Se cuida Cecília, nos vemos amanhã.

Cecília: Até amanhã Bruno.

Saio com o carro e já ligo para o número que o Bruno me enviou.

📲 Alô?

📲 Cecília: Olá, falo com Beatriz Thomáz?

📲 Ela mesma, como posso ajudar?

📲 Beatriz, eu me chamo Cecília e sou uma das responsáveis pela investigação do caso da Lisette Durand.

📲 Ah claro, alguma notícia da Lisette?

📲 Cecília: Infelizmente não, eu gostaria de me e contatar com a se senhorita para uma segunda conversa, pode ser?

📲 Há algo de errado? Eu já conversei com a polícia e disse tudo que sei.

📲 Cecília: Conversar nunca é demais, a senhorita teria como me encontrar ainda hoje? Posso ir até onde a senhora está para não incomodar tanto.

📲 Vou mandar a localização, você vem de viatura? Não quero chamar a atenção dos vizinhos.

📲 Cecília: Não se preocupe, serei discreta.

Encerramos a ligação e ela envia o endereço, vou para o hotel rapidamente, tomo um banho e sigo para a casa da Beatriz.

Bato na porta apenas uma vez e não demora muito para ela abrir.

Cecília: Beatriz.

Beatriz: Agente Cecília, pode entrar.

Cecília: Licença.

Beatriz: Fique a vontade, vamos nos sentar.

Vamos para o sofá, ela senta no outro de frete para mim.

Cecília: Deixe eu me apresentar melhor, eu sou Cecília, uma das agentes que estão na busca pela Lisette…Beatriz, eu não quero tomar muito do seu tempo então você poderia começar se apresentando melhor, por favor?

Beatriz: Claro. Me chamo Beatriz Thomáz, tenho 35 anos e professora desde os 27, eu sempre trabalhei com crianças, até mesmo antes de me formar.

Cecília: Desculpe te interromper, mas com o que exatamente você trabalhava?

Beatriz: Em uma creche, eu era auxiliar de babá.

Cecília: Certo.

Beatriz: Eu trabalho no colégio Champollion desde que me formei.

Olho um pouco ao redor da casa.

Cecília: Você mora sozinha?

Beatriz: Sim, eu moro sozinha.

Cecília: Tem filhos?

Beatriz: Não, eu não tenho filhos.

Levanto.

Cecília: Posso?

Beatriz: Fique a vontade.

Passeio pela casa.

Cecília: Essa casa é meio grande para uma pessoa apenas, você não acha?

Beatriz: Era dos meus pais, eles morreram e eu fiquei com ela.

Continuo andando e decido subir.

Beatriz: Deixa eu ir na frente, assim te mostro todos os cômodos de uma vez.

Ela sobe e junto comigo. Entramos em um quarto, em seguida no banheiro e mais um quarto.

Cecília: Este é bem grande, porque não fica?

Beatriz: Eu prefiro o outro.

Cecília: Claro…

Vou até um móvel que há no quarto e pego um porta retrato com uma foto antiga.

Cecília: Seus pais?

Beatriz: Sim.

Cecília: Do que eles morreram?

Beatriz: O meu pai infartou, a minha mãe morreu afogada.

Cecília: Que triste Beatriz, eu sinto muito.

Digo isso deixando a foto no mesmo lugar. Voltamos para a sala.

Cecília: A sua casa é muito bonita, espero que não tenha se incomodado.

Beatriz: Claro que não...

Sentamos novamente.

Cecília: Beatriz, eu preciso que você me conte um pouco como era a sua relação com a Lisette, como ela era na sala de aula.

Beatriz: Ela é uma garota inteligente e carismática, tem amizade com quase todos, mas prefere o seu próprio cantinho de vez em quando, a Lise é bem curiosa também.

Cecília: O que faz da Lise uma criança curiosa?

Beatriz: Ela faz muitas perguntas, principalmente quando diz respeito a animais…Certa vez ela chegou com um bicho-pau na sala de aula, quando eu percebi expliquei que ela não podia tirar os bichos da natureza e ela entendeu, mas já havia mostrado a da sala.

Ela sorriu.

Beatriz: Assim como adoro os outros alunos, também adoro a Lise, estou torcendo para a vocês encontrarem ela logo.

Cecília: A gente também quer muito encontrar a Lise, por isso preciso que me diga tudo que lembra daquele dia.

Beatriz: Claro…

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