CAP 03

Assim que chego em casa tomo um banho, arrumo a minha mala e deito para dormir.

O despertador toca antes do sol nascer, me troquei e fiquei esperando o carro da agência chegar. Em pouco tempo eu já estava embarcando para a França.

...França…...

Bruno: Sr.Tovar, é o Bruno, pai da Lisette Durand.

Jerry: Claro, o Sr.Durand! Alguma atualização do caso?

Bruno: A polícia não disse nada hoje, amanhã irei na delegacia bem cedo.

Jerry: Ótimo.

Bruno: E o espião, já está a caminho? Deu tudo certo?

Jerry: Sim, tudo como combinado! A agente C irá trabalhar em conjunto com a polícia para encontrar a sua filha.

Bruno: O senhor disse “ a agente”, ou foi impressão minha?

Jerry: Não, você escutou bem…Algum problema Sr.Durand?

Bruno: Você vai me entender, não sabemos com que tipo de pessoa estamos lidando, como uma mulher? Estou pagando o triplo pelos seus serviços, não quero ficar desapontado.

Jerry: E não vai, isso eu garanto. Você pediu para enviar o melhor profissional da empresa e eu enviei, terá que pedir desculpas a ela.

Bruno: Não, não diga nada…Foi um comentário infeliz, eu não deveria ter falo.

Jerry: Você não deveria pensar dessa forma, há muitas mulheres na área criminal hoje em dia Sr.Durant…Mulheres brilhantes, impecáveis.

Bruno: Estou ansioso para conhecer a agente C, ela será bem vinda e ficará hospedada em minha casa.

Jerry: Muito obrigado pela recepção, garanto que não vai se arrepender de contratar nossos serviços, logo a Lisette estará em casa.

Bruno: Que Deus lhe ouça…Muito obrigado Sr.Tovar, amanhã nos falamos.

Jerry: Até logo.

Desligo o telefone e jogo a cabeça para trás. Faz seis dias que não sei o que é dormir, sobrevivo à base de remédios, ainda não consigo acreditar que a minha pequena Lise desapareceu.

Levanto da cadeira e vou até a janela, olho para a área da piscina e vejo que a Camille está lá, mexendo no celular como sempre, não está sendo fácil pra ela também.

Fecho a cortina e saio do escritório, desço até a área da piscina para chamar ela.

Bruno: Filha, já está tarde.

Ela estava sentada na borda da piscina com a cabeça baixa.

Coloco a minha mão na frente dela e ela segura.

Bruno: Vamos meu amor.

Ela levanta e caminhamos abraçados até dentro.

Camille: Pai, porque tá demorando tanto?

Bruno: Eu também não sei filha.

Camille: As vezes acho que a polícia não dá a mínima, eles não descobrem nada.

Bruno: Não se preocupe querida, eu contratei uma agência e eles estão enviando a melhor agente deles para trabalhar lado a lado com a polícia, a Lise vai voltar pra nós, eu tenho certeza.

Abraço ela.

Camille: Não posso perder a Lise pai, a mamãe já se foi…

Bruno: Ei, olha pra mim Camille! O que aconteceu com a sua mãe foi uma fatalidade, com a Lise não, alguém pegou ela e vai nos devolver.

Ficamos abraçados por um tempo e depois levo ela até o quarto pra ela descansar.

Bruno: Boa noite princesa.

Deixo ela e vou para o meu quarto.

Bruno: Lise, onde você está…

...Flashback on…...

Chego mais uma vez tarde do trabalho, essa Semana completa dois anos da morte da minha esposa e eu estou bem reflexivo. Desde que ela se foi a minha vida está sem rumo certo, dedico 90% do meu tempo ao trabalho, manter essa casa, as minhas filhas e bancar tudo que elas precisam é o que importa para mim. Os outros 10% eu tento ser um pai melhor para elas, mas quanto mais tento me aproximar me sinto um verdadeiro estranho perto delas…Não sinto isso da parte delas, talvez o problema esteja comigo, pois depois que a minha esposa morreu eu nunca mais consegui ser o mesmo.

A Lisette é uma garota aventureira, se parece muito com a mãe, a Camille por outro lado é se parece muito com a personalidade da tia dela, mais extravagante, vaidosa…A diferença de idade também diz muito, a Camille tem 18, a Lisette acabou de completar 8 anos de idade.

As duas não são tão próximas, a Lisette até tenta, mas a Camille está numa fase totalmente diferente da dela, por um lado eu entendo, mesmo assim insisto para que ela deixe as redes sociais um pouco de lado e seja mais presente na vida da Lise. Logo agora que elas perderam a mãe, a Lise precisa de uma mulher para auxiliar ela, cuidar, orientar.

Estou cochilando na cadeira e vejo a visão da Camille em minha frente, ela me diz alguma coisa e só pra ela parar de falar, balanço a cabeça e ela vai embora.

Estava com sono e com dor de cabeça, só queria descansar um pouco.

Na manhã seguinte eu levanto, vou para o quarto e quando desço as duas estão tomando café da manhã.

Camille: Pai, não vai tomar café da manhã?

Lise: É pai, vem!

Bruno: Hoje não meninas, tenho reunião logo cedo.

Beijo elas e vou embora. Sigo para empresa com um sentimento ruim, nunca me senti assim antes…Ignoro e chego no trabalho para mais um dia. Vou para a reunião e saio um pouco melhor com o resultado que foi um sucesso, meu chefe me chama para comemorar e eu vou com ele e uns amigos.

Desligo o celular e decido aproveitar um pouco com meus colegas, em dois anos essa foi a primeira vez que eu aceitei um convite deles para sair, fizeram questão de pagar as bebidas mais caras pelo milagre.

Era noite quando saímos de lá, um amigo me levou de carro pra casa.

- Aguenta ir?

Bruno: Sim, obrigado.

Ele voltou para o carro e eu caminhei até a porta.

Abri a porta e vejo que tem mais gente que o normal em casa.

Camille: Pai! Onde você estava!?

Bruno: Camille, o que aconteceu…?

Camille: Você tá bebado?

Bruno: Bebado? Não, eu não estou bebado…

Camille: Meu Deus, olha só como você está, claro que está bebado! A Lisette desapareceu pai, ninguém sabe onde ela está!

Bruno: O quê?

Naquele momento eu me dei conta de quem estava em casa, era a polícia.