CAPÍTULO 17

Eu sei que vai doer muito quando souber de toda a verdade, mas é preciso saber, doa a quem doer! Só assim poderá recuperar tudo o que você perdeu, até suas filhas!

— Como assim minhas filhas?

— Na verdade, aquele canalha fez com que você perdesse a guarda das suas filhas para o Edu? E acusa você de ser infiel. E uma que participou de um esquema de corrupção. Você tem que ser muito forte e levantar provas para provar a sua inocência filha!

— Nossa mãe queria tanto saber da verdade, mas não imaginei que fosse um pesadelo.

— Eu sei disso, minha filha, sei que não é fácil, mas também sei que você é forte como sempre foi, e vai recuperar-se, de tudo que perdeu. Desde criança sempre teve uma personalidade forte e decidida que não se entrega por qualquer coisa. E não será desta vez que vai entregar os pontos. E você nunca fugiu de uma briga, sempre foi assim. Ganhou muitas batalhas nos tribunais! Assim como também perdeu, mas sempre deu a volta por cima. E dessa vez acredito que vai vencer novamente, porque além de forte, é uma mulher temente a Deus, e tem muita fé!

— Bom, se a senhora está dizendo! Quem sou eu para duvidar, mas conta-me tudo que eu preciso saber não me esconda nada, doa a quem doer?

— Janete respirou fundo da sua alma buscando forças e coragem, para revelar assuntos desagradáveis e agradáveis ao mesmo tempo.

— Eu lembro-me bem quando você nasceu. Foi o meu maior, e melhor presente; é orgulho de uma mãe como é meu caso. Você nasceu saudável, esperta. E quando começou andar, e falar senti que ia ser uma mulher guerreira, e determinada como sempre foi. Aprendeu rapidamente andar e a falar e se comunicar. Aos quatro anos já estava com papel nas mãos e caneta, você gostava de rabiscar os cadernos. Eu vi que daí ia sair coisa boa. Inteligente aprendia rápido as coisas. Eu fiquei encantada, assim como o seu pai, que Deus a tenha. Bom, depois eu falo do seu pai. Agora vamos falar de você da sua infância e adolescência. Na medida em que você foi crescendo, aprendia as coisas com facilidade, na escola sempre tirava boas notas. Lembro-me bem que você falava que queria ser uma atriz de novela! Mas tempos depois você descobriu que a sua vocação era ser uma advogada. O seu sonho era ser uma Juíza, ou quem sabe uma desembargadora.

Tinha bom senso de justiça! E se revoltava frequentemente quando via as notícias nas rádios ou na TV sobre injustiças sociais. Até chorar você chorava por causa disso: eu dizia a você que nada podia fazer para melhorar esse mundo de tantas injustiças. Era contra o machismo masculino que você lutava, e se revoltava ao ver as mulheres e crianças sendo maltratadas pelos pais, ou pelos padrastos que abusavam de seus enteados.

Eu tinha que estar sempre te acalmando, então você mergulhava a sua cabeça nos estudos. E para dizer a verdade nem queria saber de namorar e muito menos sair para festas ou baladas. Achava até estranho uma jovem linda e cheia de vida que poderia sair e se divertir como muitas faziam na sua idade, mas você era diferente, e especial, pensava num futuro melhor para todos.

Queria mudar o mundo, sentia a necessidade de poder ajudar as pessoas, eu diria que era um carma de outras vidas, embora eu não acredite nisso, mas não era normal você na sua idade pensar assim! Parecia que carregava um mundo nas costas querendo resolver todos os problemas sociais.

Sei que é difícil hoje em dia, mas você venceu muitas batalhas nessa vida, desde a sua infância sempre lutou contra a desigualdade! Você tem um dom especial, minha filha! Para meu orgulho, se formou e se tornou uma das melhores advogadas. Estava a caminho de se formar uma Juíza, mas aí? Bom depois te falo o que aconteceu!

— Sim mamãe, continue?

— Você sempre foi uma jovem determinada, que quando queria algo ninguém fazia mudar de ideia, levantava a cabeça e seguia em frente, desde criança sempre foi assim. O tempo foi passando e você cada vez mais adiantada em seus estudos, anos após anos passando todas as matérias e quando viu já era uma advogada.

Conheceu Edu que se apaixonou por ele, e foram muito felizes e tiveram duas lindas filhas. Edu era um homem bonito, alto e inteligente. Que te amava muito e fazia todas as suas vontades (riso). E vocês dois formavam um belo casal, e faziam sucesso por onde iam, nas festas sociais.

Ele também estudava e se formou um advogado, e vocês dois juntos defendiam os mesmos ideais, tinham os mesmos, senso de justiça, tinham planos de montar uma firma de advocacia no centro da cidade, mas aí muitas coisas foram acontecendo misteriosamente!

— O que foi que aconteceu, mamãe?

— É complicado falar. Mas você como advogada colocou um poderoso chefão do crime organizado na cadeia. Você não sabia que ele fazia parte de um esquema de corrupção dentro do governo, como lavagem de dinheiro público. Entre outros crimes, quando descobriu quis cair fora, mas aí era tarde demais, estava envolvida até o pescoço, e nisso entrou Alexandre na sua vida!

— Como assim? Alexandre, o que ele tem a ver com a nossa vida?

— Ele era amigo de Edu, na verdade, era um falso amigo que tinha inveja do sucesso do seu marido. Edu era um cara bacana, gente boa de bom coração que acreditava na boa-fé das pessoas, e nunca percebeu as más intenções do falso amigo que estava de olho em tudo. Era na carreira e no sucesso e na mulher dele, no caso você. Fazia as coisas pelas costas.

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