CAPÍTULO 11

Na casa de Alexandre estava uma confusão só. Todos os empregados desesperados com o sumiço de Alice. Porque fazia tempo que ela não aparecia, não sabiam por onde ela saiu. Precisavam encontrar antes que Alexandre chegasse em casa e desse falta dela. Sabiam da punição severa! Se existia uma coisa que Alexandre não tolerava era falhas na segurança e mandava embora sem dó e sem piedade.

Um olhava para cara do outro, e só um pensamento ocorria na mente deles, “Estamos fritos e despedidos” e seja lá o que for, nossas cabeças vão rolar. Todos da casa conheciam a mão de ferro de Alexandre. Um homem severo e de cara amarrada, não aceitava desculpas das falhas de quem quer que fosse. A fuga de Alice foi trágica para todos. Ele ainda não havia chegado de viagem, estava em São Paulo a negócios e não tinha data certa para voltar, e essa viagem misteriosa nem Alice sabia, aliás, se existia uma coisa que Alice nunca soubera era as misteriosas viagens do seu marido que embora o tratasse bem ela com carinho, sempre que podia trazia presentes caros e valiosos, como se sentisse culpado por algo que ele fazia, e disso Alice tinha certeza que algum podre escondia.

Aquela pose de bom moço não convencia Alice de jeito algum, e da forma como os empregados agiam o medo que ela via nos rostos deles, cada ordem que recebia do marido dela. Até um arrepio na pele sentia, e disso ela tinha dúvidas, porque aquele tratamento carinhoso com ela e rude com os empregados? Deixava Alice com a pulga atrás da orelha. "O que será que ele escondia por trás disso?"

Por essas e outras que ela saiu de casa. Embora Alexandre nunca tenha mostrado alguma contrariedade, parecendo calmo demais! Era que assustava Alice aquela frieza. Não era normal aquela pedra de gelo. Devia esconder um vulcão prestes a explodir. Era apenas uma questão de tempo que a verdade viria à tona. Mas o que?

E que verdade será essa pensava Alice toda vez que ficava trancada em seu quarto com seus pensamentos. Quando Alexandre chegou de viagem descendo de um carro particular que trazia ele do aeroporto com cara de poucos amigos e olhando no rosto de cada um dos funcionários fazendo arrepiar a pele de todos eles.

Ele constatou que algo estava errado e com certeza a coisa não ia ficar boa para o lado deles. E cabeças ia rolar, e ninguém tinha coragem de relatar o fato ocorrido.

Todos estavam reunidos esperando a sentença, se tivesse que ir embora iam todos e nenhum ia deixar para ninguém assumir a responsabilidade. E olhou para cada um deles e chamou para seu escritório querendo saber o que aconteceu. E quando relataram o ocorrido, ele deu um grito bem alto chamando a palavra, incompetentes.

— Como vocês foram deixar isso acontecer?

— Ninguém sabia explicar, não tinham palavras e todos olhavam um para cara do outro sem saber que argumento usar na fuga de Alice. Alexandre esbravejava dando soco no ar dizendo isso não podia ter acontecido e acreditem vocês vão pagar caro por essa falha, são bem pagos para não falhar.

E mandou todos saírem da sua sala e ficou sozinho no seu escritório dando alguns telefonemas misteriosos como era de costume. Queria homens de sua confiança imediatamente em sua casa para uma reunião urgente, medidas era preciso ser tomadas, Alice solta era uma ameaça para suas pretensões.

Alguém havia escutado bem a palavra “ela solta é uma ameaça para meus planos”. Mas que planos seriam esses? Será que Alice tinha razão de desconfiar do marido que tinha? O que ele esconde? A governanta da casa e o mordomo sabiam que Alice estava desconfiada dele. E agora até eles estavam desconfiados, será que toda aquela gentileza e cuidados com Alice era apenas um disfarce?

Ele escondia algo terrível e ninguém podia saber de nada? Meia hora depois chegaram dois carros com homens armados e a governanta da casa não sabia quem eram aqueles homens encapuzados e armados, parecia a polícia de elite pronta para uma operação de guerra.

A governanta se chamava Judite e estava preocupada com sua patroa Alice. E só ela sabia dos segredos da família. Temia pela segurança dela, de algo grave que pudesse acontecer! Torcia que Alexandre não a encontrasse mais.

Que tenha fugido para bem longe! Na verdade era um anjo da guarda de dona Alice e rezava todas as noites para Alice recuperar a memória o quanto antes, e saber da verdadeira história. Alexandre esbravejava de raiva socando o ar e falava coisas que a governanta pouco podia ouvir. A única palavra que podia ouvir.

— Isso não podia acontecer! Se ela recuperar a memória, vai colocar por água abaixo meus planos. Dão um jeito de encontrá-lo, nem que seja no fim do mundo, não me venham sem notícias. Vamos o que estão esperando?

— O que será que ele esconde? — Perguntava- se a governanta da casa. Sabia que boa coisa não era. A vida de muitos dependia da recuperação da memória dela. Muitas vidas em jogo e empregos também. Alguma coisa de muito sinistro Alexandre estava aprontando, mas o que?

Ela nunca gostou dele, sempre soube desde o início que não prestava. Ela sentiu algo estranho e diabólico no olhar, sabia que havia feito algo grave com ela durante a viagem que fez em São Paulo. Quando ficaram um mês na capital paulista, se é que tinham viajado, pensava Judite.

Os homens saíram à caça de Alice. E como ordem era ordem não se atreviam a desobedecer, pegaram a estrada federal indo ao norte, para a sorte de Alice que pegou a estrada em direção ao sul. Assim ganharia tempo para desvendar seus mistérios um minuto valia ouro.

Após ter dado ordens para os homens (Alexandre) ficou trancado em seu escritório, pelo que Judite podia ouvir os gritos. E como sempre Alexandre era autoritário que resolvia as conversas no grito. E nunca baixava a voz para ninguém somente para Alice que ele era cauteloso, e frio.

A governanta sabia que era hipocrisia. Alguma coisa ela sabia a respeito de Alexandre, porque fazia questão de tratar bem sua esposa. Judite era inteligente e nunca foi ingênua como Alexandre imaginava. Para Alexandre empregados da casa obedecia a suas ordens e ponto final.

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