Capítulo 18

Seus lábios se afastam das minhas mãos.

—Você não pode me beijar —eu o informo.

—Por que não? Eu...

—Claro que eu quero que você me beije, mas, nós somos apenas um chefe e um empregado. Nada mais!

Me sento na cama e tiro a gravata. Vejo tudo embaçado e, após alguns segundos, minha visão se esclarece.

—Você não disse que queria dar um significado ao que sente por mim?

—Bem, sim. Mas...

—Fiquei muito nervoso?

—Muito!

Ele concorda. Eu suspiro.

—Você sente algo por mim? —Perguntei.

Seus lábios se curvam em um sorriso largo.

—Claro que sim!

Sua camisa está aberta, sua pele parece brilhar com a luz que se infiltra pela janela e os olhos de Christian se focam em mim.

—O que você sente por mim? —Quis saber.

Ele começa a se aproximar de mim, apoia seus punhos na cama e a proximidade faz com que nossa respiração se torne um furacão.

—Juls. Eu sinto carinho por você. Não um carinho de chefe e secretário. Falo de um sentimento de um homem por um homem.

—E você tem certeza disso? —Vejo que ele abaixa o olhar para minha boca.

Ele levanta uma mão até meus lábios, seu polegar começa a acariciar minha pele.

—Tenho certeza deste sentimento! E não me parece estranho, me parece normal. Você faz meu coração bater com um novo sentido!

Novo sentido? Então ele estava se referindo a que desta vez, eu seria o primeiro rapaz por quem Christian se sentia atraído.

—Você está sendo meloso.

—Eu pareço meloso?

—Claro. Isso acontece nas novelas que eu costumo assistir e sempre me emociono.

Notou que suas sobrancelhas se moveram de forma curiosa.

—Te emociona que eu te toque assim?

—Sim. Na verdade sim.

Ele retira seu dedo da minha boca e começa a se aproximar mais. Um beijo? O que mais poderia acontecer?

Meu celular começa a tocar. É Raul.

—Acho que é hora de eu voltar para casa.

Coloco minha mão direita no seu peito e me limito a roubar um beijo em sua bochecha.

...🍬🍬🍬...

—Então você fingiu estar doente para que ele caísse na sua?

—Que nada! Eu não faria algo assim. Estar doente não é nada agradável —digo a ele.

Abro a caixinha de medicamento e retiro dois comprimidos. Coloco-os na minha boca, bebo água e engulo.

—Você desmaiou?

—Não tanto assim.

—Esteve na casa dele todo esse tempo?

—Sim. Ele me convidou para comer e... —pauso, pensando no que aconteceu entre nós.

—E? —Meu amigo estava muito curioso.

—Bem, agora estou aqui.

Ele não acreditou nas minhas palavras. Sua imaginação era muito fértil!

—Você está escondendo algo.

—Não seja fofoqueiro.

—Você me conhece! Não consigo evitar.

—Você deveria procurar um relacionamento. Em vez de tentar ficar a par da minha vida romântica, você também deveria experimentar um romance.

Ele começa a rir. O que ele tinha? Ele levantou a garrafa de cerveja. Meu amigo era um alcoólatra!

—Bem, já tenho alguém em mente —ele diz confiante.

—Sério?

—Sim. Também tenho estado ocupado com meus próprios assuntos e necessidades.

Sorrio.

—Quem é?

—Ela se chama Julieta. É uma cliente frequente. Costuma comprar flores para a mãe dela.

Fico empolgado! E isso ficou evidente.

—Você a convidou para sair?

—Ainda não.

—Depois pode ser tarde, e você sabe muito bem.

—Não me pressione! Agora é você quem está se intrometendo na minha vida romântica.

Rio.

—Para você ver que pressão nem sempre é boa.

—É. É. Como você diz.

Ligo a televisão. Abro a Netflix.

—Está com fome? —Pergunto.

—Vou pedir uns hambúrgueres. Que tal?

—Beleza.

...🍬🍬🍬...

Ao terminar minha rotina matinal, sinto que sou alguém diferente. Por quê? Não sei! É um novo dia e isso me anima a querer tentar coisas novas.

Procuro no meu armário com a intenção de tentar um estilo mais formal. Em toda minha vida, só comprei dois ternos. Um preto e o outro cinza claro. Claro! Também tenho o terno que Christian me deu para o casamento do primo dele.

—O que vão pensar de mim no escritório? —Penso enquanto seguro o terno cinza.

Caminho até o espelho e não consigo evitar sorrir. Vou ficar bem! Mas claro, não vou colocar o paletó. Vou deixar só o colete.

Pego o metrô e me sinto alguém importante. Sinto que todos me olham! Tive que ir em pé, coloco meus fones de ouvido, toca Don’t You (Forget About Me) em um cover de Cuco.

O vento da manhã me bate no rosto, meu cabelo se desarruma um pouco e isso me faz sentir ainda mais incrível. Me sinto ótimo!

Levo vinte minutos para chegar ao prédio. Atravesso a porta principal, deslizo pelo lobby até o elevador e embarco. Tenho um sorriso largo no rosto! Me sinto invencível.

O alarme do remédio começa a tocar. Ao sair do elevador, corro até a cafeteria. Sirvo-me um copo de água e tiro as pílulas da minha pasta.

—Você é realmente Julen? —Pergunta Erick.

—Sim. Sou eu!

—O que você fez com o Julen casual? Você parece muito diferente.

Sorrio.

—E isso é bom?

—Claro. Você está lindo! Se antes já era bonito, agora está ainda mais.

Suas palavras me fazem sorrir muito.

—Você está louco! Mas obrigado.

Ele concorda.

—Como você está se sentindo? Ontem fiquei preocupado. Você leu minhas mensagens?

—Li sim. Obrigado por se preocupar. Foi só cansaço e um leve resfriado. Já estou melhor!

—Que bom! A verdade é que você nos preocupou demais.

—Que legal da sua parte!

Ele me olha fixamente, segura um café com uma mão e com a outra, um pacote de biscoitos.

—Quer um? —Ele oferece. São Oreo.

—Obrigado! Aceito.

Ele concorda.

—Acho que é hora de ir trabalhar —sugere.

São dez e quinze.

—É verdade. Vou checar a agenda de hoje.

E enquanto caminho pelo corredor amplo, todos parecem surpresos. Dario se aproxima de mim com muita surpresa no rosto.

—Você está ótimo! Muito diferente. Por que mudou de estilo?

—Quis tentar algo novo —admito.

Ele concorda.

—O que faremos esta noite?

—Temos algum plano?

—Não. Por isso estou perguntando. É sexta-feira e o corpo sabe —ele move as sobrancelhas com malícia.

—Talvez possamos...

—Já sei! Vou dizer ao Raul para irmos ao Contayner. Vamos nos divertir esta noite!

—Vocês vão ao Contayner? —Kevin se junta à nossa conversa.

—Sim. Quer vir conosco? —Pergunta Dario.

—Claro. Vou avisar os outros.

Kevin parece super animado.

—Bom, vou começar com meu... —mas não consigo terminar a frase.

A expressão no rosto de Christian me mata. Surpreso? Feliz? O que ele pensará de mim? Ele se aproxima de mim.

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