Capítulo 15

Quanto tempo deve passar para poder aceitar alguém romanticamente? Com toda a minha experiência em romance e como fã de séries dramáticas, sei que o tempo varia dependendo da situação e da pessoa.

Por exemplo, agora que estou vendo Cativar um Rei, eles deram o primeiro beijo no capítulo 8 e isso não significou que eles já fossem namorados. Em Um Homem Para Chorar, eles só aceitaram o romance no último capítulo. Então cada pessoa tem seu próprio ritmo e romance de forma diferente!

—Então?

—Então o quê?

—Você gosta do seu chefe? —Raul segura uma garrafa de cerveja.

—Sim. Eu gosto —sou sincero com meu amigo.

—E isso não é estranho?

Bebo um pouco de cerveja.

—Suponho que sim. Mas eu gosto.

Ele ri um pouco.

—Desde quando você gosta de homens?

—Acho que desde que Christian começou a me tratar de forma diferente.

Ele fez uma careta engraçada. Pensativo?

—Ele gosta de você?

—Sim.

—Vocês já são namorados?

—Não. Ainda não.

—E você que é a mulher?

—Ser a mulher? Que tipo de pergunta é essa?

Meu amigo ri como um louco.

—Você sabe. Quando chegar a hora de vocês quererem se pegar, quem vai pegar quem?

—Cala a boca! Isso não importa agora. Não estamos pensando nisso.

—Você não pensa em sexo?

—Não. Bem, com o Christian não.

Raul volta a beber mais cerveja.

—E você não acha que ele pensa em sexo com você? Digo, ele é um homem divorciado. Você diz que ele não costuma ter encontros e quem sabe quando foi a última vez que ele colocou seu…

—Cala a boca! Você está muito bêbado.

—Mentira! Estou bem.

—Seja como for, eu…

—Há quanto tempo você está na empresa dele?

—Já faz um mês.

—Quanto tempo falta para você terminar o estágio?

—Mais dois meses.

Ele assente.

—E o que vai acontecer quando você terminar o estágio?

—O que você quer dizer?

—Sim. Quer dizer, você vai continuar trabalhando para o Christian? Vai continuar sendo secretário dele?

Fiquei pensando em suas perguntas, bebi mais cerveja.

—Eu ainda não sei.

—Você não sabe? Julen, você não vai continuar com seu plano original?

—Bem, é que as coisas podem mudar.

—O que vai acontecer com as coisas dos seus pais? Você prometeu que iria para a cidade resolver o que eles não puderam mudar.

Isso me fez sentir mal.

—Eu sei que prometi, mas… —não consegui terminar a frase.

—Agora, se você namorar seu chefe, você realmente acha que vocês podem ser felizes? A vida real não é como os dramas que você costuma assistir.

—Eu já sei que a realidade e a ficção não se parecem em nada, mas, se você pensar bem, toda essa ficção que existe é tirada da nossa realidade. Então, de certa forma, a ficção também diz verdades.

—Como quiser. Posso dormir aqui?

—Sim. Você já sabe qual é o seu quarto. Vou tomar banho.

—Vou ligar a televisão. Se você for cantar, não cante muito alto.

—Como quiser.

E enquanto a água caía sobre meu corpo, o pensamento começou a brincar com meus desejos. Fechei o chuveiro. Meus mamilos estavam duros e, conscientemente, acariciei meu peito. Por que fazer isso? Desci lentamente pelo meu estômago e ali, quis saber sobre o futuro com Christian. A umidade do meu corpo era intensa e as batidas do meu coração se intensificaram.

O que estava acontecendo comigo? Um segredo veio à tona naquela noite.

...🍬🍬🍬...

Termino de digitar. A agenda desta semana está cheia. São três da tarde, Taylor Swift está cantando Getaway Car no meu ouvido.

Abro o calendário, é a primeira semana de março. Sinto sua mão no meu ombro e a cadeira gira. Seus olhos estão muito perto dos meus. O que ele está fazendo? Ele levanta a mão para tirar meus fones de ouvido, sinto seus dedos roçarem a pele das minhas orelhas e isso me dá cócegas.

—O que você está fazendo? —Ele me pergunta.

—Estava terminando de organizar sua agenda para esta semana.

—Algo importante?

—Tudo.

Ele não pareceu convencido.

—Quer ir comigo?

—Aonde?

—Levante-se daí.

Eu obedeci. Começamos a andar pelo corredor. Erick fez contato visual comigo e eu apenas o cumprimentei com um “paz e amor”.

—Você não acha que está quente no escritório?

—Não. O ar condicionado está sempre ligado —respondo.

—Bem, eu ia te levar para comprar uma bebida. Você não está com vontade?

Eu sorri.

—Está bem.

Então, Jessi se aproxima em nossa direção e ao lado dela, caminha um cara com aparência bem cuidada e olhos familiares.

—Diretor Christian, prazer em vê-lo —diz Jessi.

—Boa tarde. É o novo estagiário?

—Sim. O nome dele é Dario.

Dario troca cumprimentos com o chefe e quando os olhos do novo se fixaram em mim, eu o reconheci.

—Que bom te ver, Julen! —Diz Dario.

Ele se aproxima de mim e me dá um abraço.

—Que surpresa! Pensei que você já tivesse outra proposta de estágio —ele disse.

Ele assente.

—Sim. Mas as coisas mudam e novas oportunidades surgem.

Trocamos sorrisos.

—Que bom! Continuaremos sendo colegas —sou sincero.

—Vocês se conhecem? —Christian pergunta.

—Sim. Nós vamos para a mesma faculdade. Somos colegas de classe —informa Dario.

Christian parece examinar Dario.

—Em que área você está designado? —Christian quer saber.

—Ele está na equipe de marketing. Concorrendo à vaga de administrador de projetos —diz Jessi.

—E você, em que está? —Dario se dirige a mim.

—Estou como secretário.

—Sério?! —Ele está surpreso comigo.

—Sim.

O celular de Christian começa a vibrar.

—É hora de irmos, Juls —diz meu chefe.

—Bom, a gente se vê em breve —digo ao meu colega de classe.

—Com certeza!

Christian começa a andar e eu tento imitá-lo. Chegamos ao elevador, as portas se abrem, estamos entrando e quando estão prestes a se fechar, Dario aparece. Ele estende a mão para mim e seu gesto me surpreende.

—Pega! Lembrei que você adora —há um pulparindo na mão dele.

Não hesitei em pegar.

—Obrigado!

—Até mais! —Ele se despede.

Ele se afasta do elevador, as portas se fecham e eu estou super animado com o que acabou de acontecer. Que inesperado!

—Vocês parecem ser muito próximos —Christian fala.

Eu sento.

—Sim, pode-se dizer que somos próximos.

Olho para baixo e vejo o doce. Quero abrir, tiro a embalagem e aproximo a barra de tamarindo apimentado da minha boca. Mas Christian me impede! Ele pega o doce.

—Eu como isso por você, faz anos que não experimento um desses —e ele leva o doce até a boca. Ele morde.

Eu me sinto estranho!

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