Capítulo 9

Carol Narrando

Hoje fomos para a boate. Eu e a Bi fizemos um combinado que iremos esquecer esses dois homens que estão mexendo com a nossa cabeça. Estávamos dançando e nos divertindo, até chegarem dois caras lindos e nós, obviamente, ficamos com eles. Até eu aceitei ficar de casal hoje... Tudo para esquecer de vez o Rick.

Dançamos, beijamos, nos divertimos e depois fomos para casa, hoje resolvemos ir embora mais cedo para ficarmos de preguiça assistindo filmes, comendo pipoca e brigadeiro. Os caras até queriam ir para outro lugar, mas não aceitamos.

A Bianca está visivelmente triste e aparentemente apaixonada pelo homem que ela ficou apenas uma vez.

Eu não posso dizer que estou apaixonada, não conheço esse sentimento, nunca sentiram isso por mim e eu também nunca o senti por ninguém. O que eu sei, é que eu não consigo deitar a minha cabeça no travesseiro e dormir uma noite tranquila sem pensar nele e nos momentos que tivemos juntos. Foram poucos? Sim, mas foram muito intensos também.

A minha avó, vira e mexe, pergunta quando o “bonitão” virá aqui em casa para um almoço ou jantar. Ela já criou toda uma fanfic na cabeça dela e não há quem a faça esquecer. Esses dias, ela ouviu um barulho de carro passando na rua e cismou que era igual ao do carro do Ricardo e foi logo correndo para ver e constatou o óbvio: Não era ele. Confesso que o meu coração disparou e fiquei momentaneamente animada com a menor possibilidade de ser mesmo ele, porém, logo veio a decepção e eu tratei de tirar esses pensamentos da minha cabeça.

Como amanhã eu e a Bianca estaremos de folga, ficamos até tarde assistindo filmes, comendo e comentando sobre as personagens e as nossas cenas favoritas. O filme que estamos assistindo, para fechar a noite de fossa, se chama “Simplesmente Acontece”. Depois de assistirmos um de terror e um de ação, estamos chorando vendo a Lily grávida de um babaca.

Diálogo 💬

Bianca: Por que ela não assume logo que é apaixonada pelo Sam?

Carol: Simples: é difícil assumir que está apaixonado por alguém, é mais fácil fugir. - falo pensativa.

Bianca: Você está fugindo? - olha para mim.

Carol: Não, por quê?

Bianca: Você está claramente fugindo do sentimento.

Carol: Não estou com sentimento nenhum para fugir dele.

Bianca: Você está e isso está muito claro para mim. Está apaixonada e não quer admitir.

Carol: E se eu estivesse, o que você tem a ver com isso? Cuide um pouco mais da sua vida e me deixe em paz! Não sou eu quem estava chorando por homem mais cedo. — saio e vou para o quarto.

O que eu fiz? Acabei de maltratar a minha melhor e única amiga, ela deve estar muito magoada comigo. Vou atrás dela na sala, mas ela não está lá. Ando em direção à porta da rua, verifico que está trancada como deixei mais cedo e adentro à cozinha, ela estava lá sentada de cabeça baixa tomando um copo de água e visivelmente entristecida.

Carol: Me desculpe, Bi. Falei sem pensar.

Bianca: Eu sei que você foge de sentimentos e faz de tudo para isso, custe o que custar, magoe a quem magoar…

Carol: Bi… - ela me interrompe.

Bianca: A custo de que? Por que você faz isso? Você foge das pessoas, foge do sentimento, foge até do amor da sua própria avó.

Carol: Eu só tenho medo - confesso com o tom de voz baixo e com a cabeça baixa.

Bianca: Você tem medo pelo que aconteceu aos seus pais e eu sei disso. Mas você não pode ficar refém desse sentimento e afastar cada vez mais as pessoas. Não posso dizer que isso nunca mais irá acontecer porque é a lei da vida, mas você precisa voltar a viver. Você deixou o seu lado sentimental morrer junto com os seus pais e isso não é saudável.

Carol: Eu sei, mas eu não consigo.

Bianca: Consegue! E você vai voltar a demonstrar os seus sentimentos pelas pessoas com o Rick. Você ficou tão animada, me contou tudo com brilho nos olhos depois daquele dia e depois se fechou novamente.

Carol: Mas ele também não procurou-me novamente, ele também não quer apego e deixou isso muito claro.

Bianca: A boca dele pode até estar dizendo isso, mas você não sabe o que ele realmente está sentindo. Ele pode ter apenas medo dos sentimentos, assim como você. Saia dessa caverna que você entrou, há uma luz  no final desse túnel. Bota um cropped e reaja!

Carol: E você? Quando colocará um cropped para reagir? Está aí falando de mim e fugindo do Paulo.

Bianca: Eu passei por uma situação que mexeu muito com a minha autoestima e eu estou tentando trabalhar isso, mas ainda não consegui me livrar do sentimento de ser traída. Puxa, ela dizia ser minha amiga, ele era o meu namorado e eu o amava… — ela chora, finalmente

Carol: Eu sei, amiga e ele pagou pelo que fez com você. Nunca mais ele pisará no mesmo chão que você.

Bianca: Eu sei, mas o problema é que eu fico pensando que pode acontecer novamente e com outra pessoa e eu também nem sei se o Paulo sente o mesmo por mim, ele nunca mais me procurou.

Carol: Em todas as vezes que ele foi atrás de você, você simplesmente o rejeitou. Queria que ele fizesse o que? Ele tem quantos anos mesmo?

Bianca: 39.

Carol: Ele não iria simplesmente ficar correndo atrás de uma menina para sempre, já é um homem feito. Você o rejeitou!

Bianca: Então foi melhor assim. Que ele não se aproxime mais e eu também não quero mais vê-lo.

Carol: Ok, não falo mais sobre isso e você não fala mais sobre mim, pode ser assim?

Bianca: Pode ser. Vamos lá terminar o filme e vamos deitar, pois amanhã temos muito o que fazer e já estou animada. — ela vai do oito ao oitenta rápido demais e eu não consigo acompanhar na maioria das vezes.

Carol: Tudo bem, mas não quero mais assistir aquela tristeza, chega de romance, já vimos o bastante. — rimos e fomos andando para a sala.

Bianca: Que tal “Velozes e Furiosos”? Aquele Vin Diesel é um gostoso! — Não falei?

Carol: Por mim tudo bem, um filme cheio de homens lindos. Eu fiquei tão triste quando o Brian morreu. — ela ri de mim

Bianca: Na verdade, quem morreu foi o ator, né?! O Paul Walker.

Carol: Sua chata! Você me entendeu…

Bianca: Sou a chata que você ama.

Carol: Eu hein, Deus me livre de você!

Bianca: Cala a boca e assiste ao filme!

Carol: Ah, é?! Cala essa boca você! — falo rindo e jogando a almofada nela.

Ficamos nessa implicância por um tempo e voltamos a assistir ao filme, mas não demorou nem vinte minutos e estávamos apagadas, eu no colchão no chão e ela no sofá. Acordei no outro dia com o barulho de uma colher caindo no chão e sabia que era a minha avó aprontando na cozinha. Aquela ali não tem jeito, só amarrando no pé da cadeira.

Entro na cozinha, cruzo os braços e arranho a garganta, ela me olha e nem liga para mim. Dá um beijo na minha testa e volta a sassaricar pela cozinha. Deus, dê-me paciência!

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